LSD: CONTRACULTURA TEM SUA HÓSTIA PROIBIDA

 

LSD Contracultura tem sua hóstia proibida

(O Globo, 2000)

 

Em 1966 milhares de jovens de todos os Estados Unidos começaram a ir para São Francisco, na Califórnia, concentrando-se no bairro de Haight-Ashbury. Pés descalços, flores nos cabelos, eles celebravam a paz, faziam amor, ouviam rock. Tudo isso embalado a LSD, droga que proporcionava "viagens" alucinantes e que, a partir dali, ganharia o mundo. No entanto, o Governo americano estava atento ao uso e abuso daquele poderoso alucinógeno e nesse mesmo ano declarou-o ilegal. Tarde demais. O LSD já se tornara um símbolo da contracultura psicodélica.

Apesar de ter-se tornado a hóstia do movimento hippie, o LSD, sigla em inglês para dietilamida do ácido lisérgico, tinha sido sintetizado muito antes, em 1938, pelo químico suíço Albert Hoffmann, a partir do Claviceps purpurea, um fungo que cresce no centeio. Em 1943, ao ingerir por acaso uma quantidade mínima, Hoffmann teve visões de cores brilhantes. Estava descoberto o poder alucinógeno do LSD: apenas meio miligrama embebido num torrão de aaçúcar proporcionava de oito a 10 horas de alterações na percepção de tempo e espaço. Ou uma "viagem", no linguajar hippie.

A droga despertou a atenção de psiquiatras em busca de novas terapias e de intelectuais, como o escritor Aldous Huxley, interessados em explorar a mente humana para abrir-lhes as "portas da percepção". Em 1961, Ken Kesey, um desconhecido escritor, ofereceu-se como coabaia para os testes com o ácido realizados por psiquiatras da Universidade de Stanford, Califórnia, viajando a bordo de um ônibus escolar pintado com as cores berrantes que via sob efeito do LSD.

Timothy Leary, professor de Psicologia Clínica da Universidade de Harvard, leitor de Huxley, também radicalizou em seus experimentos. Em 1963, distribuiu 3.500 doses a 400 alunos e acabou expulso da universidade, não pela distribuição da droga, mas por seu envolvimento com o misticismo que tomava conta dos adeptos do LSD. Quase todos que o experimentavam diziam-se mais próximos de Deus. Leary tornou-se guru e teórico da contracultura, mas acabou preso em 1966, por porte da droga tornada ilegal. Em 1967, ele anunciaria um recuo em suas experiências ao perceber que, à sua volta, as fantasias coloridas eram por vezes bad trips, "viagens" ruins, que levavam à demência e ao suicídio.

 

*Textão caretão: "demência e suicídio"! Mas revelador: Claviceps purpurea!

 

 

 

LSD Contracultura tem sua hóstia proibida
(O Globo 2000)
 
 
 
Em 1966 milhares de jovens de todos os Estados Unidos começaram a ir para São Francisco, na Califórnia, concentrando-se no bairro de Haight-Ashbury. Pés descalços, flores nos cabelos, eles celebravam a paz, faziam amor, ouviam rock. Tudo isso embalado a LSD, droga que proporcionava "viagens" alucinantes e que, a partir dali, ganharia o mundo. No entanto, o Governo americano estava atento ao uso e abuso daquele poderoso alucinógeno e nesse mesmo ano declarou-o ilegal. Tarde demais. O LSD já se tornara um símbolo da contracultura psicodélica.
 
Apesar de ter-se tornado a hóstia do movimento hippie, o LSD, sigla em inglês para dietilamida do ácido lisérgico, tinha sido sintetizado muito antes, em 1938, pelo químico suíço Albert Hoffmann, a partir do Claviceps purpurea, um fungo que cresce no centeio. Em 1943, ao ingerir por acaso uma quantidade mínima, Hoffmann teve visões de cores brilhantes. Estava descoberto o poder alucinógeno do LSD: apenas meio miligrama embebido num torrão de aaçúcar proporcionava de oito a 10 horas de alterações na percepção de tempo e espaço. Ou uma "viagem", no linguajar hippie.
 
A droga despertou a atenção de psiquiatras em busca de novas terapias e de intelectuais, como o escritor Aldous Huxley, interessados em explorar a mente humana para abrir-lhes as "portas da percepção". Em 1961, Ken Kesey, um desconhecido escritor, ofereceu-se como coabaia para os testes com o ácido realizados por psiquiatras da Universidade de Stanford, Califórnia, viajando a bordo de um ônibus escolar pintado com as cores berrantes que via sob efeito do LSD.
 
Timothy Leary, professor de Psicologia Clínica da Universidade de Harvard, leitor de Huxley, também radicalizou em seus experimentos. Em 1963, distribuiu 3.500 doses a 400 alunos e acabou expulso da universidade, não pela distribuição da droga, mas por seu envolvimento com o misticismo que tomava conta dos adeptos do LSD. Quase todos que o experimentavam diziam-se mais próximos de Deus. Leary tornou-se guru e teórico da contracultura, mas acabou preso em 1966, por porte da droga tornada ilegal. Em 1967, ele anunciaria um recuo em suas experiências ao perceber que, à sua volta, as fantasias coloridas eram por vezes bad trips, "viagens" ruins, que levavam à demência e ao suicídio.
 
*Textão caretão: "demência e suicídio"! Mas revelador: Claviceps purpurea!

 

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