Já Houve Exposição Artística com Cadernos Culturais, Recortes e Outras Parafernálias? (2025)
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Já Houve Exposição Artística com Cadernos Culturais, Recortes e Outras Parafernálias?
A resposta é sim — e que bom que já houve! Mas talvez ainda não o suficiente.
Em tempos em que tudo parece dissolvido na velocidade das redes, há quem ainda valorize o papel, o toque, o rasgo, a dobra. Há quem junte cadernos culturais de jornais, recortes de revistas, flyers de shows, ingressos amassados no bolso, cartazes colados com durex e até listas de bandas rabiscadas em guardanapos de bar. Esses "restos", que para muitos são lixo ou nostalgia ultrapassada, vêm ganhando espaço em exposições e projetos artísticos mundo afora — e também aqui no Brasil.
Expor esses materiais é mais do que contar uma história pessoal. É reconhecer que a memória cultural de uma época se constrói também pelos fragmentos do cotidiano: um recorte de jornal que anuncia um show obscuro, uma foto amarelada de uma peça teatral independente, ou aquele caderno onde alguém rabiscou a crítica de um disco que só tocava na rádio universitária.
Museus alternativos, centros culturais e até espaços independentes têm se aberto para esse tipo de narrativa visual. Em algumas dessas exposições, os curadores — muitas vezes colecionadores ou participantes diretos da cena cultural retratada — tratam o acervo como arte bruta, como documento-vivo. E é exatamente essa pulsação que interessa: mostrar que o fazer cultural não nasce apenas no palco, na galeria ou no estúdio, mas também nos bastidores, nas bancas, nas salas de estar, nos sebos e nos zines.
O blog Do Próprio Bol$O nasce dessa mesma energia. Acreditamos que as colagens, os rascunhos e os arquivos pessoais também são formas de resistência e criação. Que um caderno de anotações pode valer mais do que um release oficial. Que os rastros da cultura não devem ser limpos — devem ser exibidos com orgulho.
Se você também tem esses tesouros guardados, saiba: isso tudo é história. É arte. É memória em estado bruto. E merece ser mostrado.
Quem sabe a próxima exposição não será feita do seu próprio bolso?