Obras Icônicas de Andy Warhol São Destruídas em Incêndios em Los Angeles Enquanto Outras Chegam ao Brasil com Esquema de Guerra (2025)
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Obras Icônicas de Andy Warhol São Destruídas em Incêndios em Los Angeles Enquanto Outras Chegam ao Brasil com Esquema de Guerra
Por ContraCultural – 18 de abril de 2025
Num paradoxo dramático, enquanto obras monumentais de Andy Warhol desembarcam no Brasil sob forte esquema de segurança, uma onda de incêndios em Los Angeles devasta parte de seu legado artístico. A cidade californiana enfrenta uma das maiores tragédias culturais da história recente, com perdas irreparáveis para a arte moderna e contemporânea.
Segundo o diretor da empresa Risk Strategies, Simon de Burgh Codrington, os incêndios representam “uma das maiores perdas de arte da história da América”. Um dos episódios mais marcantes envolve a casa do colecionador Ron Rivlin, destruída pelo fogo. Rivlin, fundador da Pop Art Gallery, perdeu cerca de 200 obras de arte, incluindo aproximadamente 30 peças de Andy Warhol, entre elas impressões das icônicas latas de sopa Campbell e de personagens como Mickey Mouse e Superman. Apenas três obras do artista foram salvas.
Além de Warhol, outros nomes gigantes foram atingidos: trabalhos de Keith Haring, Damien Hirst e o acervo da editora musical Belmont Music Publishing, pertencente a Larry Schoenberg, filho do compositor Arnold Schoenberg. A casa, que guardava cerca de 100 mil partituras, livros e fotos, foi totalmente destruída. Embora os manuscritos originais estejam seguros em Viena, os backups digitais das partituras se perderam, dificultando imensamente a reconstrução do material.
Também no universo da música, o produtor e DJ Madlib relatou a perda de “décadas de músicas” e equipamentos em sua residência, enquanto o autor e artista Gary Indiana viu sua biblioteca pessoal recém-transferida para Altadena, Califórnia, ser reduzida a cinzas.
Do Inferno ao Palco: Warhol no Brasil
Enquanto a destruição avança nos EUA, o Brasil se prepara para uma celebração histórica: a megaretrospectiva de Andy Warhol no Museu de Arte Brasileira da FAAP, em São Paulo. São quase 600 obras, incluindo a monumental “A Última Ceia”, versão pop art do clássico de Leonardo da Vinci com 10 metros de largura. A exposição será inaugurada no dia 1º de maio.
Diante de um cenário de tensão política nos Estados Unidos, especialmente com a ascensão de Donald Trump e sua política de cortes a museus e reescrita do imaginário cultural americano, o transporte das obras para o Brasil foi tratado com estratégia militar: três aviões e três caminhões, saindo de diferentes cidades americanas em horários distintos, foram utilizados para evitar que um eventual desastre comprometesse todo o acervo.
A operação, supervisionada por equipes americanas especializadas, garante que o público brasileiro tenha acesso a clássicos como os retratos de Elvis Presley, Mao Tsé-Tung e as emblemáticas serigrafias de Marilyn Monroe. Pessoas ligadas à organização comemoram o fato de o contrato da exposição ter sido firmado antes das eleições americanas, já que hoje a liberação de acervos internacionais enfrenta barreiras crescentes.
Warhol Entre o Caos e o Culto
A ironia cruel do momento é clara: enquanto o mundo perde partes fundamentais do legado de Warhol e de outros ícones culturais nas chamas de Los Angeles, o Brasil se torna palco de uma das maiores exposições dedicadas ao artista fora dos Estados Unidos.
O contraste entre as obras carbonizadas na Califórnia e aquelas resguardadas e celebradas em São Paulo revela a fragilidade — e a força — da arte em tempos de crise. Warhol, que sempre transitou entre o efêmero e o eterno, talvez visse nisso tudo um retrato perfeito do mundo contemporâneo: beleza, fama e ruína coexistindo numa mesma tela.
ContraCultural segue acompanhando os desdobramentos da mostra em São Paulo e as atualizações sobre as perdas nos EUA.