Arte é coisa de otário? (Mário Pacheco)

Deve ter sido na pré-história que o primeiro artista barganhou o seu desenho por um naco de carne.

No meio competitivo, se o artista não é amigo do rei, do editor e não nasceu em berço esplêndido; ele deve levar a sério a sua habilidade artística.

Enquanto o artista não está integrado ao circuito das galerias ou das lojas e vive da arte, duas coisas o atrapalham o fiado e a própria desvalorização.

Quanto significa expor? Quanto custa criar? Para que serve se serve ao sustento ou ao devaneio? – Nunca entenderão! Desde cedo a visão do artista é o cara que de barriga cheia  cria na sombra.

Crítica sobra pra quem organiza seu festival e exibe suas bandas. Crítica resvala naqueles profissionais cuja soma dos projetos aprovados são plenamente utilizadas para o luxo próprio. Desvio de verba de conduta acontece em filme e revista e o absurdo é quem desconhece o esquema.

Lamentamos por aqueles que vendem seus próprios CDs autorais a irrisórios reais, àquelas bandas que desconhecem a própria tabela de cachês e aceitam tocar gratuitamente. Sem valorizar o que é feito e como é feito como é bancado e conseguido.

As coisas têm seu preço sua virtude sua utilidade e, arte não atrai fiador ou empréstimo só consignação. Arte só tem valor em parede da mansão.

Não é bem assim.
O artista esclarecido entende que quando sai das mãos dele não mais lhe pertence. Muito artista que passa fome pensa em comodato de imagem em reembolso por que ele nos ter vendido alguma coisa há muito tempo. Inibe o uso da própria arte em camisetas cartões e até na rede.

A habilidade artística no pincel ou na guitarra sensibiliza! Aquisição de arte é coleção! Sócio de artista é empresário ou curador. E depositário fiel é o responsável pela guarda, conservação, pronta e fiel entrega do bem.

Uma coleção de desenhos serve pra quê? Uso na rede? Em livros? Ou uso público só expondo?

Hoje! É possível adquirir os direitos de imagens de artistas consagrados como Rubens Gerchman e sai mais barato do que utilizar imagens dos artistas do nosso meio: esta arte produzida por eles serve somente ao prazer visual? Eles correm os riscos do fazer arte? Qual a relação a manter com os desenhos comprados trocados ganhados?

Arte é um mecanismo usado para banhar? Ou rir e fazer caricaturas de políticos?

Essa arte dá prejuízo?

Jamais me arrependerei das amizades que perdi emprestando discos ou sendo solidário.

Jamais me arrependerei da tola decisão de não ganhar dinheiro com a arte, pois a arte é um sofisma que quando precisa de dinheiro é profissão.

É errado ser independente? Qual o sentido de festival? – Como escapar dos amigos capitalistas que sempre te exploraram desde que te conheceram?

Dar a cara ao murro e murrar também, expor fazer barulho a tal da agenda social da utopia da expansão da mente ou tudo se reduz a oportunidade de angariar uma merreca?

Do jeito que as coisas vão é melhor ir à banca e comprar um gibi, coisa que já faço.

Do jeito que as coisas caminham vamos consumir discos e livros importados. Vamos secar a fonte e aguardar pelas estrelas sem dar chance aos novos. Vamos decretar que os otários são os melhores do mundo.

Cortesia: Substantivo
boas maneiras  urbanidade  gentileza cavalheirismo polidez delicadeza civilidade bom tom amenidade bom humor complacência benevolência amabilidade bondade recepção acolhimento agrado respeito atenção fineza obséquio favor aperto de mão abraço
Definição de CORTESIA; SARGENTIM, Hermínio... Dicionário de idéias afins. Editado por IBEP

Existe arte  feita pelo coração. Essa é mais terna.

Jogos  na busca da realização: experiência e produção pessoal,  deslumbre e instigação e atentado ao resultado que reina aí. Não há dinheiro sem correr riscos e sem ralar. Arte definitivamente não é coisa para otário.

Eu fujo de seguidores, acho que vocês também ... podem ser para-raios, almas penadas e coisas que, atrás da gente, não é agradável!
Nós temos uma tendência em comum e temos que parar de jogar pérolas aos porcos!

Seja um artista! Deixe aqui a sua marca! Divirta-se!!!