Cleópatra de Júlio Bressane

Cleopatra 

De como argumentar relativamente à importância de Cleópatra, de Júlio Bressane, para o cinema contemporâneo e de como o público alvo não tem necessidade de ser dotado, nem de uma larga erudição, nem de alguma requintada formação filosófica


 
     Qualquer linguagem, meio que una várias linguagens, em qualquer suporte pode, mutatis mutandis, ser usado para produzir objetos e processos de comunicação (complexos de comunicação) das mais diversas naturezas. A linguagem verbal escrita se presta a produção de listas telefônicas, receitas culinárias, literatura, tratados filosóficos, etc. Assim temos música feita especialmente para ser usufruída por especialistas em teoria musical, bem como temos, na canção popular uma variedade de letras que podem, por vezes, exigir algum grau de conhecimento e envolvimento com alguns campos do saber e contextos artísticos e factuais mais ou menos específicos.
     Um espectador não vai conseguir muito êxito se for assistir a Idade da terra, de Glauber Rocha, com as mesmas expectativas e os mesmos propósitos que o levam a algum filme de Wood Além ou de Jerry Lewis. São cinemas distintos, todos com direito à existência.
     É indiscutivelmente justo que qualquer pessoa não goste desse ou daquele autor, dessa ou daquela obra, desse ou daquele gênero. Entretanto, existem obras de arte (e objetos de comunicação, processos de representação etc não artísticos) que podem, e quase devem, ser apreciados de maneira semelhante àquela do estudo de um ensaio de ciências humanas, de um tratado filosófico, de uma obra de densa e complexa literatura, etc. Nem sempre gostamos daquilo que aprovamos, de uma peça relativamente à qual não queremos, ou talvez nem venhamos a estar em condições de, negar sua importância dentro de algum contexto sociocultural e histórico.
     Diante do fato de que algumas obras de arte são semelhantes à tratados filosóficos ou a complexas obras da literatura, por exemplo, não é possível para um texto jornalístico -- mesmo que este ambicione a condição de um texto "crítico" --, comportar a defesa da importância de tais obras. E muitas são de fato muito importantes para o cinema planetário. O mote aqui é o filme  Cleópatra, de Júlio Bressane. Uma comunidade na rede, um grupo de debate por correio eletrônico, um sítio, seriam suportes e meios capazes de veicular estilos de escritura capazes de versar criticamente sobre tal obra cinematográfica. Isso demandaria, infelizmente, tremendo esforço e empenho da parte de um único escritor-crítico.
     Postar na rede indicações de filmes, bibliografia e sítios que possam auxiliar na formação de uma carga, uma atmosfera, de informações colaterais, contextuais, úteis a uma compreensão mais detida do filme, entretanto, é um empreendimento possível de ser levado adiante. Não posso, por hora, nem mesmo prometer levar a cabo tal empreitada.  Estou sim, em condições de garantir um empenho para ao menos dar início a uma rede de textos veiculados em suportes e meios diversos que possam colaborar pra o estudo do cinema, do cinema brasileiro e, especialmente, do cinema de cineastas como Glauber Rocha, Rogério Sganzerla e Júlio Bressane. Assim, talvez não fique tão longe a possibilidade de diversos espectadores, que antes não viram importância em Cleópatra, lançarem novos olhares sobre o filme.


 


Cordiais Saudações! 
Sandro Alves 

P.S.: Este texto vai para vocês tal como eu o escrevi, digamos, de uma primeira teclada assim completamente sem pena. Para não levar tinta, devo revisá-lo e pedir que os amigos apontem pontos problemáticos ou não satisfatórios do mesmo. Ave Bressane!

 

 

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