Brazza & Claudette: Inferno no Conic (1995)
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Claudette no Banco de Trás: Uma Cena de Brazza no Conic
Circa 1995. No alto do baixo Conic – aquela plataforma superior onde tudo reverbera – o rugido de um helicóptero cortava o ar bem acima de nossas cabeças e silenciava a conversa na mesa suspeita. Cervejas suadas na mesa, eu, Brawler e Sandro, o taxista. Aliás, existe alguma mesa inocente ali?
Tomado por um pânico súbito, soltei:
– Alguém tem alguma coisa em cima? Descarta!
Logo depois do barulho rude do helicóptero – parecia o do governador – as vielas e escadas vomitaram um pelotão da Patamo: homens de preto, cassetetes em punho, cães farejadores na coleira. Fila, pitbull, rottweiler. Cercaram tudo. Pensei: fodeu.
Mas então alguém sussurrou:
– Relaxa, Pazcheco... Os cães estão aqui pra atuar.
– Atuar?! — estranhei.
– É, o Brazza tá rodando o novo filme dele aqui mesmo.
Durante a filmagem, só faltou o helicóptero pousar. E haja olhos e pernas pra acompanhar aquele mise-en-scène. Numa das cenas, bem na frente do Conic, um dos vilões – um careca gordo de bigode, cara de açougueiro — sequestrava a mulher do bombeiro. A linda atriz era jogada no banco de trás de um carrão de gângster.
Regravaram a cena duas vezes. Claudette Joubert dava chilique, pedia menos brutalidade, menos realismo. Mas o brutamontes atirava ela de novo. Ela caía, se recompunha, ajeitava a roupa curta, o cabelo armado. Era como ver ao vivo aquelas heroínas dos livrinhos de banca, com pernas longas e decotes apetitosos.
A equipe filmava cercada por uma multidão de curiosos. Um fotógrafo amador clicava em sequência, tentando eternizar em slides o Brazza em ação – captando toda a fúria estética daquele caos coreografado. Um instante feroz, jamais visto. E que jamais será refeito.