café da manhã, 3 de novembro de 2021

febril

O descrente perguntou:  o que você faz?
– Escrevo.
A segunda pergunta, – Onde?
– Facebook. Fim de conversa.

Ainda nos 70s, os intelectuais, da QE 32, entre eles, Flavão e Gabriel, queriam me mandar para Cuba, para aprender o ofício.

Escrevo lentilhas. Cuspo linhas. Na faculdade, quando limpei o primeiro trabalho, me contrataram como revisor. Nos anos 80s, sem diploma de jornalismo, tive coluna em jornal impresso, foi o auge. No serviço, quando entreguei o primeiro relatório, me colocaram no gabinete. Escrevo aforismos desaforados, não tenho uma grande inteligência, tenho talento:

Meus melhores amigos, Ric Muniz e Ric(ardo) Lee eram órfãos de pai, ainda adolescentes. Já naquele tempo, eu compreendia a inquietude calma na alma deles. Para mim, a morte do meu pai é ainda recente e eu não a sinto, como eles sentiram. Meu pai viveu por 85 anos. Isto afasta de mim qualquer sofrimento. Estou num projeto de exibição de revistas em quadrinhos. E, hoje, Dia dos finados, estou mexendo em revistas compradas ainda em Osasco, em 1975. Me traz de volta, a alegria de a gente não saber pelo que aguardava. E, é como hoje, eu ainda não sei dos efeitos do amanhã. Do que pode ser e será. Aos meus amigos órfãos, cuja vida foi muito mais difícil. Abraço, Gicello. Um som que nos diz tudo:

A morte nos faz assumir as conveniências da vida. Faz um ano que eu assumi poda, plantio, conservação e adubação. Ainda não aprendi todos estes macetes. Gasto horrores com a conta da água. Ainda não sei replantar, não sei mudar as mudas e muito menos converso com elas. Não posso dar mudas, pois não sei mantê-las, não estou a fim de ficar tampando buraco. Se tinha uma coisa que a Rosângela estrilava era quando alguém sem o seu consentimento furtava uma muda. No dia seguinte, tiraram uma muda e nem pediram. ´É a reminescência que ficou: porra, este rock é um pau no cu mesmo. Tenho medo de as pessoas virem e sequestrarem as mudas. Sei das mais difíceis, ainda estou apanhando com aquelas que eu tenho que mudar de lugar para evitar Sol direto ou aquelas que estão encharcadas. E, nesse proceso banalizo horrores. Ninguém nunca trouxe uma muda ou fez assessoria. E ainda querem utilizar o atelier dela, como é que vai ficar quando as tintas secarem e se mexerem nos esboços dela? Então, eu fico de vigília tem um lance que eu estou batendo de frente, apareceu um monte de gente querendo mudas de suculentas. Não vai rolar, vá à floricultura. Tenho certeza de que se eu vacilar as plantinhas serão extintas. Hoje, as plantas estão radiantes mirando o firmamento. Me sinto aquele personagem dos quadrinhos, o Monstro Do Pântano, ele tem um toque que faz florescer. Eu ainda estou atrás deste toque. Quem sabe com mais grana eu compro uma terra preta e adubo. A capivara comeu a mandioca. Os micos estão mordendo as mangas e as bananas. Vou começar o mandiocal do zero. As capivaras acabaram com a cana. Faz um ano que eu abandonei os LPs e gibis. Acho que serei floricultor é menos pesado do que horticultor. Cuide de suas plantas é como cuidar de você e da mem´roia de quem as cultivava

Foi um longo ano, e eu não vou dar telas também. Fica a exibição de eternos quadros, faz falta aqueles que foram levados. Não tem mais nada para emoldurar.

Rock operário de peão vai rolar. Produção de Julimar Dos Santos e Tiago Rabelo. #dopropriobolso convida Cida Carvalho Banda Deus Preto Banda Ser & Black Rainbow.

Não sou político sendo, acho que sou o político das artes visuais psicodélicas, as tais das portas. Em todos aqueles seriados dos ANOS 60, atrás das portas estavam as labaredas. Não tenho nada contra ninguém. Não sou eu que aplico as sanções, são as pessoas. Se ficar de boa pode tocar, o que acontece é que as pessoas não ficam de boa: "– Você chamou esse cara para me sacanear!?" É o que eu mais ouço e aí aplico a melhor vodíca e a melhor maconha e trato o "adversário" da melhor maneira ou peço para ele ficar mais para lá do que aqui. Ou na festa, eu colo no cara para que não aconteça mais nenhuma desavença. Eu quero que os empata festa se fodam. Penso muito no agito que o Retz fazia, penso que a Rosângela Meneses é que era a grande produtora do rock. Estes tempos se foram para sempre. Dentro do canal stereo da dignidade, eu tenho que pedir que você toque para nós sem cobrar o que o seu trabalho vale. Toque pela festa, toque por nós, toque por você. Esta imagem, eu guardo dentro de mim e é chegada a hora de expulsá-la do ventre. Julimar pinte a porta e Magu, você poderá vir filmar a nossa festa? Nome da festa? Rock dos pais e das mães.

Delírio febril do espírito juvenil de quando eu usava a meia furada no dedão do pé e fui à casa daquela menina, a Fátima e ao tirar o pé do tênis, fiquei com vergonha do furo da meia e do tamanho da unha maior, do que a de um tamanduá. Meu pulso doi e não é caimbra. Fomos fixar dois armários na parede. Em um deles, tinha um ferrolho atravessado de ponta a ponta. Que impedia, que com o peso, a peça descarrilhasse do trilho na parte debaixo. Com uma dobradiça fixada na parte debaixo, equilibrei o peso todo na parede. Trouxe a mesa em três partes, o vidro, o tampo e o tripé. Passei 3 horas carregando papel e colocando no tampo. Tem posteres de Jimi Hendrix, de Led Zeppelin, dos Stones, do Pink Floyd. (Vindos da Austrália, tem posteres do cinema nacional, de Mário Peixoto e tem um de Glauber Rocha, do Abanasis). É tanto papel que dá para esquentar a tumba do faraó. Tem chapas dos pulmões, tem o passaporte do Andy Warhol. Quando eu faço arte eu estrago a arte. Há posteres borrados. Reminescências de toda uma vida. Poster de Rogério Duarte, de José Martinez. Do Mick Jagger, do Queen. Posteres de quadrinhos de 2009. Enfim cocluí o translado das imagens. Elas ficaram estufadas dentro dos armários à mostra em seus vidros decodificados. Falaram que foi uma decoração de bom gosto. Tudo isso para planar o vidro temperado acima do tampo, a fim de não quebrar. A vida seguia, com um golpe de caratê, dividimos ao meio uma chapa de compensado. Da escada tirei um trilho de madeira que criava cupim. E, fomos para o palco, na dimensão de 2m x 2m, pesa tipo cem quilos. É uma madeira sagrada tirada do palco do caminhão. Havia uma celebração em reutilizar o que utilizamos. Quero pintar este palco com tinta zarcão marrom e depois pintar as flores de Andy Warhol na superfície como em uma cortina de banheiro. Devo estar muito doido – a fim de colocar uma caixa no tripé menor e na frequência do Bluetooth tocar as músicas que eu amo, músicas cafonas de amor, tipo do Júpiter Maçã. Naqueles dias difíceis, eu respirava Júpiter Maçã e Mopho, era o que me entorpecia. De repente, foram ao chão o amplificador e os meus microfones, foi o maior atentado que eu sofri. Que batessem no carro, que me atropelassem. Aí passei a ter pavor de mim. E fiquei menor do que um anão. Mas, Stan Lee, escreveu quem não passou por isso? O pulso ainda doi, o dia de peão é longo. Preciso comprar um litro de querosene para tirar os fungos das paredes. Estou esperando por um rock, vendi um ingresso hoje, mas devolvi as 50 pilas. Um rock sem lei, maldito e marginal tal como uma canção de Sérgio Sampaio. Acima da porta quero fazer o céu estrelado. Fico girando, engravidando ideias próprias e precoces.

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