Glauber Rocha, uma retrospectiva 1981-2006

 

Travelling  Mário Pazcheco

 

1981
24 ago.
Londres, começa a Semana de Glauber Rocha no National Film Theatre, com Barravento, às 18h30m, e Deus e o diabo na terra do sol, às 20h45m. Na platéia poucos ingleses, mas muitos brasileiros – a maioria estudantes. Num clima triste, Malcolm Coad, crítico de cinema e especializado nas produções da América Latina, compreende logo que a apresentação não é tanto para seus patrícios e, em “portunhol”, traça um pequeno perfil da obra de Glauber Rocha:
— Para Glauber Rocha, a atual geração está escrevendo a pré-história do cinema brasileiro, e foi assim que tanto ele quanto os outros membros do Cinema Novo, um dos movimentos do Novo Cinema a que se desenvolveu em toda a América Latina naquele tempo, viam sua missão: nada menos do que uma regeneração do cinema de seus países, e, além disso, uma regeneração da própria cultura como um todo;

5 nov.
Morre de câncer, o crítico Mário Pedrosa.

Dez.
Espanha, o VII Festival de Cinema Iberoamericano, em Huelva, homenageia postumamente Glauber Rocha. O organizador do evento, Jose Luís Ruiz, disse:
— A homenagem consistirá na exibição e reexame dos filmes principais do cineasta morto e a publicação de um livro, a ser escrito por Augusto Martinez Torres, sobre diversos aspectos da obra de Rocha.

1982
10 jun.
Rainer Werner Fassbinder, diretor do Novo Cinema Alemão, morre aos 36 anos.


1983
Humberto Mauro, “o mais novo dos cineastas brasileiros”, morre aos 86 anos.


1985
21 a 28 ago.
Cine Brasília, Mostra Glauber por Glauber o fato cinematográfico do ano. No quarto aniversário da morte de Glauber Rocha, na abertura de sua retrospectiva mais completa, o presidente Sarney discursa em sua memória;

10 out.
Orson Welles morre de ataque cardíaco, tinha 70 anos;


1986
11 mar.
Brasília. No Teatro Galpãozinho dentro da mostra Glauber Vivo, promovida pelo Cineclube Glauber Rocha, da Biblioteca do INL, é exibido Terra em transe;

23 abr.
Festival de Brasília, "Alvorada segundo Krysto"; participa da mostra competitiva de vídeo e tevê;

18 nov.
Cine Brasília, estréia nacional do documentário No Tempo de Glauber, promovida pelo então Partido Comunista Brasileiro por conta dos esforços do cineasta Vladimir Carvalho, amigo de Roque Araújo Assis, que dirigiu o filme e o cedeu por especial atenção ao autor de "O País de São Saruê";
25 nov.
Rio de Janeiro, o livro Ideário de Glauber Rocha, Philobiblion. Organizado por Sidney Rezende, abre espaço para que os filmes de Glauber Rocha cheguem à telinha.


1987
7 jul.
Affonso Beato, o diretor de fotografia, em "1968" e "O dragão da maldade contra o santo guerreiro" é empossado como diretor cultural da Embrafilme. — Glauber era uma pessoa que amedrontava. Recorda Affonso.
— Mas tive com ele o relacionamento mais aberto e fértil possível. Graças ao nosso perfeito entrosamento, avancei um bocado no conhecimento e no uso de cores contrastadas;

Agosto
A adida cultural da embaixada cubana no Brasil, Trinidad Peres, doa dois bilhetinhos, sem assinatura, de Glauber Rocha, para o acervo Tempo Glauber. Os livros que ele achava que os cubanos deveriam ler: Memórias do Cárcere, São Bernardo, Quarup, Gabriela, Cravo e Canela, Cangaceiros, de José Lins do Rego, Travessia, de Carlos Heitor Cony, Macunaíma, Serafim Ponte Grande, Oswald de Andrade, e O triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto quase todos já foram traduzidos. Trinidad promete enviar para dona Lúcia, um exemplar de Os sertões, de Euclides da Cunha, prefaciado por Glauber Rocha em Cuba e publicado em 1972. Depois do encontro dona Lúcia comenta: – Nunca vi uma cubana loura. Essa cubana parece americana;

16 set.
Leon Hirszman, o articulador do Cinema Novo “magro, ágil, histérico, lúcido, visionário, o jovem Eisenstein”, morre aos 49 anos. Diretor de Eles não usam blacktie, vencedor de 4 prêmios no Festival de Veneza, o único brasileiro a ganhar o Leão de ouro, o prêmio máximo do festival;
17 set.
O general Golbery do Couto e Silva morre aos 76 anos;

Outubro
Paris. No Centro Pompidou, acontece uma retrospectiva do cinema brasileiro, são exibidas as obras de Glauber Rocha e é lançado pela revista Cahiers du Cinemá, o livro Glauber Rocha de Sylvie Pierre.


1988
2 a 20 mar.
Salvador. A obra de Glauber Rocha volta à Bahia, acontece no foyer do Teatro Castro Alves uma exposição com extratos de sua poesia de 1967 a 1974, desenhos feitos em 1965, textos jornalísticos e filmes.

Os oito da Glória
Os oito da glória, eram nove das mais significativas personalidades culturais brasileiras de então: os cineastas Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade e Mário Carneiro, o embaixador recém-cassado Jayme de Azevedo Rodrigues, os jornalistas e escritores Antônio Callado, Carlos Heitor Cony e Márcio Moreira Alves, o poeta Thiago de Mello e o encenador teatral Flávio Rangel.

Glauber Rocha não havia participado dos preparativos que tornaram possível a modesta manifestação, pois fora à editora tratar de um assunto pessoal, quando soube que haveria aquela arruaça contra o regime ele lá foi, por curiosidade. Quando viu a polícia baixar o sarrafo naquele grupo de amigos seus, apresentou-se voluntariamente como manifestante e como tal encanado.

O oficial de dia os chamou aos pares, Glauber Rocha e Carlos Heitor Cony foram os primeiros a ser fichados. A inspeção preliminar consistia em desmoronar o que restava do moral dos presos. Ambos ficaram nus, segurando as roupas e sapatos, em posição de sentido, olhando um para o outro, e sendo examinados pelo oficial de dia, quando o telefone tocou. Do outro lado da linha alguém do Ministério da Justiça recomendou que os presos tivessem um tratamento diferenciado dos demais prisioneiros. Os outros presos foram dispensados da cerimônia.

Preenchidos os formulários, Glauber Rocha, baixinho, cabeludo e nu sumiu na escuridão, arrastando seus trecos para dentro da cela escura com um balde em frente à porta, nos quais esbarrara, caíra e machucara levemente o joelho.
No estranho aposento, ele escreveu as cenas de Terra em transe em papel de embrulho e desenhou. Em análise de Mário Carneiro, ex-aluno de pintura e gravura de Iberê Camargo, as mudanças no estilo variavam de Bosh até a recente forma, para além da pop-art. Terminadas as pinturas, Glauber Rocha declara aos presentes:
— Superei a pintura;

10 set.
Joaquim Pedro de Andrade, “o árcade mineiro”, morre aos 56 anos. Diretor e autor do roteiro de "Macunaíma", (livro de Mário de Andrade, uma revisão do movimento de 22 com o contexto histórico dos anos 60), ao lado de "Vidas secas", (Nelson Pereira dos Anjos), "Deus e o diabo na terra do sol", "Macunaíma" é o filme mais celebrado do Cinema Novo no exterior. Em 1981, Joaquim Pedro de Andrade dirigiu "O homem do pau brasil", feito para quem não sabe nada de Oswald de Andrade e dedicado a Glauber Rocha.


1989
Janeiro
A Rede Bandeirantes compra o direito de exibição de Barravento, Deus e o diabo na terra do sol, Terra em transe e O dragão da maldade contra o santo guerreiro, três meses depois os filmes serão exibidos;

17 jan.
Os cineastas estão morrendo. Olney São Paulo, Glauber Rocha, Leon Hirszman, Marcos Farias, Roberto Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Fernando Cony Campos. Assassinato cultural. Instalou-se no país um poder cultural conservador e tecnocrático, colonizado e vicioso, centralizador e burocrático que controla a livre expressão popular nacional com extrema violência.

Um poder autoritário que censura a natureza pluricultural brasileira, produto da composição da nossa sociedade, impedindo a diversidade de manifestações artísticas, rompendo o eixo da nossa unidade forjada na mestiçagem – tentando afunilar nossa estética polivalente em modelos pré-fabricados e hipnóticos. Um poder manipulador e forte, um poder que mata.

A pressão mais evidente e predatória é exercida sobre a criação audiovisual – na televisão dos milionários, que entorpece continuamente a população fechada a qualquer proposta que não corresponda à sua ideologia de emoções fortes, cabeças vazias e consumismo obsessivo: e no cinema escapista e estereotipado que reflete apenas as distorções e a acomodação de seus realizadores, uma imagem falsificada da nossa realidade e do nosso imaginário.

Um poder prepotente que se interpõe entre a população e os artistas que tentam expressar-se com independência, fora dos padrões ditados pelo capitalismo devorador que está levando o país à miséria material e moral. Um vírus que está destruindo a nossa capacidade de pensar e que está levando nossos cineastas ao túmulo.

Um poder que tem de ser destronado em nome do nosso futuro, da nossa identificação perante nós mesmos e perante o mundo. O Estado e a Sociedade Civil permitiram a ascensão deste poder criminoso. Cabe a todos os brasileiros reverter a situação, resgatar a verdadeira dimensão multifacetada da nossa cultura, recompor a alma brasileira. Nelson Pereira dos Santos, Chico Buarque, Fernanda Montenegro, Rui Guerra, Herbert de Souza, Tizuka Yamasaki, Geraldo Sarno, Silvio Tendler, Eduardo Coutinho e Marieta Severo — Manifesto Viva?!? Publicado no Jornal do Brasil.

12 mar.
Ruy Santos morre aos 78 anos. Cineasta e fotógrafo, outro realizador vítima do “assassinato cultural” do governo Collor. Um dos mais ativos defensores do Cinema Novo. Seu documentário mais famoso O homem e Limite, versava sobre o cineasta-mito Mário Peixoto;
14 mar.
Rio de Janeiro, os 50 anos de nascimento de Glauber Rocha são revistos na mostra Tempo Glauber promovida pelo Museu de Arte Moderna.
24 mar.
Rio de Janeiro, o Tempo Glauber é inaugurado na Rua Sorocaba, 190, num casarão de 13 cômodos. A trajetória do museu composto por cerca de 60 mil documentos e 2.500 fotografias, 400 cartas, 600 poemas, inúmeras peças de teatro é uma história de dificuldades, desenhos deterioram-se por falta de apoio dos poderosos do governo. Depois de perder as esperanças de conseguir um lugar para acomodar os 50 mil documentos do acervo de Glauber Rocha na Bahia, estado natal do cineasta, dona Lúcia Rocha decidiu vir para o Rio, onde a geração do Cinema Novo militava. Depois de temporadas no Museu da Imagem e do Som e no Museu de Arte Moderna, o Tempo Glauber encontrou pouso no casarão de Botafogo, a partir de uma doação provisória do governo José Sarney. O prédio, cedido pelo INSS em sistema de comodato, esteve ameaçado de ir a leilão, fato desmentido pelo Ministério da Previdência Social;

Agosto
A editora Alhambra lança "Poemas Eskolhydos", de Glauber Rocha, 100 páginas de versos, desenhos, fotos e 28 poemas dentro da estética glauberiana, reprodução de originais datilografados e corrigidos no estilo simples e simpático do cineasta;


1990
16 mar.
O grupo de sistematização do Governo Collor extingue a Embrafilme e suspende a Lei Sarney, mecanismo de incentivos fiscais;
27 mar. a 1º abr.
A mostra Tempo Glauber, depois de percorrer praticamente todas as capitais do país, chega à Brasília, na Cultura Hispânica. A mostra promoção do projeto Filmoteca SESC/RJ, incluía vídeos, áudios, fotos, livros, artigos, pensamentos, curiosidades, vendas de camisetas e os filmes "Barravento", "Deus e o diabo na terra do sol", "Terra em transe", "O dragão da maldade contra o santo guerreiro", "O leão das 7 cabeças", "O pátio" e "Cabeças cortadas". Após as exibições aconteciam mesas-redondas e debates organizados pela Sociedade dos Amigos do Cine Brasília;

Nov.
Gianni Amico, morre. Diretor italiano, intimo de várias personalidades brasileiras de Glauber Rocha a Caetano Veloso. Gianni Amico foi um arauto do Cinema Novo na Europa e organizou vários shows importantes de música popular brasileira na Itália e na França.
28 nov.
"Lygiapape" vídeo dirigido pela cineasta Paula Gaetan. Fotografia de Dib Lufti. Cor, 43 minutos é exibido no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo. Construído como um exercício gestáltico, o vídeo é uma procura incessante pelos estados imantados que produzem a energia geradora da arte.


1991
20 ago.
Em homenagem aos dez anos da morte de Glauber Rocha, ocorre o seminário-mostra, A morte e a morte de Glauber, na Sala Cinemateca em São Paulo, além dos filmes de Glauber - filmes que ele gostava: Encouraçado Potemkin-Bronenozets Potiomkin, 1925, de Eisenstein: Un chien andalou e L´Age D´or, ambos de Buñuel; Made in USA, de Godard, Morangos silvestres, de Bergman e Hiroshima, de Resnais. E mesa-redonda com Arnaldo Jabor e Zuenir Ventura;
"Terra em Transe" abre a mostra Filmes com a câmera na mão, na Cinemateca do MAM, no Rio de Janeiro;
22 ago.
Mostra Glauber Rocha – gênio da raça, no Espaço Cultural do Shopping Bougainville, em Goiânia;

9 a 15 set.
Cine Brasília, um mês após os 10 anos de sua morte Glauber Rocha é reverenciado com um ciclo de filmes e debates. Os debates são realizados no Hotel Kubitschek Plaza;
São editados os suplementos, Ópera Glauber, edição especial do jornal Fogo Cerrado e outro suplemento do Correio Braziliense, valorosos subsídios;

5 out.
No 29º New York Film Festival, em sessão especial é exibida a cópia restaurada de Terra em transe com nova tradução e legendagem. Cortesia do cineasta Martin Scorsese. O festival apresenta “uma ou duas sessões retrospectivas de filmes recuperados ou restaurados”.
Em Los Angeles, a nova cópia de Terra em transe, é exibida no Directors Guild of America e Pacif Film Archive e em Washington a exibição acontece na National Gallery of Art.

1992

20 março

Lina Bo Bardi morre aos 77 anos. Criadora da silhueta do MASP, suspenso a oito metros de altura sobre quatro colunas, deixando um vão livre de 70 metros. Glauber e Lina eram amigos próximos de quando de sua passagem pela Bahia. E várias vezes o cineasta hospedou-se na casa de vidro do Morumbi, projetada pela arquiteta. Lina Bo Bardi teria feito parte da cenografia de Deus e o diabo na terra do sol sem assinar;

16 novembro

Alex Viany, nascido Almiro Viviani Fialho, morre. Precursor do Cinema Novo, com o longa Agulha no Palheiro (1952), além de cineasta, tornou-se um dos pesquisadores e críticos mais importantes do Brasil, sendo requisitado para colaborações em revistas e enciclopédias estrangeiras, suas obras "Introdução ao cinema brasileiro" (1959) e o póstumo, "O processo do Cinema Novo" (1999), integram a lista dos melhores títulos da bibliografia do cinema nacional.


1993

22 outubro

A TV Nacional exibe o documentário Que viva Glauber!. De Aurélio Michiles e produzido pela TV Cultura.

1994

Março


Rio de Janeiro. Os trinta anos de exibição do filme Deus e o diabo na terra do sol são lembrados no CCBB - Centro Cultural Banco do Brasil, com a mostra Glauber Rocha – Um leão ao meio-dia, uma retrospectiva de filmes do cineasta, exibição de 63 desenhos, fotogramas ampliados e fotocopiados de Deus e o diabo na terra do sol, vídeos, "Que viva Glauber!" (Aurélio Michiles), O homem de cabelos azuis (Sylvie Pierre e Georges Ulmann), No tempo de Glauber (Roque Araújo) e uma série de palestras com Geraldo Sarno, Cacá Diegues, Ismail Xavier, Eduardo Escorel, Sylvie Pierre e Georges Ulmann;

1º a 26 junho

São Paulo. A mostra Glauber Rocha – Um leão ao meio-dia, é apresentada no Mis - Museu de imagem e som;

4 agosto

São Paulo. O cineasta italiano Michelangelo Antônioni, 82 anos, desembarca para uma retrospectiva de suas melhores obras entre elas A noite (1961) no Festival de Gramado;

13 ago.

Brasília. Exibição pública do curta-metragem Di-Glauber, no I Festival de Cinema do Gramado;

Setembro

O jornal francês Libération, em crítica positiva classifica a cineasta Susana Moraes, primogênita de Vinicius de Moraes de “herdeira cultural de Glauber Rocha”. Na ocasião exibia-se "Mil e uma noites" no Festival de Veneza. — Na verdade, trata-se de um lugar-comum. Todos os cineastas brasileiros atuais somos herdeiros do marco que foi Glauber. Susana Moraes achou o máximo o reconhecimento europeu;

7 outubro

Maurício do Valle, o intérprete de Antônio das Mortes, morre aos 66 anos.

14 out.

Helena Ignez perde – ou teve roubado – um calhamaço de valor afetivo inestimável, com cartas (entre elas a qual Glauber despede-se da atriz ao fim do casamento), poemas (um feito para ela após o primeiro encontro) e bilhetes escritos de 1958 a 1963. Os papéis, guardados numa valise, estavam no bagageiro de um ônibus da Viação Itapemirim. Sem vaga num vôo direto de Salvador ao Rio, ela decidiu seguir pela estrada até Vitória, onde deu por falta da valise.

17 out.


É lançado Avant-garde na Bahia, do poeta e antropólogo Antônio Risério, o livro estuda as manifestações culturais ocorridas em Salvador no final dos anos 50 e início dos 60.
Glauber já era o garoto que absorvia essa atmosfera e a transformava em ação dirigindo jograis, curtas-metragens e o suplemento cultural do Diário de Notícias, procurando de forma exigente extrair o máximo das situação, quando Bethânia e eu chegamos. Prefácio onde Caetano Veloso, fala da cena de Salvador.

Novembro

A prefeitura de Sintra, em Portugal, batiza uma rua com o nome do cineasta.
No Brasil a Rua Glauber Rocha é uma viela principal na favela da Ilha, em Sapopemba, zona leste de São Paulo.

1995

2 julho

No Piauí, em Teresina, acontece a Semana Carlos Castello Branco. No Cine Rex numa sessão especial, A idade da terra é exibido com a presença de dona Lúcia; no filme, Carlos Castello Branco, o Castellinho, jornalista político e escritor, imortalizado pela Academia, traça um profético painel político do país;

23 novembro

Louis Malle, morre aos 63 anos;
24 nov.
A musa da nouvelle vague Anna Karina, atriz em O demônio das onze horas – Pierrot le fou, de Jean-Luc Godard e a musa do Cinema Novo, Helena Ignez encontram-se na piscina do Hotel Caesar Park, em Ipanema.


1996
Março
Belo Horizonte. Reencontradas na Puc, 52 latas de filmes lacradas, seis horas de material gravado – copião e negativos – em ótimo estado de conservação com material rodado e não utilizado no corte final de Terra em Transe.
17 mar.
O Globo, denúncia que Clóvis Corrêa, o locador de um apartamento em Copacabana está usando como resgate de dívida familiar e mantendo em regime de cativeiro dezenas de desenhos, poemas de amor, croquis, fotos, manuscritos, vídeos caseiros, o passaporte e o cartão de CPF de Glauber Rocha. Paula Gaetan que não pôde levar o lote para Cartagena, na Colômbia, mostrou-se indignada pela “violação de privacidade”, uma vez que sua mãe estava negociando os valores que giram em torno de US$ 5 mil dólares pelo resgate da memória de Glauber Rocha.

29 mai.
A TVE exibe Deus e o diabo na terra do sol.

Agosto
Rio de Janeiro. No Teatro Carlos Gomes, Luiz Carlos Maciel apresenta "Jango, uma tragédia", a única peça de Glauber Rocha, que o autor deu-lhe de presente em 1980, com uma típica justificativa:  — Tu és gaúcho, como Jango, e gostas de churrasco, como ele gostava, então pega e faz. O espetáculo começa com o Hino do Brasil e o cenário é um imenso retrato oficial do presidente João Goulart, Jango é Cláudio Marzo, Miguel Arraes e Leonel Brizola também entram em cena, Helena Ignez, faz Elizabeth Taylor coadjuvada por Maria Cláudia que imita Carmen Miranda cantando música escrita por Glauber Rocha. Um elenco com mais de 30 pessoas, um coro de vedetes que canta e dança números musicais ao vivo, e surpreende quem não viveu aqueles anos.
Uma das meninas do coro ficou espantada ao descobrir que Jango e Goulart era a mesma pessoa, surpreendendo o diretor. Produzida por Dinho Valadares, Jango mostra um Brasil em que havia perspectiva de mudança na sociedade, contrastando com o conformismo oficializado que vigora hoje não só no Brasil, mas na civilização ocidental como um todo;
"Geração em transe – Memórias do tempo do tropicalismo", depoimento biográfico de Luiz Carlos Maciel é lançado;
Sonhos e Histórias de Fantasmas, documentário de Arthur Omar é dedicado a Glauber Rocha. O documentário homenageia o mundo rural brasileiro e defende a retomada do cinema como gesto intenso, com ênfase na estética. — A cultura caipira é levada a histeria glauberiana. Afirmou o diretor.
19 ago.
O ator Jofre Soares, morre aos 77 anos. Ele atuou em Deus e o diabo na terra do sol.

Novembro
O governo da Bahia propõe transferir para Salvador o Tempo Glauber mudando o nome para Memorial Glauber. Atendendo ao desejo expresso em vida pelo cineasta para que a sua obra repousasse na Bahia;
20 nov.
Mário Gusmão, morre aos 68 anos. O ator baiano trabalhou em O dragão da maldade contra o santo guerreiro e A idade da Terra.


1997
4 fev.
New York. O jornalista Paulo Francis, morre aos 66 anos em conseqüência de um enfarte;
17 fev.
Brasília. O senador Darcy Ribeiro, (Pdt-RJ), morre aos 74 anos. Antropólogo, educador, romancista e membro da Academia Brasileira de Letras, foi criador da Universidade de Brasília, ministro da Educação e vice-governador do Rio;
Darcy Ribeiro, no Peru disse que Glauber Rocha havia exorbitado a respeito de um possível surto nacionalista no Exército. O antropólogo se responsabilizava por ter jogado Glauber Rocha na enrascada de defender as Forças Armadas nacionais;

29 abr.
O deputado federal e psicanalista Eduardo Mascarenhas, morre aos 54 anos;
30 abr.
Centenário de nascimento de Humberto Mauro. Em 1961, durante um festival em homenagem a Humberto Mauro no Cine Edgard, em Cataguases, Minas Gerais e 30 anos depois de sua realização foi que Glauber Rocha sentou-se para ver Ganga Bruta. Impressionado, Glauber Rocha deu uma gorjeta ao projecionista do cinema e viu o filme, sozinho e em transe, seis vezes numa única noite. De volta ao Rio, escreveu um artigo comparando o cineasta mineiro a três grandes mestres da sétima arte. Griffith, Eisenstein e John Ford. — Mauro filmou em Cataguases, com recursos mínimos, os melhores filmes brasileiros. Escreveu Glauber, colocando Ganga Bruta, “entre os 20 grandes filmes do mundo mudo e sonoro”.
Humberto Mauro tinha, então, 64 anos. Mas, para Glauber Rocha – que o elegeu “bandeira do Cinema Novo” – ele era, simplesmente, “o mais novo dos cineastas do Brasil”;

Junho
João Carlos Gomes Teixeira, amigo de adolescência atendendo a pedido de Glauber Rocha, lança a biografia, Glauber Rocha, esse vulcão;
31 jul.
Salvador. Agnaldo “Siri” Azevedo, morre aos 67 anos. Ele foi diretor de produção do filme Deus e o diabo na terra do sol, produtor de Terra em transe e assistente de direção em O dragão da maldade contra o santo guerreiro. “Siri” também trabalhou com Nelson Pereira dos Santos, em Tenda dos milagres, e com Walter Lima Jr., em Menino de engenho.
Em 1967, o cineasta iniciou carreira solo como documentarista, totalizando 25 curtas. Para o roteirista baiano Chico Drummond, Siri foi, sem dúvida, o melhor documentarista do cinema brasileiro de sua geração.
Seu último trabalho foi Capeta Carybé, documentário sobre vida e obra de Carybé, artista plástico argentino radicado na Bahia;

11 ago.
À meia-noite com Glauber, de Ivan Cardoso é premiado no 25º Festival de Cinema de Gramado antes de partir para o festival de Veneza;
13 ago.
O líder estudantil da Passeata dos 110 mil, Marcos Medeiros, morre. Ele jogou duro contra o presidente-general Costa e Silva durante a negociação para a liberação dos presos estudantis;
É lançado o livro Cartas ao Mundo, de Ivana Bentes, resultado de uma devoção de quatro anos de pesquisa. O livro foi escrito para “chatear os imbecis” e “insultar os arrogantes”. Essa importante coletânea reproduz 265 cartas cobrindo o período de 1953 a 1981, e abre espaço para que surjam materiais inéditos de Glauber Rocha.
Norma Benguell, Júlio Bressane, Arnaldo Carrilho e outros não divulgaram suas cartas.

— Essa questão das correspondências é de um ridículo atroz. Tem um bilhete que mandei em cumprimento por ele estar terminando um filme, era pessoal e achei que não deveria ser publicado. Pra que? Não tive nenhuma amizade epistolar com ele. Não autorizei a publicação e só autorizaria se toda a correspondência dele fosse publicada. (...) A única coisa que presta de Glauber Rocha é a obra cinematográfica dele, que é extraordinária, rara e única. Mas, parece que está em questão o próprio Glauber e isso não me interessa. Infelizmente, hoje não se fala mais nos filmes dele nem se sabe o que falar sobre isso. (...) Todos os filmes, todos os vídeos, tudo em imagens em movimento que Glauber fez é importante, é extremamente vital.   (Júlio Bressane).

"O Glauber estava em Cuba, e mandava cartas pela mala da Prensa Latina, que chegavam até minhas mãos, no México. E de lá eu as mandava para onde ele queria. Lembro de uma carta em que ele pede a Norma Benguell, em Paris, para conseguir haxixe: "Põe um haxixe numa lata de talco e manda pelo Fulano". (Flávio Tavares).

Em uma palavra, o que essa correspondência expõe é um Glauber vulcânico, uma máquina de pensar, um homem tumultuado de um tempo. (Inácio Araújo).


1998
13 out.
31º Festival de Brasília. O curta A mãe, de Fernando Belens e Umbelino Brasil abre a mostra competitiva de 35mm.

18 dez.
O Canal Bravo Brasil (TVA), à meia-noite encerra o Ciclo Glauber Rocha é com a exibição de A Idade da Terra.


1999
13 mar.
Vitória da Conquista. Encerramento do Seminário Cinema Brasil – Uma historia comentada, com o cineasta Walter Salles e o crítico José Carlos Avellar.
14 mar.
Retrospectiva de seus filmes no Canal Brasil, às 23 horas, com a exibição de um especial sobre a sua carreira, seguido de Barravento:
São Paulo. O Espaço Unibanco, exibe os curtas Maranhão, Maranhão, O pátio e 1968, acompanhados de debate.

Jards Macalé, um dos artistas íntegros da música brasileira, lança álbum homônimo com Rei de Janeiro, feita sob letra de Glauber Rocha.

Uma foto de Glauber Rocha em 1969, estampa a capa da décima oitava edição da revista Bravo, Ariano Suassuna lembra que Glauber em 1958, quando pretendia fazer suas primeiras experiências com cinema, veio a sua casa, no Recife, para conhece-lo e trocar idéias de como utilizar o cinema para dizer algo sobre o país.

O perfil do cineasta na matéria Glauber had sept cabezas, é escrito por Nirlando Beirão.

A TV Cultura exibe Que viva Glauber!
15 mar.
O programa Metrópolis, da mesma emissora, recorda a participação de Glauber Rocha no programa Abertura da extinta TV Tupi, com fragmentos de edições que foram ao ar entre 1979 e 1980;

Ainda na TV Cultura o programa Roda-Viva, entrevista Nelson Pereira dos Santos, que analisa a obra de Glauber Rocha;

O programa Zoom da mesma rede, exibe o curta, O pátio, além de À meia-noite com Glauber, de Ivan Cardoso.

Finalizando a série de cinco programas dedicados ao cineasta, o Cine Brasil exibe O Rei do Milagre, com direção do Grupo Glauber Rocha (formado pelo brasileiro Joel Barcellos e os italianos Gianni Barcelloni, produtor, e Francesco Tulio Altan, cartunista) onde Glauber Rocha aparece como ator.

O filme foi realizado em 1971 na praia de Tarituba (RJ), de acordo com Barcellos, a direção do filme foi coletiva: — Eu cuidei mais da direção de atores, o Altan cuidou da montagem, junto com o Gustavo Dahl, e o Barcelloni cuidou da produção.

O filme conta a história de um pescador (Barcellos) que torna-se curandeiro graças a um pacto que realiza com a Morte (a modelo italiana Ana Carini). Seus poderes taumatúrgicos, entretanto, só funcionam na aldeia litorânea onde vive. Na cidade, perdem a eficácia.

Glauber Rocha faz o governador que recorre ao curandeiro na esperança de salvar a filha, desenganada pelos médicos. Hugo Carvana é o secretário do governador enviado à aldeia para buscar o milagreiro.

Outra curiosidade do filme é a presença do compositor argentino Gato Barbieri, que além de assinar a música de O Rei do milagre, aparece numa cena rápida, tocando sax em Mi Buenos Aires querido em plena Avenida Atlântica.

A idéia do filme surgiu entre brasileiros exilados em Roma.

Aproveitando o prestígio de Glauber Rocha, o grupo consegue parte dos recursos de produção junto à RAI-Radiotelevisione Italiana e vem filmar no vilarejo de Tarituba.

O filme influenciado pela contracultura é quase hippie, marcado pela improvisação e por diálogos absurdos, que não impedem de ter cenas inspiradas, como a do político em pé, de terno, no mangue, com lama até o peito.

Na primeira seqüência, um menino abandonado é encontrado por uma cabocla, que diz: — Coitadinho, está tão magrinho e assustado. Mas vou lhe dar um chá de maconha e você vai ficar bom.

Rindo, Barcellos recorda a atuação de Glauber Rocha. — Ele estava tão habituado a se preocupar com a posição da câmera que em certo momento olhou diretamente para ela, o que é um erro mortal para um ator. Só vi na montagem.

Glauber Rocha improvisou suas falas. — O prório título vem de um improviso do Glauber, que dizia que o Brasil era uma monarquia, porque aqui todo mundo era rei: o rei do samba, o rei do futebol...”.

Abril
O cineasta Paulo César Saraceni, conclui a Trilogia da paixão, iniciada em 1962, com o filme Porto das caixas, obra de grande impacto internacional, prosseguindo em 1971 com A casa assassinada. A trilogia fica completa agora com o longa O viajante, baseado no romance inacabado de Lúcio Cardoso;
9 abr.
Chicago. No Art Institute, a 15ª edição do Chicago Latino Film Festival presta homenagem a Glauber Rocha exibindo Deus e o diabo na terra do sol e Terra em transe.
— Infelizmente é muito difícil encontrar seus filmes com legendas em inglês, mas apresentaremos dois dos melhores. Pepe Vargas, diretor do evento há 14 anos.
16 abr.
Rio de Janeiro. No CCBB - Centro Cultural Banco do Brasil, a mostra Bahia, Cinema e poesia, exibe trechos inéditos dos filmes Cabeças cortadas e O leão das 7 cabeças. Helena Ignez e Wally Salomão participam do debate.

25 mai.
Brasília. O jornalista e historiador Inimá Simões, lança o livro Roteiro da Intolerância – A censura cinematográfica no Brasil, editora Senac. No livro o autor desencava os pareceres da ficha de censura de filmes como Deus e o diabo na terra do sol e outros filmes perseguidos;

Junho
Silvio Tendler, consegue autorização de dona Lúcia para concluir o filme do velório e do sepultamento de Glauber Rocha.

Jul.
Daniel Jardim Rocha, filho de Rogério Duarte, gradua-se diretor em Havana, pela Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antônio de los Baños, em Havana, Cuba. Com ele, formaram-se outros 29 estudantes de direção, roteiro, edição, som, produção e fotografia.
23 jul.
Canal Brasil exibe Terra em transe.
26 jul.
Rio de Janeiro. Dentro do programa Inverno Cultural, o Tempo Glauber, abre espaço para os cineastas brasileiros que estejam com projetos aprovados pelo Ministério da Cultura para captação de recursos através da Lei do Audiovisual ou Rouanet divulguem e exponham os planos de seus projetos via Internet ou através de vídeos, via Embratel.
Luiz Carlos Barreto no Programa Roda Viva, fala da reportagem Caros, ruins e você paga, de Celso Masson, na Veja de 30 de junho, “É um exemplo de anti-jornalismo investigativo, já que o repórter recorreu ao expediente na nota fiscal falsa, que ele mesmo conseguiu, pois não buscou uma verdadeira, decerto encontrável com algum produtor” (...)
— Interesses contrários ao cinema brasileiro, Grupo Abril, que programa a TVA com material majoritariamente estrangeiro e estão em campanha contra tudo que é brasileiro. A cada nova semana falam mal de um artista brasileiro. Uma semana é o livro do João Ubaldo, na outra o disco do Chico Buarque, na seguinte o disco do Caetano Veloso, depois, o livro da Adélia Prado.

29 jul.

Deus e o diabo na terra do sol, é exibido pelo Canal Brasil.

5 ago.
Rio de Janeiro. No CCBB - Centro Cultural Banco do Brasil, o centenário de nascimento do antropófago Flávio de Carvalho é celebrado na exposição Flávio de Carvalho – 110 anos de um revolucionário romântico.

time
Fonte: ALMANAKITO DA ROSÁRIO

No número 140 da revista Imprensa, a foto Os apóstolos de David Drew Zingg é publicada em cores, o título da fotografia é batismo de dona Lúcia Rocha. Na cabeceira Nelson, o pai do Cinema Novo, os demais sentaram no lugar que quiseram.
O projeto Glauber – O filme, de Silvio Tendler é selecionado no Concurso de Documentário de Média-metragem, do Ministério da Cultura. O projeto receberá prêmio de R$ 80 mil, quantia suficiente para a conclusão do filme, segundo Tendler.

Setembro
A 26ª Jornada Internacional de Cinema e Vídeo da Bahia, concede a Estou Perto do cineasta português, José Maria da Costa, o Prêmio Glauber Rocha, por ser eleito o melhor filme.
29 set.
Rio de Janeiro. É aberta na galeria do Espaço Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndss), a exposição Trilogia da Terra – Tempo Glauber.

1º outubro
Pietro Maria Bardi morre aos 99 anos. Italiano de nascimento naturalizado brasileiro, historiador de arte, crítico, fundador, diretor do MASP e viúvo de Lina Bo Bardi;
Heonir Rocha, reitor da Universidade Federal da Bahia, recebe resposta de Fernando Henrique Cardoso ao ofício que a instituição encaminhou ao presidente da República, prontificando-se a ajudar nos estudos votados ao tombamento do filme Di-Glauber, como patrimônio artístico e cultural. No ofício-resposta, o presidente comunica ao reitor que sua solicitação foi encaminhada ao Ministério da Cultura, para estudos. Depende agora do MinC e do corpo jurídico do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o futuro do curta-metragem interditado judicialmente desde os anos 70 por Elizabeth Di Cavalcanti de Veiga, filha adotiva e herdeira do pintor;

18 out.

Zezé Macedo, atriz de chanchadas morre aos 85 anos.

23 nov.
Rio de Janeiro. Durante os seis anos que Paula Gaetan morou em Bogotá com os filhos de Glauber Rocha, Eryk Aruak e Ava Pátrya Yracema Gaetan Rocha, a cineasta realizou cerca de 40 documentários para a TV cultural da Colômbia. Os temas vão do design à guerra, passando pela estética da comida e pela vida urbana. A cineasta juntou prática e teoria do documentário no seminário A Representação da realidade, debatido em nove encontros no Museu da República;

24 nov.
Como parte das homenagens que o 22º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A organização do festival consegue autorização da família de Glauber Rocha para a exposição Trilogia da Terra, que aborda os filmes Deus e o diabo na terra do sol, Terra em transe e A idade da terra. Aberta no Espaço Cultural 508 Sul, com fotografias, textos inéditos, desenhos, roteiros e cartazes. A sessão multimídia organizada por Érick Hermany compreendia filmografia e cronologia comentada pela própria voz de Glauber Rocha e por biógrafos. Os textos inéditos estavam impressos em roxo e em preto os publicados.
Dona Lúcia afirmou que não havia como montar a mostra com menos de R$50 mil, no Rio o patrocínio do Bnds foi de R$40 mil. No final dona Lúcia aceitou trazer a exposição por pouco menos. — Não falo por quanto porque se não fica chato para ela, que foi muito legal. Declara Maria Luiza Dornas;

30 nov.

Carlos Hugo Christensen, o argentino de Copacabana morre aos 85 anos. O cineasta dedicou ao Rio de Janeiro uma trilogia amorosa formada por Meus Amores no Rio, Esse Rio que eu amo e Crônicas da cidade amada;

Dezembro
No centenário de Gilberto Freire, Nelson Pereira dos Santos dirige a adaptação de Casa Grande & Senzala para uma série de tevê do canal pago GNT;

8 dez.
José Roberto Arruda lança a biografia "Lúcia, a mãe de Glauber". Pesquisa apaixonante e executada com um vocabulário rico de expressões da língua portuguesa, segundo o senador: — Foi como contar a historia do cinema brasileiro pelas feijoadas das tardes de sábado;

18 dez.
Robert Bresson, morre. Desbravador da Nouvelle Vague; para ele, filmar era contar uma história como num teatro fotografado com som;
27 dez.
Paris. Pierre Clémente o ator francês que em Cabeças Cortadas, faz o papel de um camponês; morre aos 57 anos;

2.000

Janeiro
Minas Gerais. Um júri formado por 36 jornalistas, críticos e especialistas, elege Deus e o diabo na terra do sol como o “Filme brasileiro do século”. Dona Lúcia Rocha recebe o prêmio no Festival da 2ª Mostra de Cinema de Tiradentes, cidade histórica.

O ministro da Previdência, Waldeck Ornéllas e o presidente Fernando Henrique encaminham ao Congresso Nacional, projeto de lei que solicita a doação definitiva do imóvel para o Tempo Glauber.

Fevereiro
Desde 1994 nos palanques Fernando Henrique faz alusões a sua participação num filme de Glauber Rocha, agora reeleito repete ter sido convidado para trabalhar como ator em Terra em Transe.

25 fev. a 4 mar.
Portugal. Retrospectiva dos filmes de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e José Mojica Marins na 20ª edição do tradicional Fantasporto: Festival Internacional de Cinema do Porto.

Março

Apoteose, Marques de Sapucaí. A Escola de Samba União da Ilha, homenageia Glauber Rocha com o tema A terra é do homem. No carro alegórico da escola atores desfilavam evoluções com figurinos similares ao de Deus e o diabo na terra do sol.
O diretor Joel Pizzini, recebe convite de dona Lúcia Rocha, para realizar o último desejo de Glauber Rocha, uma ópera. Joel Pizzini utilizará as seqüências não aproveitadas de Terra em Transe para a base de Ópera da terra, um espetáculo multimídia em paralelo aos filmes que compõem a Trilogia da terra. A idéia também é convidar atores que participaram destes filmes para estrelar a ópera-multimídia. As seis horas inéditas mostram: — Um Glauber completamente intimista, bem mais para Alain Resnais do que para Pasolini. É um material riquíssimo. Além de ter várias cenas rodadas em locações que não foram usadas no filme, há seqüências do próprio Glauber e da equipe.

1º mai.
No dia do Trabalho, a partir das 7 horas, o Canal Brasil (Net) exibe o longa-metragem de estréia dos maiores cineastas brasileiros, Rico ri à toa, de Roberto Farias; Tati, a garota, de Bruno Barreto; Garrincha, alegria do povo, de João Pedro de Andrade; Carlota Joaquina, de Carla Camurati; "O grande momento", de Roberto Santos; "Memória de Helena", de David Neves; "A falecida", de Leon Hirszman; "Como ser solteiro", de Rosane Svartman; Os matadores, de Beto Brant; "Um céu de estrelas", de Tata Amaral; "Barravento", de Glauber Rocha; "Vai trabalhar vagabundo", de Hugo Carvana; "Cara a cara", de Júlio Bressane e "Porto das Caixas", de Paulo César Saraceni.
“Para estimular a produção cinematográfica”, o governo FHC prepara-se para enviar ao Congresso um projeto de mudança da Lei do Audiovisual, que equipara a relação entre cinema e televisão. Originalmente o projeto do ministro Weffort transformaria a tevê em parceria habilitada a buscar recursos para a produção.
— É a primeira vez que ouve falar numa transfusão em que o paciente em situação precária fornece o sangue, em vez de recebê-lo. (...) O planeta vai rir de nós. Cacá Diegues.

19 mai.
Cacá Diegues completa 60 anos. Seu novo projeto é a filmagem de "Deus é brasileiro", baseado no conto, O santo que não acreditava em Deus de João Ubaldo Ribeiro, Antônio Fagundes, interpretará Deus e será filmado na Bahia no ano que vem.

3 jun.
Eryk Aruak, trabalha simultaneamente em dois filmes: assistente de direção de Silvio Tendler no documentário "Glauber" e no seu, "Rocha que voa – algum dia de novembro" (co-direção de Bruno Vasconcelos e fotografia de Miguel Vasilskis), que ele começou quando estudava montagem na Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antônio de los Baños, em Havana.
"Rocha que voa", uma referência geográfica à cidade de Havana, recupera a passagem de Glauber Rocha por Cuba, através de uma centena de fotos e o áudio de longos depoimentos em “portunhol” de Glauber a jornalistas cubanos. Inicialmente realizado com apoio do Icaic– Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica, o documentário não utiliza nenhuma imagem em movimento de Glauber em Cuba e aguarda montagem da Serpente Filmes e distribuição do Grupo Novo de Cinema.

Na revista Bravo, a matéria "O último transe", de Fernando Eichenberg, apresenta seqüências e desenhos do roteiro inédito "O império de Napoleão", a reportagem elucidadora é ilustrada com belas fotos e ainda trás uma resenha do livro A poética polytica de Glauber Rocha, escrito por Tereza Ventura.
19 jun. O ministro da Previdência Social Waldeck Ornéllas visita o Tempo Glauber e confirma a doação definitiva do prédio. A visita teve como objetivo desfazer o mal entendido que levou o INSS a anunciar, no início do mês, o leilão do imóvel que há dez anos serve de abrigo ao acervo do cineasta.

— Nesta segunda-feira estamos encaminhando ao Congresso Nacional o projeto de lei que garante a doação. Esperamos que até o dia 20 o documento já tenha sido votado, porque este é um projeto que ninguém pode ir contra. Glauber Rocha é uma referência do Brasil. Declarou o ministro Ornéllas. O ex-colaborador e amigo do cineasta, Luís Carlos Barreto prestou sua solidariedade ao Tempo Glauber. — Ele não é só um emblema do Cinema Novo, mas do cinema brasileiro. Este acervo aqui é muito consultado pelas universidades americanas. Disse o produtor de Bossa nova:

28 jun.
Paulo Gil Soares, aposentado há um mês como diretor da Divisão de Projetos Comunitários Especiais da Rede Globo de Televisão veio a falecer dois dias depois de ter completado 65 anos. Em 1955, ao lado de Glauber Rocha, fundou as Jogralescas, onde atuou como diretor e ator, colaborou nos diálogos e na assistência de direção e cenografia em Deus e o diabo na terra do sol; foi também cenógrafo e figurinista em Terra em transe. Nos anos 70, fundou o Globo Repórter;

1º jul. O principal item do Relatório do 2º Congresso Brasileiro de Cinema em Porto Alegre, defende a exclusividade de captação da Lei do Audiovisual para a produção cinematográfica independente;

28 jul.
David Drew Zingg, morre aos 76 anos em São Paulo. Fotógrafo e jornalista americano radicado no Brasil desde 1959, autor da antológica foto colorida Os apóstolos;

Agosto
O curta-metragem Amazonas, Amazonas integra o segmento da mostra paulista do Festival de Curtas-metragens, 11ª edição, no Rio de Janeiro;
16 ago.
Centenário do falecimento do mestre do estilo em língua portuguesa, Eça de Queirós, autor de O primo Basílio, observador implacável da sociedade lusitana e fino cultor da ironia literária.

1º set.
Harry Stone, o embaixador da Motion Pictures no Brasil, falece aos 74 anos.
A ameaça de despejo do museu Tempo Glauber, passou, mas o espólio do cineasta ainda corre o risco de perder-se em meio a dívidas e falta de verbas de manutenção. Sensibilizados pelo agravamento da crise financeira que persegue o museu desde sua instalação, há dez anos, um grupo de profissionais de cinema organiza uma série de eventos para levantar recursos e minimizar as dificuldades enfrentadas pela instituição, administrada por dona Lúcia Rocha.
A manifestação batizada de Glauber 2000, preparou cursos de iniciação e especialização, ministrados por ex-colaboradores de Glauber Rocha e do Cinema Novo, como Dib Lufti e Jorge Monclar (Operação de câmera), e Walter Lima Jr., (Direção), ou admiradores de sua obra, como a atriz e roteirista Denise Bandeira, a montadora Vera Freire, e o diretor Alberto Salvá. E palestras temáticas, conduzidas por cineastas como Arnaldo Jabor, Walter Salles, Cacá Diegues e o crítico de cinema e diretor da distribuidora Riofilme José Carlos Avellar. A entidade sem nenhuma dotação orçamentária, sobrevive graças a doações e a organização de eventos culturais, cursos de formação técnica de cinema e televisão e mostras cinematográficas. O Departamento de Cursos do Tempo Glauber é coordenado pela continuista Gláucia Pelliccione e o diretor de fotografia Jorge Monclar: — Mais do que nunca, o Tempo Glauber está precisando da ajuda dos admiradores da obra do Glauber.
A atual situação do Tempo Glauber chamou a atenção de profissionais como Cacá Diegues, que prontificou-se a participar do mutirão Glauber 2000. — Ano que vem vamos lembrar os 20 anos da morte de Glauber. É inacreditável que o Ministério da Cultura já não tenha interferido de alguma maneira, transformando o Tempo Glauber num acervo cinematográfico permanente. Superado a problema do prédio, a luta agora é dar ao museu um caráter operacional. Analisa Diegues, que participou ativamente do esforço da classe em conseguir o casarão para o museu, nos anos 80.
Rogério Sganzerla dirige Helena Ignez, sua mulher e a filha Dji Sganzerla, no espetáculo Savannah Bay, de Marguerite Duras. Helena Ignez comemora 40 anos de carreira no palco ensaiando Check-up de Paulo Pontes com direção de Bibi Ferreira. Nas horas vagas Helena Ignez dá aulas de tai chi chuan, pratica quiromancia, ioga e outros exercícios orientais.
O Cine Brasília ganhará novo nome; Cine Brasília Glauber Rocha, o projeto do deputado Wasny de Roure (PT) tramitou em Comissão e aguarda em plenário a ordem do dia para ser editado em 2.001.

13 set.
O presidente Fernando Henrique cria o Grupo Executivo da Indústria do Cinema – o GEIC tem como presidente, Pedro Parente; chefe da Casa Civil, e os ministros Pedro Malan, Alcides Tápias, Pimenta da Veiga, Aloísio Nunes Ferreira e Weffort. O grupo terá seis meses para apresentar propostas estratégicas culturais e econômicas, para tornar viável a indústria do cinema no Brasil;

23 set.
A 27ª Jornada Internacional de Cinema da Bahia homenageia o ator Othon Bastos, baiano de Tucanos que inaugurou o palavrão no cinema nacional, dizendo um que deu o que falar em Sol sobre a lama, de Alex Viany. Também representou o jornalista sem escrúpulos de O pagador de promessas, de Anselmo Duarte. Othon Bastos no cinema, é ator glauberiano por excelência, sua participação em Deus e o diabo na terra do sol foi tão marcante que teve de lutar para conseguiu livrar-se da imagem de Corisco a fim de interpretar outros papéis. Deus e o diabo, foi um dos cinco filmes presentes na mostra como parte da homenagem. Os outros quatro foram: O dragão da maldade, Sol sobre a lama, de Alex Viany; Os deuses e os mortos, de Ruy Guerra; e São Bernardo, adaptação de Leon Hirszman para o romance de Graciliano Ramos.
Caminhoneiro, no filme Central do Brasil, de Walter Salles Jr., coronel Gaudêncio em A terceira morte de Joaquim Bolívar, de Flávio Cândido, e coronel Mendes na minissérie Aquarela do Brasil, são alguns papéis recentemente vividos por Othon Bastos que também é tema da série Retratos Brasileiros, do Canal Brasil, no documentário Vozes de Othon, dirigido por Joel Pizzini. O ator ex-atleta aos 67 anos ainda encontra tempo para exercícios aeróbicos, musculação e alongamento em academia de ginastica, no Rio de Janeiro. Othon Bastos apareceu num comercial da Caixa Econômica Federal;

Outubro
Reforçando as estantes culturais, é lançado o livro Cinema Brasileiro (Anos 60 e 70) – Dissimetria, Oscilação e Simulação, de Luiz Cláudio da Costa, doutor em Comunicação pela UFRJ. Editora 7 Letras;
11 out.
Rio de Janeiro. Olga Breno, a atriz de único filme, o imprescindível "Limite" de Mário Peixoto morre aos 89 anos;
16 out.
Curitiba. Ney Braga, ex-ministro da Educação e Cultura, de 1974 a 1978, morre aos 83 anos.;
20 out.
Pedro Paulo de Araújo Rocha, direção; Eryk Aruak, câmera e Ava Pátrya Yndia Yracema, produção; filhos de Glauber Rocha gravam o making of do Programa do Ratinho e um depoimento do comunicador Carlos Massa para o documentário Veracidade, sobre eleições municipais de 2.000 e democracia;

21 a 28 nov.
França. O 22º Festival dos Três Continentes de Nantes, aberto à participação de filmes da América Latina, da África e da Ásia. Promove uma grande retrospectiva dedicada a Glauber Rocha. A mostra integral esteve ameaçada por dois fatores: a autorização escrita da família do cineasta para a exibição dos filmes e, a liberação do curta Di de Glauber, ainda interditado pela família Cavalcanti para exibições públicas.
A novidade do evento consistiu em apresentar não só a filmografia de Glauber Rocha, mas também alguns programas que restaram do Abertura da TV Tupi e documentários feitos sobre ele, o vídeo "Sintra is a beautiful place to die", além de debates.
A Lumière negocia para adquirir os direitos de redistribuição de seus filmes, que serão reestreados na França e, possivelmente, na Europa.
A conceituada revista francesa Cahiers du Cinemá, antes de completar 50 anos de existência, muda o formato para atrair novo contigente de leitores e usa o quadro do festival para publicar uma edição especial sobre Glauber Rocha, discutindo seu legado e a permanência de suas idéias neste mundo globalizado.
16 a 29 nov.
Rio de Janeiro. Inocência e delírio, retrospectiva completa do diretor Walter Lima Jr, no CCBB - Centro Cultural Banco do Brasil, são exibidos 9 longas-metragens e 23 documentários, complementado por palestras e um workshop do próprio homenageado;
22 nov.
A diretora Ana Maria Magalhães, a rainha Aurora Madalena, em "A Idade da Terra", reinicia as filmagens de seu Lara cinebiografia da atriz Odette Lara.
26 nov.
Walter Lima Jr. Completa 62 anos. Dirigido por Beth Formaggini e Luís Carlos Sá, o documentário "Walter.doc – O tempo é sempre presente", de uma hora de duração é exibido pelo Canal Brasil. O diretor interrompeu o roteiro de Os desafinados, seu próximo filme ambientado no auge da bossa nova para dirigir a vitoriosas campanha televisiva de Marta Suplicy (PT) à Prefeitura de São Paulo. Ano que vem será editada a sua biografia escrita pelo crítico Carlos Alberto de Mattos.

13 a 17 dez.
Brasília. O espetáculo Romances – um fabulário do Brasil, do bardo Ary Pará-raios, no Teatro Goldoni, resgata as músicas Deus e o diabo na terra do sol, Sérgio Ricardo e Glauber Rocha; Tema de Manuel e Rosa, Tema de Sebastião, Sérgio Ricardo e o Monólogo de Sebastião, Glauber Rocha. Em cena Ary Pará-raios aparece com uma capa lembrando o personagem de Maurício do Valle. A música Deus e o diabo, no encerramento é recebida com empatia e calor pela platéia. Para transcrever as música Ary Pará-raios, amigo de longa data de Glauber e convidado para as filmagens de O dragão da maldade contra o santo guerreiro, ouviu o disco da trilha sonora e viu o filme.
20 dez.
Rio de Janeiro. Na Livraria Dantes, o diretor, Júlio Bressane; lança o livro Cinemancia, traçando um panorama do cinema brasileiro. O próximo filme do cineasta será Dias de Nietzsche em Turim, o ator Fernando Eiras fará o papel do filósofo.
26 dez.
Rio de Janeiro. O ator Hugo Carvana, aos 63 anos, que recentemente venceu um câncer, é o grande homenageado nas filmagens da última seqüência do filme Lara, no Teatro Municipal de Niterói. A cena retrata a festa da entrega do Prêmio Coruja de Ouro, nos anos 70, recebido por Hugo Carvana, que faz o papel dele mesmo no longa-metragem de Ana Maria Magalhães. Com os olhos marejados, Hugo Carvana foi ovacionadíssimo por mais de 200 figurantes com traje black-tie, mesmo depois de a diretora dizer “— Corta!”.
28 dez.
Silvio Tendler convida o maestro Eduardo Camenietzki para compor a trilha sonora do documentário sobre Glauber Rocha.
Paralelamente, Silvio Tendler fará nova edição das cenas para criar o longa-metragem O avesso do avesso, unindo a trajetória dos baianos Glauber e Carlos Marighela.
E o cineasta pretende ainda fazer um filme de ficção sobre Glauber, tendo Marcos Palmeira no papel-título. 
“Estou trabalhando neste documentário há vinte anos. O documentário é uma área que está em expansão no mercado internacional, sobre tudo no Brasil”.

2002
Ago.
O Cine Odeon comemora os 30 anos do Cineclube Glauber Rocha.
O cineclube tijucano - ao lado do Macunaíma, que funcionava na ABI - era um espaço de louvor ao cinema de arte e de resistência à ditadura.

10 out.
Em mesa-redonda presidida pelo embaixador, escritor e presidente da Academia Brasileira de Letras, Alberto da Costa e Silva, o acadêmico baiano Eduardo Portella festejou ontem à tarde, no Salão Nobre do Petit Trianon, sede da ABL, os seus 70 anos, completados na terça-feira passada. Ministro da Cultura de 1979 até 1980, no governo de João Figueiredo, o filólogo Eduardo Portella participou ativamente da educação e da cultura nas últimas décadas no país e hoje é o presidente da Biblioteca Nacional.
Do encontro, onde se lembrou a trajetória de Portella, participaram o tradutor e poeta Ivan Junqueira, o advogado e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Oscar Dias Corrêa, a poeta Nélida Piñon, o professor e ex-presidente da ABL Tarcísio Padilha e o embaixador Sérgio Paulo Rouanet. Grande amigo do falecido escritor Jorge Amado, Portella foi um dos maiores articuladores da entrada da escritora Zélia Gattai, viúva do escritor baiano, na Academia.

18 dezembro
DVD amplia Deus e o Diabo em 185 minutos

2003
21 fevereiro

Copião Mãe de Glauber filma sua vida num hospital

5 maio.
Dona Lúcia Rocha, 86 anos, mãe de Glauber Rocha, está passando o maior perrengue na direção do Tempo Glauber, centro cultural que guarda todo o acervo do cineasta, no Rio.
É que, há meses, a Riofilmes não repassa a verba que mantém a instituição - que já teve telefones, gás, luz e água cortados.

2 setembro
Tempo Glauber será reformado e acervo do cineasta recuperado

2004
9 jan.
Vítima de um tumor cerebral. O crítico, cineasta Rogério Sganzerla, morre aos 57 anos na manhã do dia 9, no Hospital do Câncer. Seu último filme foi “O Signo do Caos”, premiado no Festival de Brasília em novembro com as estatuetas de montagem e direção.

10 fev.
Dois ladrões numa moto tentaram roubar ontem, às 15h, a bolsa de dona Lúcia Rocha, perto do Tempo Glauber, em Botafogo.
Aos 85 anos, a mãe do cineasta reagiu e foi jogada na rua. Um gari a salvou do atropelamento.

8 mar.
A prefeitura do Rio, que, diga-se a seu favor, tem apoiado a cultura, suspendeu a ajuda ao Tempo Glauber, o centro dirigido por Lúcia Rocha, mãe do cineasta. É uma pena.
10 Mar.
Dona Lúcia Rocha e Silvio Tendler, o diretor do documentário "Glauber, o filme, labirinto do Brasil", continuam acendendo o cachimbo da paz. De início, ela havia implicado com as cenas do enterro do filho, depois com as histórias em que ele aparece fumando maconha. Lúcia e Silvio estarão juntos este domingo, aniversário de 65 anos de Glauber, lançando o filme em Salvador.

25 nov.
Festival de Brasília assiste a renascimento de clássicos do cinema

Tereza Novaes - Folha de São Paulo
Enviada especial a Brasília

O poeta Paulo Martins, o senador dom Porfírio Diaz, o governador dom Felipe Vieira e o empresário dom Julio Fuentes voltam a circular por Eldorado. Trinta e sete anos depois, os personagens do filme "Terra em Transe" retornam à tela grande sem as marcas trazidas pelo tempo, graças à restauração de seu original. A primeira exibição do resultado do trabalho acontece hoje dentro do Festival de Brasília.

E não é só o clássico de Glauber Rocha que revive. "O País de São Saruê", documentário de Vladimir Carvalho, também passou por um restauro e é atração de amanhã no festival.

A recuperação do "master" de "Terra em Transe" --do qual serão feitas as cópias para a reestréia em março do ano que vem-- demorou 14 meses para ser concluída e foi feita a partir de um exemplar do filme que estava em Berlim, na Alemanha.

O negativo original foi perdido em um incêndio na França. Os fotogramas da cópia alemã foram escaneados, tratados em computador e só depois transferidos para película.

O som passou por processo semelhante, mas foi necessário usar o material de três cópias diferentes para aperfeiçoá-lo.

"O tempo da memória está lá. O restauro só trouxe de volta a beleza, para que o filme brilhasse de novo", diz Paloma Rocha, 44, filha do diretor e mentora da recuperação de sua obra. "Não havia mais possibilidade de mostrar os filmes do meu pai, as pessoas me pediam e não tinha como exibir", conta ela.

Aproveitando a sugestão da própria Petrobras, que patrocinava a transposição para DVD de dez longas de Glauber, Paloma incluiu na conta a recuperação dos originais. Mas teve que reduzir a lista para quatro títulos.

Os próximos a serem restaurados e lançados em DVD são "Barravento", "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro" e "Idade da Terra".

Em uma segunda etapa do projeto, Paloma pretende restaurar mais filmes. O primeiro da lista é "Deus e o Diabo na Terra do Sol", que já foi remasterizado e transformado em DVD.

Os relançamentos serão acompanhados de disco com extras. Para "Terra em Transe", Paloma e o diretor Joel Pizzini criaram 13 capítulos que tratam de vários aspectos da obra e somam duas horas e 15 minutos de imagens. Trailer, o curta "Maranhão 66", de Glauber, e uma seção com 30 fotos completam o pacote.

Safenado

"É uma iniciativa auspiciosa. Não tenho posses, ser produtor independente é sinônimo de pobreza. O negativo estava muito afetado e o serviço de restauro é muito custoso para uma pessoa física", diz Vladimir Carvalho.

O cineasta de 69 anos viu o "master" de "O País de São Saruê" renascer depois de 13 meses e R$ 120 mil. O diretor recebe também homenagens no festival. Antes da exibição de seu filme, amanhã, será lançado o documentário "Vladimir Carvalho: Conterrâneo Velho de Guerra", de Dácia Ibiapina.

"O País de São Saruê", de 1971, é um retrato do sertão nordestino na época, mostrando a cultura em deterioração, as formas de cultivo e os costumes.

"Esse filme é como gente, primeiro pegou uma cadeia de dez anos e depois foi safenado", brinca o diretor, fazendo referência ao tempo em que o filme ficou proibido pela censura durante a década de 70.


2006
12 jan.
Curso ministrado por Felipe Martins, ator e diretor começa neste fim de semana no Tempo Glauber, em Botafogo.
O curso termina em fevereiro.
Segundo o ator, o curso não é profissionalizante, mas oferece noções de como a pessoa pode seguir na carreira.
- Enfatizamos também a necessidade de estudo na profissão - diz Felipe.

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