Naná Vasconcelos — Biriba é pau!

— Biriba é pau!

Naná Vasconcelos depoimento a Mário Pazcheco

O pernambucano Juvenal de Holanda Vasconcelos, o mundialmente aclamado percussionista Naná Vasconcelos, começou sua carreira internacional em 1970.

 Amazonas, seu primeiro disco solo, lançado no Brasil em agosto de 1973, trazia um compêndio sonoro das idéias rítmicas que caracterizaram os últimos 50 anos da música popular brasileira.

"Falar sobre Glauber Rocha é falar sobre a geração dele numa época, no mundo onde surgiram os Beatles, o free jazz, uma geração que na música culminou com Jimi Hendrix, no jazz com o free jazz e no cinema Glauber foi o Cinema Novo, na Europa era o Godard e no resto do mundo era Glauber.

"O Glauber pintou com uma linguagem muito diferente de tudo o que estava acontecendo na época, porque ele pensava e dizia que o cinema estava na rua. O negócio é saber filmar como ele soube tão bem. Ele era imprevisível, você nunca conseguia captar o que estava dentro da cabeça do Glauber.

"Coincidentemente fomos morar eu, Glauber e o Fabiano, quando ele chegou em Nova York, lá na Riverton Street em 1971-72. Fabiano Canosa hoje é um grande programador de cinema lá nos Estados Unidos, e o Glauber sempre falava pra mim:
— Biriba é pau, arco de São Jorge.

"Eu ficava estudando berimbau, e o Glauber ficava nu escrevendo e o Fabiano se virando lá, coitado, no cinema do Dan Talbot. Distribuidor de filmes em Nova York . Foi Fabiano que fez por ideias de Glauber o Festival Carmem Miranda nos dois cinemas do Dan Talbot, em Nova York, e foi um grande sucesso. Fabiano enfeitou os dois cinemas que Dan Talbot tem ainda acredito, lá em Nova York, um no Village, que era o lugar jovem, onde estava todo o pessoal do beatnik, todo pessoal hippie do East Side dos Estados Unidos. E, no Middletown, estava o outro cinema. Fabiano fazia sessões de fim-de-semana, sessões de meia-noite, enfeitava a frente dos cinemas de bananas, abacaxis, tudo isso foi ideia do Glauber, e era o Festival Carmem Miranda, porque o maior material de Carmem Miranda está lá, grande parte nos Estados Unidos, com Dean Martin, um artista que participou de grandes musicais americanos.

"Foi feito um filme na época comigo e o berimbau, chamado O Berimbau, que era um filme educacional para passar nas Universidades, explicando um pouco o que era o berimbau, de onde veio, de que parte da África veio e também nesse filme foi até utilizado uma parte do filme Barravento, que tem uma cena de capoeira utilizada para ilustrar esse pequeno filme feito sobre o meu trabalho.

"E Glauber, no último filme que ele deixou aí, A Idade da Terra, a trilha sonora foi toda tirada de um disco meu chamado Amazonas, principalmente a abertura.

— Que eu posso falar de Glauber Rocha ?

"Glauber, esse gênio imprevisível e que revolucionou o cinema mundial na época, porque o Cinema Novo é como se diz assim... A Bossa Nova é João Gilberto, e o Cinema Novo foi Glauber Rocha, não foi mais ninguém... mas o Glauber Rocha era muito mais do que Cinema Novo. Há, há, há! Terminei."


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