A 45 graus d'algumacoisa
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Fotos: Sandro Alves Silveira
Um agravante, para coisas datadas e revistas mais de mil vezes e pouco reveladoras com contexto filtrado para abordagens de natureza saudosista – rapidamente, eu defino como “Continuísta Dorian Grey”, o continuísmo a que me refiro é a decadência política dos ditadores e dos coronéis, e claramente Grey é imutável.
Falo baseado das redações e de suas publicações em revistas semanais ou mensais que conhecíamos a direção e aplaudíamos ou repudiávamos. Rolando lê Rolling Stone é uma questão de gosto como tabaco, eu leio Marvel. Isabel lê Chico Buarque e Sandro Alves Silveira lê Machado de Assis.
O negócio ardente que eu gosto em Sandro Alves Silveira é a sua língua empertigada pronta para o bote. Empertigada e viscosamente não totalmente dada, eu posso cutucar Sandro Alves Silveira não importa qual tamanho da vara quarta ou longe. Ele rapidamente grita, em único parágrafo – sem polígrafo. Traduzindo o alerta.
Omitir toda a existência de uma koka-visão é engraçado é diatribe.
Como leitor eu sou cruel como historiador; história sem cronologia não mantém conversa. O texto evidencia a decupagem da gravação da conversa. É a velha questão do sotaque ou da dublagem “eu não reconheço o sotaque do Rogério Duprat – não imagino o maestro falando aquilo que está escrito ora se tergiversa esfericamente, não há dodecafonismo, música concreta made in brazil no Brasil de Koellreutter de Villa-Lobos ou Edgar Varèse quando eu falo de música concreta me refiro ao uso de pauta.
Essa minha vontade de pegar o machado e decapitar os músicos teve origem depois que eu assisti ao Documentário Lóki - Arnaldo Baptista, de Paulo Henrique Fontenelle. Quis o destino que aos 45 minutos do segundo tempo, eu assistisse a LÓKI? Desde então eu acho que Roberto Menescal é o cara de maior intuição dentro da Companhia Brasileira de Discos.
Esse incrível Documentário é prejudicado em seu fio condutor, pois a fala absurda do personagem central é resumida e incapaz de falar do passado com precisão.
A primeira internação de Arnaldo Baptista resultou na quarta na quinta?
Lee & Midani: silêncio!
Os músicos reconheciam o status lóki; sem Arnaldo Baptista perceber que se travava de disputa perdida. Bingo! O único disco das Cilibrinas do Éden (uma banda só de mulheres) foi produzido pelo vencedor. Intriga da gravadora?
Um ciclo depois, a mídia rapidamente tascou SUICÍDIO! O mais deprimido dos homens não seria o suicida frustrado? O documentário consegue mostrar o quão louco lisergicamente foram os anos 70! E novamente, o velho fato: abuso de drogas; as mais estranhas que dezenas de hippies do mundo afora levaram a Cantareira.
Arnaldo Baptista é incapaz de recordar, verbalizar e revelar totalmente o seu processo criativo como suas idéias se originaram e foram desenvolvidas com o rigor que os fatos necessitam. Portanto, o fio condutor da narrativa ora carece de padrão de análise, ora satura. Lóki seria o documentarista que enveredasse por este fotograma; que não é o foco deste documentário.
A trilha sonora do Documentário abusa do melhor musical de Arnaldo Baptista só que repete copiosamente trucagens e trilhas de outros documentários. É novamente revelador ao mostrar como a memória da imagem brasileira foi ‘giletada’. É a oportunidade plena para conhecer imagens e entrevistas recortadas em momentos inoportunos, edições feitas como se fossem para apagar da memória, a obra e a vida de Arnaldo Baptista.
Eu me vejo no documentário– eu sou o fã que se esforça para encontrar o mito, quando ele só queria ser artista.
Transcrevo E-mail de quem não participou ou viu o Documentário:
"Minha mãe, como qualquer pianista e concertista, teve períodos em que sua técnica estava no máximo e outros em que não. Mesmo num período de menor treino, ela sempre foi ótima no piano, com nsibilidade e interpretação todas suas e magistrais. Fico feliz em saber que ouviu Clarisse! (...)
Pois é. O Documentário traria recordações que estão sempre presentes em minha memória; para quem viveu os fatos, não tem o impacto, ou o mesmo impacto, de para quem os observou. Para mim, a importância do documentário se reduz muitíssimo, já que conheço o Arnaldo por ter vivido com ele próximo
grande parte da minha vida, infância inclusive. É como se você visse um documentário sobre algum familiar seu que conheça melhor do que ninguém. O documentário não é o familiar. Para você, o familiar continuará sendo o que é, e o documentário será muito pequeno, por mais bem feito e completo que seja".
(Cláudio César Dias Baptista - www.ccdb.gea.nom.br)
Finalmente, o texto A 45 graus d’algumacoisa
18 27 45 54 63 parece velocímetro e o é, sãos os anos da vida que somados resultam 9, o número imortal. No último 24 de maio, mais uma vez eu atingia a imortalidade aos 45 anos. E passei um pedaço da tarde assistindo ao Documentário LÓKI?
Já desisti de ser ‘promoteur’ divulgador ou assíduo de qualquer coluna, como eu me curei do ostracismo sendo a minha própria mídia e, depois de tantas festas memoráveis nos meses de abril e maio, passar a tarde vendo um Documentário antes do futebol seria moda.
Só que o Documentário bateu como uma pausa antes da bad trip. Rapidamente espantada pela garganta do Zezinho Blues que acordou e começou a tocar.
Horas depois, terminamos meu aniversário aos 45 minutos do segundo tempo. Ao saírem de casa todos pareciam saídos da procissão de filmes como Hair ou Jesus Cristo Superestar.
6 festas em maio
Sábado 9
Pela primeira vez no ano o Núcleo Organizador dos 40 anos depois de Woodstock se encontra para traçar a estratégia. Prato do dia galinhada mineira preparada por Leonardo.
Deixaram Bacalhau o terror do futsal, Luis Chapolim; o palmeirense e Pazcheco tomando conta da adega.
Deu nisso: SKambau a festa do Sandro quase virou bacanau!
Terça-feira 12, véspera do show do Heaven & Hell
Escambau, a festa do Sandro Alves Silveira quase vira bacanau. Há muito eu não pegava uma festa no meio de semana e chegava meio-dia do outro dia, agora eu entendo porque os Rolling Stones contratam caras para escreverem suas memórias.
Sexta-feira 15
Aniversário do Gugu, filho do Maurício e da Marilange. Uma festa de aniversário com muito BR Rock e fogueira.
Sexta-feira 22
Aniversário de 87 anos da minha sogra, Maria do Carmo. Muito vinho depois eu fui a Cervejaria Lúpulus, lá estavam Rubão (do Skaravelho) e Marcos Bassul. No palco, a garota guitarrista da banda, “Caras e Bocas” detonava notas para lá de Lulu Santos ou Joe Satriani! Cheguei às 3 da matina.
Sábado 23
Jantar de aniversário da Isabel Cristina; estrogonofe de peixe e pudim. Luxuria!
Dia 24 (domingo)
Apesar do bolo-de-cenoura com calda de chocolate da Rita. Nem todos os pedidos de um homem são realizados; o São Paulo não passou de um empate sem gols contra o Palmeiras no campo do adversário.
Via Orkut
Recebi 25 mensagens de amigos e muitos músicos que confirmaram presença no Woodstock, 40 anos depois...
Via telefone
Roberto meu cunhado e Regina minha cunhada expressaram seus votos.
Via E-mail
Sueli Saraiva e Cláudio César Dias Baptista expressaram quanto vale uma amizade
Tudo foi feito por eles aos 45 minutos do segundo tempo:
Beto & Vânia e Ana Paula - Zezinho Blues &Narcísia
Maurício & Marilange
Lucinha
Leonardo & Wanesca Campanela - Rolando & Marta Benévolo
As crianças
Yasmine e Gabriel
Luíza Menezes e Gugu
Os meninos vizinhos do futebol
Claudean, Baratox, Ivo e Ezequiel
Escrevo essas coisas para que eles saibam que eu gostei.
Segunda-feira 25
Escorraçando ainda os demônios do Documentário e a perda do mano, Mangueira Diniz.
Réplicas de Sandro Alves Silveira, 29 de maio de 2009
Um parágrafo datado. Todo signo representa seu objeto sob algum aspecto; um dos fundamentos da semiótica de C.S. Peirce. A língua é arena da luta de classe; um dos fundamentos da semiótica de Mikhail Bakhtin. Fazer um site que seja comparável, equiparável, analógico, muito semelhante às grandes revistas e, ao mesmo tempo fazer desse site um lugar para trocar recadinhos codificados; esses são dois fundamentos do site dopropriobolso. Fim. (...)
O mito será também "a aparição de uma coisa longínqua por mais próxima que ela esteja" (W. Benjamin)? O mito é muito complexo. Para quem tenta ler Eudoro de Souza, definir o mito é besteira. Mas podemos falar dessa necessidade da vizinhança e do inalcançável, da coexistência do próximo e do longínquo. Um dos grandes prazeres da vida moderna e da vida da modernidade tardia é nos ver fazendo parte do mundo dos nossos "olimpianos" (olimpianos é como Edgar Morim chama as celebridadesi). Alguns se distanciam e evitam esse prazer, outros tentam fazer dele mais matéria prima para construção de obras do que realidade e, finalmente, há aqueles que sobrevivem, em termos de vaidade, desse prazer de estar próximo dos mitos, de ver sua história entrecruzada com a dos olimpianos. E tem muito mais de onde vem esses três tipos. É tudo vontade de ser amado (reconhecido) somado a uma ojeriza à morte. No fundo, quase todos nós, não passamos de sombras que um dia serão passadas. A lembrança trás a ilusão da eternidade, a lembrança que fulgura mais forte quando somos celebridades ou conseguimos nos confundir com elas.
Fim.
ADENDO 1 – Estavam eles lá no palco no outro lado do mundo e Nara Leão depois de um branco pergunta: - Onde estamos? Roberto Menescal - No Japão, fazendo um show!