Carta aberta pede fim do embargo a Cuba
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CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DOS EUA BARACK OBAMA
OU PELO FIM IMEDIATO DO EMBARGO COMERCIAL A CUBA
Caro presidente Barack Obama, perdão por chamá-lo você. Sua histórica eleição e posse na presidência dos Estados Unidos da América (20/01/2009) revitalizou a velha esperança no planeta de que a construção de um mundo politicamente justo e economicamente fraterno é possível.
"Sim, nós podemos", foi o slogan genial de sua campanha. Eu também acredito.
Sempre pautei minha vida pela bandeira da ética e muito me orgulho disso, pago inclusive um preço alto em nome da coerencia.
Sua vitória, presidente Obama, é histórica, parabéns. Os EUA elegem, pela primeira vez, um negro para administrar a Casa Branca, num momento em que o planeta agoniza, em todos os sentidos, oprimido pela nova crise do capitalismo, terremoto que só tem paralelo com o tisunami de 1929 do século passado.
O Estado atual de calamidade econômica que caracteriza a economia capitalista é outro desafio histórico que o Governo Obama está encarando.
Apesar da primeira década do século XXI praticamente esvair-se no ralo do calendário do tempo, a vida em sociedade continua vítima da discriminação racial, da ganância do capital, da ingnorância cultural, que tentam destruir, corromper e degradar não apenas o caráter humano, mas também os recursos naturais do planeta, que são finitos.
Não obstante, a humanidade prossegue e prosseguira em sua marcha civilizatória.
Sua eleição, presidente Obama, elevou a altaestima dos povos negros em todo o planeta.
E aqui aproveito para informá-lo: sua vitória foi antevista há pelo menos 83 anos por Monteiro Lobato (1882-1948), escritor brasileiro genial, no romance O Presidente Negro.
Na primeira edição (1926), o livro chamou-se O Choque. Lobato muda para O Presidente Negro duas décadas depois.
Veja a ironia do destino, presidente Obama, o genial brasileiro Monteiro Lobato, no primeiro título, escancara que um negro disputando a Presidência da República dos EUA causaria um "choque".
Lobato acreditava que um negro disputando a Presidência dos EUA só acorreria em 2226, como acontece no romance, classificado pelo autor de "ficção científica". Está explicado.
Presidente Obama, assisti sua posse pela TV. Como você sabe, homem conectado, o mundo é uma aldeia global informatizada, onde o capital socializa a miséria e concentra a riqueza nas mãos de meia dúzia.
Mesmo assim, acredito, o mundo caminha para melhor, a humanidade avança para a verdadeira civilização.
Desculpe a imodéstia de um brasileiro nascido (1951) no Piauí, em Altos João de Paiva - que eu não sei quem foi, mas isso não importancia, ele também não sabe quem sou eu.
Sua eleição, presidente Obama, não mudou minha opinião sobre o modelo de Estado norte americano.
A minha convicção na democracia como identidade política do Estado humano não depende dos rumos ou descaminhos do Estado norte-americano.
Os EUA financiam as ditaduras que lhes interessam enquanto sistema, esteja no poder o Partido Democrata ou o Partido Republicano.
Será que o Governo Obama seguirá a mesma trilha? Ou conseguirá mudar esse paradigma do Estado norte-americano?
Presidente Obama, eu acredito e luto, com idéias, dentro da paz, pela democratização da economia.
Democracia política sem democracia econômica é inadmissível, depõe contra a democracia.
Democracia econômica sem democracia política é ditadura e o Estado de exceção é a negação institucional da vida.
Por exemplo, até quando assistiremos o exetermínio, pela fome e a miséria cultural e educacional, de povos colonizados ou não, acometidos pela fome e a miséria, em todos os sentidos?
Eu sei também - de novo, a imódestia, desculpe - que a alternancia no poder nos EUA, entre os partidos Republicano e Democrata, significa:
Enquanto o PR sangra, invade e ocupa países, o PD sopra na ferida e faz mais do mesmo.
A primeira atitude do Governo Obama, entretanto, me faz acreditar que começa a ficar diferente, quando toma a decisão histórica de fechar a prisão de Guantáno, na ilha de Cuba, onde 247 prisioneiros acusados de terroristas estavam confinados ao arrepio da lei e da civilização.
Os prisioneiros do Pentágono eram maltrados e torturados. De 2002 ao fechamento, Guantámo, símbolo de desrespeito aos direitos humanos e à lei humanitária, recebeu mais de 750 detentos.
Assim sendo, suplico, presidente Obama, nessa perspectiva evolutiva, nessa linha do tempo, tome outra atitude histórica, revogue o embargo econômico a Cuba, imposto em 1960, numa realidade política e econômica radicalmente diferentes do que vivemos neste surpreendente século XXI.
Afinal, a guerra fria acabou (hoje está no microondas).
E os EUA precisam entender, uma vez por todas, duas coisas muito simples: Cada povo é soberano e tem o sagrado e histórico direito de escolher a sua forma de governo, o seu modelo de Estado. (O que não nos tira o direito de sermos contra ou a favor, no campo das idéias, respeitando as diferenças, evidentemente).
E e se conveçam ainda os EUA que o embargo comercial e econômico a Ilha de poetas e compositores como Nicolas Guilhen e o pessoal do Havana Social Clube, só favorece e alimenta a ideologia dos que defendem as ditaduras.
Ditaduras que persistem em pleno século XXI e representam o retrocesso histórico do pensamento político atrasadíssimo da pré-história.
Ditadura nenhuma presta, seja do capital ou do trabalho. Como dizia a minha bisavó materna, mãe Francisca, bosta nenhuma cheira.
Portanto, presidente Obama, suplico (possso exigir?):
Pelo fim imediato do embargo comercial, econômico e cultural à Cuba!
Viva Martin Luther King! Tá na hora de acordar o planeta!
Beijos na família, Presidente.
* Jornalista, professor, escritor e historiador piauiense. Contato: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.