"Honestino, presente!" (2024)
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2024
26 DE JULHO
Reconhecimento
UnB entrega diploma post mortem a Honestino Guimarães
A solenidade foi marcada por profunda emoção, reunindo familiares e amigos de Honestino, morto durante a ditadura. O corpo dele nunca foi encontrado
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Pablo Giovanni - https://www.correiobraziliense.com.br/
Honestino Guimarães: um líder estudantil silenciado pela ditadura militar. - (crédito: Luis Gustavo Prado/Secom UnB)
"Honestino Monteiro Guimarães, presente!" Em meio a muita emoção, familiares, amigos, antigos colegas e universitários compareceram à Universidade de Brasília (UnB) na tarde desta sexta-feira (26/7) para a solenidade que concedeu o título de geólogo post mortem ao líder estudantil, desaparecido desde outubro de 1973, após ser preso durante o regime militar.
O desaparecimento de Honestino marcou um período de grande repressão e perseguição a opositores do regime. Décadas após um crime jamais desvendado pela polícia, a UnB reconheceu a trajetória do líder estudantil, desligado da instituição após liderar a expulsão de um falso professor, o que impediu sua formatura.
“A entrega desse título tem uma importância histórica para a UnB. É um resgate da nossa história. A universidade volta a lembrar o período da ditadura militar, quando foi violentada, perdendo vidas de pessoas que defendiam a democracia”, destacou a reitora Márcia Abrahão. “Para mim, é ainda mais significativo. Sou geóloga e tenho muitos colegas aqui na solenidade que respeitam a história de Honestino. É algo que marcou e continua marcando nossa trajetória. Pedimos desculpas à família de Honestino”, ressaltou ao Correio.
Cerimônia
Além de autoridades, como ex-parlamentares e lideranças estudantis, a família de Honestino Guimarães esteve presente na cerimônia, no auditório da Associação dos Docentes da UnB. O primo de Honestino, Sebastião Lopes Neto, recebeu o título das mãos da reitora da universidade. Para ele, foi uma homenagem importante, mas tardia, considerando que o líder estudantil está desaparecido há mais de 50 anos.
“Nossa família foi massacrada e a perda dele é irreparável. Achamos que a homenagem aconteceu tarde, mas que sirva de lição para outras universidades do país seguirem o mesmo caminho. A comissão da anistia deve criar parâmetros para recuperar a história desses estudantes desaparecidos, muitos deles durante a ditadura. É um momento simbólico”, salientou.
Honestino Guimarães foi presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB e da União Nacional dos Estudantes (UNE). Nascido em Itaberaí (GO), em 1947, mudou-se com a família para Brasília em 1960. Sua trajetória foi marcada pela defesa da democracia, dos direitos estudantis e da autonomia universitária. “O reconhecimento da universidade é importante. É um pedido de desculpas tardio, mas que traz paz aos nossos corações”, afirmou Lopes Neto à reportagem.
O secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Alexandre Brasil, considerou que o diploma é um reconhecimento à memória de Honestino e a todos os que, como ele, enfrentaram a opressão. "A universidade é um espaço plural, de democracia, de dúvida, contraditório, pesquisa, estudo, extensão, de construção e de defesa da democracia. E é por isso que ela foi tão atacada, e a UnB, na década de 1960, foi violentamente atacada. E recentemente, de novo, a universidade pública brasileira também foi atacada", afirmou.
"Honestino, presente!"
UnB concedeu o título de geólogo ao líder estudantil, morto na ditadura
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UnB concede título póstumo a estudante desaparecido na ditadura - (crédito: Luis Gustavo Prado/Secom UnB)x
"Honestino Monteiro Guimarães, presente!" Essa frase foi dita várias vezes, em meio a muita emoção, durante a cerimônia organizada pela Universidade de Brasília (UnB), ontem, quando foi concedido o título de geólogo post mortem ao líder estudantil visto pela última vez em outubro de 1973. O seu desaparecimento é atribuído ao regime militar no Brasil (1964-1985) e teria ocorrido após a sexta prisão do homenageado.
O caso de Honestino, de acordo com lideranças estudantis e grupos de Direitos Humanos, marca uma época de repressão e perseguição a opositores aos governos eleitos sem o voto popular até José Sarney assumir a presidência há 39 anos. Passadas décadas sem que se saiba, até hoje, o que houve com o estudante, a universidade reconheceu seu direito à graduação.
"A entrega desse título tem uma importância histórica para a UnB. É um resgate da nossa história. A universidade volta a lembrar o período da ditadura militar, quando foi violentada, perdendo vidas de pessoas que defendiam a democracia", destacou a reitora Márcia Abrahão. "Para mim, é ainda mais significativo. Sou geóloga e tenho muitos colegas aqui, na solenidade, que respeitam a história de Honestino. É algo que marcou e continua marcando nossa trajetória. Pedimos desculpas à família de Honestino", ressaltou ao Correio.
Cerimônia
Autoridades, ex-parlamentares, lideranças estudantis e parentes do homenageado compareceram ao evento. Sebastião Lopes Neto, primo de Honestino Guimarães recebeu o título em nome do familiar. "Nossa família foi massacrada e a perda dele é irreparável. Achamos que a homenagem aconteceu tarde, mas que sirva de lição para outras universidades do país seguirem o mesmo caminho", salientou.
Honestino Guimarães nasceu em Itaberaí (GO) em 1947, mudou-se com sua família para Brasília em 1960. Sua trajetória foi marcada pela defesa da democracia, dos direitos estudantis e da autonomia universitária.