Sandro Alves Silveira: A linha esquecida

Poesia e humanidade

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A linha esquecida

March 5, 2010

 

Detalhe de colagem de Mário Pacheco (Foto: Sandro Alves)

 

A linha do gol nuca foi a linha de meta

Uma curva, um zique ou uma seta

A porta do vizinho não é uma oferta

E certamento você não tem dons de profeta

Proteja-te a ti mesmo

Observe sempre a vida

Pela porta da sala ou pelos fundos

Você pode acabar encontrando saída

Uma blusa, uma luva, uma calça antiga

Os olhos tão longes daquela menina

Uma curva, uma reta, linha perdida

ponto, pronta, ponta esquerda distraída

Paralelas ou setas em grandes avenidas

Os sonhos de sucesso

Calças velhas

Canções e poemas paralelos

Meninas perdidas no tempo

Menino esquecido de si

Amor próprio lento.

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Sombras e obras

March 4, 2010

Foto:  Sandro Alves

contar histórias
descontar memórias
fazer rir
ou fazer fazer
mo mínimo
fica tudo em si
mesmo assim
falo também de mim
afinal se não tenho uma sombra
nunca terei
um lugar ao sol
no meio de tanta caverna escura
digo que faço uma sobra
porque ela é o que digo
tudo se estica
transcorre sem rumo
histórias, redundâncias
o fazer rir
no mínimo
fica tudo
assim mesmo
o que digo
não singulariza nada
são sinônimos infiéis
o seu mundo
pro meu
só é mudo
mesmo assim
insisto em falar da sombra
por que é o que eu digo.

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Posted by ssalvess


O verbo Sandro

February 27, 2010

Mais um texto desses que não se deve postar quando se tem bom senso. Mas está é uma crença do senso comum!

  Foto: Man Ray

Ando triste, na alma, por dentro, tá tudo meio triste. Desemprego, enfrentamentos políticos, uma certa distância dos botequins, uma relativa solidão. Com toda a calma e autoconsciência que me cabem, olho para mim e vejo que, apesar de alguns deslizes, não agi, em momento algum, em direção contrária aos meus princípios básicos, às minhas concepções fundamentais. E assim mesmo, ando triste, Sandro triste.

Sandro triste. É ai que veio o ponto mais duro da autocrítica, ter que me ver como um completo estranho, completamente alheio a certas modalidades do jogo sociopolítico prosaico humano. Sentimento difícil este que nos identifica como diferentes da maioria dos nossos “iguais”, pois se mistura com o ressentimento. O ressentido é aquele que fracassou mas, em seu íntimo, tem para si a absoluta convicção de que seu fracasso se deve a fatores externos. Em outras palavras, para o ressentido, o mundo não está preparado para ele, ele é muito bom para o mundo. Eu, pelo menos quando me olho o mais fundo e o mais raso simultaneamente que posso, me vejo já como um indivíduo que já superou, em larga e profunda medida, este sentimento melodramático da vitima ressentida. Mas então, se é verdade que não estou exatamente ressentido, talvez um pouco ressentido, por que a tristeza. Não fracassei, pelo contrário, vivo um momento de vitória. Porque Sandro meio triste?

Estou vencendo, a cada dia realizo mais meus dificílimos propósitos e tenho cada vez mais reconhecimento nos campos por onde vou me embrenhando. Então, de onde as réstias de ressentimento, de onde penso que o mundo não é suficiente bom para mim, a partir de onde começo a andar meio triste? Olho meu filho, olho as árvores lá fora _ meu filho acaba de tossir _ e penso: Deus _ se deus existe (esse texto foi escrito há alguns anos) _ tenho muito medo de viver nesse seu mundo. Apesar de toda coragem pontual da qual venho me valendo, a despeito de ter ímpetos de verdadeiro herói (herói no sentido que Millor Fernades deu ao termo: aquele que não conseguiu fugir a tempo), o medo dura longo em mim, quando olho bem fundo em mim, e vejo, lá também, meus iguais.

Nitsche dizia algo mais ou menos assim: “se você olhar no fundo do abismo, o abismo irá olhar bem fundo em você”. Mas o mais terrível desse esporte radical, desse rapel espiritual, é que a solidão progressiva devora a alma do infeliz audacioso. O homem é uma animal dotado de falsas mobilidades espirituais: se avança para o céus, pega fogo, inflama, quando vê a face de Deus, se mergulha no abismo, abisma-se em si mesmo amargando indescritível solidão e, finalmente, quando tenta ver a si mesmo, descobre que seu órgão de visão é, na verdade um mísero ponto cego, de onde ele jamais poderá olhar sua própria face.

Não pode ir aos céus e ver a face de Deus (sabiam que o dia em que explode a primeira nave espacial com civis era também o dia considerado como o do centenário da invenção do automóvel. Ninguém nunca notou isto além de mim, dentro das minhas relações). Mas a vida, conforme Roland Barthes, é feita assim, de pequenos golpes de solidão.

Não pode descer até o fundo do abismo e ver o inferno _ que seria ao menos distante deste mundo prosaico – e, finalmente, não pode ver a si mesmo! E então, se somos assim tão imobilizados, porque Sandro meio triste, porque ando triste, porque, apesar de toda a estática o extático, o sutil extase, vem de mãos dadas com a tristeza? Por onde ando, por onde sou, por onde Sandro?

Já viram uma formiga, dando voltas, andando aleatoriamente, presa dentro de um copo? É, a vida deve ser mesmo um copo de dados, e não um lance de dados: un coup de des jamais abolirá o acaso? Não, um copo, um ambiente fechado, jamais abolira o acaso. Por isto andamos, tentamos abrir horizontes, mesmo que tristes. Enfim, recorro, neste andar triste, a algumas alegrias, como a que propiciou ler o Páginas de Estética de João Ribeiro, que nos lega também a seguinte frase: É um grande faltar, êsse da vida.

Sandro Alves

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Essa é pra me ajudar a lembrar que não pensar é mediocridade inafiançável!

January 22, 2010

Alguns momentos da conversa entre eu e o Sávio Ivo no Facebook (e uns poucos inventados depois por mim) para me ajudar a não esquecer de pensar que não pensar é mediocridade inafiançável! A versão sem cortes nem acréscimos está no blog do Sávio: www.cavalinhoalazao.blogspot.com

A partir de interrogações que retirei de alguns comentários relativos às ações governamentais e etc, o Sávio disse (daqui para frente é que o diálogo foi produtivo):

Savio Ivo

também li umas coisas a esse respeito. achei legal sua atitude de retirar as interrogações. me dá um tédio imenso essa conversa de reduzir a ajuda governamental a uma questão eleitoreira. boa parte desses “comentaristas” não sabem patavina de políticas públicas ou da necessidade delas. bando de corporativista babaca – mesmo quando não sabem que o são, babacas ou corporativistas.

lembra do cristovão buarque? lembra do josué de castro? do paulo freire? os irmãos vilas-boas? tem o que se melhorar? tem, mas a merenda escolar é uma realidade e a fome que ela aplaca é fato, a queda do analfabetismo tb, o parque do xingu e o reconhecimento das questões indigenas idem

se isso rendeu voto para alguem, foda-se. ainda assim o mundo está melhor do que estava o que eu vejo é um bando de gente querendo um regime ditatoria, e de gosto, que eles próprios estejam no comando para exercer a sua mão de ferro, ignorancia e pretensão. é que nem dar palpite em escalação de time de futebol. “”se eu fosse o técnico…”

como disse uma senhora muito vivida: macarrão só é duro fora da panela.

p.s.: comparar brasil com haiti, nem em conversa de buteco. faz favor.

Savio Ivo

curioso é pensar que a maioria do público com terceiro grau completo, só ouviu falar do josue de castro via chico science, se muito. e falam horrores do ganho social proporcionado pelo governo lula e fhc, tiram onda de politizados e conscientes.

há 39 minutos ·

Sandro Alves Silveira

Merenda escolar = Josué de Castro! Escolas Parques e pesquisa nas universidades = Anísio Teixeira. Implantação do sistema de trânsito civilizado, do saúde em casa e da bolsa escola em algum lugar desse pais = Cristovão (por mais que eu tenha reservas a ele esses méritos ele tem).

Concordo, Sávio, “se isso rendeu voto para alguém”, menos mal. Se tem escrotidão ai, tem muito mais nos Mau lufs, Horroris e Arruinas que fazem viadutos e estradas para melhor superfaturar.

Se o nordeste virou curral eleitoral do Lula, essa “curra” trouxe benefícios: as milhares de mães que tiveram seus filhos salvos da subnutrição, os vilarejos e cidades que viram o comércio crescer, o emprego surgir e a vida econômica lhes motivar a ficar por lá por causa da bolsa. …Ver mais

Sandro Alves Silveira

Nunca soube que a luta por se manter no poder dos grupos políticos se diferenciasse de ganhos verdadeiros para a sociedade. A dicotomia burra é: nunca existiu interesse mesmo em melhorar as condições sociais, só uma luta pelo poder. Onde foi no mundo que essas duas coisas não foram sempre uma só?

Savio Ivo

Sandro,vc é um alento. quando os esclarecidos estavam pagando pau para o pt e eu reclamava por caussa da substituição do corpo técnico da caixa econômica, eu era um pária. até diretor de parque nacioal virou posto político para sindicalista. hoje, quando eu falo mal dos rebeldes de plantão, sou reacionário.

mas conhecimento de causa não fica bem.

Sandro Alves Silveira

A tendência a polarizar, a correr para uma ilusão simplificadora que mostra a vida como um imã, é fruto do medo da sabedoria e da ousadia de pensamento: a polissemia e a pluralidade são muito difícies. Ganha-se mais cargos e imagem de bacana sendo um revolucinário de plantão do que um inquieto! Alentemo-nos Sávio, mas não dá prá aliviar para os acomodados. Como disse a Rita Lee, eles que se incomodem!

Savio Ivo

vc está acompanhando essa conversa de “terrorismo de gênero” que está rolando? presta atenção.

ontem eu vi o tom zé em uma entrevista sobre a exposição sobre o “peuqeno principe”. ele lembrou uma questão que o paulo freire comentava: quando nos tornamos protagonistas da história, usamos os mesmos aparatos repressivos nos quais fomos formados.

sinto falta de pensamento, uma percepção, sei lá. articulação para além de status no meio imediato.

há 13 minutos ·

Sandro Alves Silveira

Tenho visto o Tom Zé falando coisas fundamentais no estilo porrada na moleira sobre sexo e gênero já há algum tempo. Agora, especificamente sobre isso a que você se refere eu não sei,  Sávio.

Eu entrei em parafuso por ter sido recomendado a não coloborar com meu pensamento no mural de facebook de uma psicanalista carioca bem sucedida. Como diz o Tom Zé no filme sobre o Arnaldo Baptista: “As pessoas têm medo … pro pensamento elas dizem ´vade-retro’ “. Tem umas criaturas que repudiam alguma divagação que busca virar reflexão gente grande dizendo que o que podemos fazer é o que está ao alcanse dos nossos braços e dos nossos bolsos. Ainda bem que o ser humano não é tão limitado, tem mais que braços e bolsos, muito mais a seu alcanse e, também, ainda por alcansar.

Quando acabou a ditadura vivi muitos lugares da cultura-política onde não soubemos o que fazer em um mundo onde não bastava dizer não, onde não bastava reclamar da repressão com palavras de ordem acéfalas. Senti isso no Colégio Palmares de Brasília. A liberdade veio vindo e junto com ela um monte de escombros e um monstruoso vazio. Tem que ter peito ou culhão ou os dois prá encarar mutações sociais. Olhos abertos para os novos estratagemas repressivos. São mais que aparatos, são desempenhos (lembra do Fernando Vilar?). São complexos simbólicos em desempenhos.

Temos que botar nosso bloco na rua.

A pobre rica psicanalista assistencialista ante-pensamento carioca cruzou meu caminho em tão boa hora que só posso agradecer ao destino. É preciso ver alguém fazendo uma besteira descomunal prá gente se tocar que é possível fazer alguma coisa razoável e necessária!

há 2 minutos ·

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A história da crise de apendicite no shopping com alguns retoques posteriores

January 22, 2010
Foto: Sandro Alves

Separei em parágrafos a postagem escrita diretamente sobre a senhora que sentia muita dor no shopping. Consertei umas coisinhas e tal, mas mantive lá embaixo, lá no dia do acontecimento (na verdade na madrugada, já no outro dia só que fui postar) a postagem original, sem nenhuma alteração. Ela é como uma fotografia, um documento do que passei. Abaixo o leitor confere essa versão primeira:

http://ssalvess.wordpress.com/2010/01/11/a-morte-por-perto-hoje-no-shopping-bulevard/

. Posto agora novamente com um pouco mais de capricho por apresso ao capricho e ao afeto que ele é para com o leitor. Ai vai a nova versão:

O texto abaixo foi copiado direto de uma postagem + um comentário feitos agora há pouco no Facebook:

Uma senhora clamava pela morte, sentia muita dor. Ouvi atrás de mim no banco do Shopping, eram 4 horas da tarde. Eu demorei para conseguir agir, segurar a mão dela e conversar. No começo achei que era fingimento. Os funcionários do shopping ,exceto um, ficavam olhando de longe com medo. Outras pessoas? Ninguém. A morte mete medo, a dor mete medo, é o medo virtual maior.

Eu comecei a convencê-la de que era uma crise renal e contar que eu já tinha passado por aquilo. Uma vitrine separa a pessoa do mundo nessa hora, solidão e medo. Ela se acalmou mas a dor era grande. Um pouco antes do filho dela chegar descobri que era apendicite. Pois uma vez pensei estar com apendicite e o médico me explicou os sintomas. Eu perguntei a ela se a dor começou ali, onde doia, no rumo do rim. Ela apontou o centro do abdomem. A dor da apendicite caminha, vai do centro superior até o canto inferior direito do abdomem. Então eu tive que falar para ela e explicar que era importante ela dizer ao médico onde tinha começado a dor. Falei isso duas vezes ao filho dela que estava em uma espécie de transe. Da segunda vez ele me agradeceu nervoso e foi com ela na cadeira de rodas para o carro. Espero que essa senhora esteja viva, apendicite não deve matar muito hoje em dia.

Na mesma hora, me contou um funcionário do cinema do shopping, uma criança de 12 anos passava mal dentro do cinema. Não cheguei a sentir muito medo, mas perguntei logo se era homem ou mulher. Eu disse graças a Deus quando ele respondeu que era uma menina. O que eu disse? Graças a Deus porque uma criança passa mal? Bom, meu filho estava assistindo “Avatar” nessa hora e tem quase 12 anos (Foto dessa postagem).

Ontem Joel Macedo falou uma coisa que já ouvi por escrito de Cláudio Cesar Dias Baptista: eu sou Deus. Só que o Joel é Deus de uma forma que eu sabia que somos pela educaçao Católica: o Espírito Santo está em nós. Acabou agora há pouco um episódio de Cold Case. A música final de hoje (o bom desse seriado são as músicas que encerram cada episódio) perguntava sobre qual seria o nome de Deus, depois perguntava “e se ele for um desastrado como um de nós”. Eu disse graças a Deus porque era uma menina que passava mal, desastrado, eu sei que sou.

Estou sem sono e precisando ver filmes na TV; “Imagética Ilha”. VHS ou DVD me deprimem; não tem ninguém do lado de lá rodando os filmes, não está no ar; eu posso parar o tempo com um controle remoto, isso me desanima e não gosto de ver filmes sozinho em DVD.  Na verdade poder parar o tempo com um controle remoto quando estou sozinho me leva à angústia, sentimento de vacuidade da existência. Nem sempre, mas muitas vezes.

Quando eu era pequeno meu pai colocava um radinho de pilha em baixo do travesseiro para eu dormir com o meu medo, o meu Deus e a sensação de companhia que a tecnologia propicia: “Sonifera ilha … num radinho, de pilha …” Os olhos dela, da senhora do shopping, nos meus e eu mantive a calma e contei um pouco do que senti quando pensei que ia morrer durante a crise de renal. Ela perguntava: é meu filho? Meu filho! Berrava: Me arranja um médico pelo amor de Deus!

Parei de ver TV por essa madrugada agora. Só filmes com muito sangue e tragédia. Que fome de desespero tem a humanidade. Flusser explica que Heideger e Sartre sacaram a vacuidade da existência, mas que só Cammus entendeu o absurdo dessa vacuidade. Eu quero e vou fazendo como posso um mundo com menos dor e medo para cada um de nós. Nessa história você poderia muito bem ser um dos sentidos.

S.alves!

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A morte por perto hoje no shopping Boulevard

January 11, 2010
Foto: Sandro Alves

O texto abaixo foi copiado direto de uma postagem + um comentário feitos agora há pouco no Facebook:

Uma senhora clamava pela morte, sentia muita dor. Ouvi atrás de mim no banco do Shopping, eram 4 horas da tarde. Eu demorei para conseguir agir, segurar a mão dela e conversar. No começo achei que era fingimento. Os funcionários do shopping ,exceto um, ficavam olhando de longe com medo. Outras pessoas? Ninguém. A morte mete medo, a dor mete medo, é o medo virtual maior.

Eu comecei a convencê-la de que era uma crise renal e contar que eu já tinha passado por aquilo. Uma vitrine separa a pessoa do mundo nessa hora, solidão e medo. Ela se acalmou mas a dor era grande. Um pouco antes do filho dela chegar descobri que era apendicite. Pois uma vez pensei estar com apendicite e o médico me explicou os sintomas. Eu perguntei a ela se a dor começou ali, onde doia, no rumo do rim. Ela apontou o centro do abdomem. A dor da apendicite caminha, vai do centro superior até o canto inferior direito do abdomem. Então eu tive que falar para ela e explicar que era importante ela dizer ao médico onde tinha começado a dor. Falei isso duas vezes ao filho dela que estava em uma espécie de transe. Da segunda vez ele me agradeceu nervoso e foi com ela na cadeira de rodas para o carro. Espero que essa senhora esteja viva, apendicite não deve matar muito hoje em dia. Na mesma hora, me contou um funcionário do cinema do shopping, uma criança de 12 anos passava mal dentro do cinema. Não cheguei a sentir muito medo, mas perguntei logo se era homem ou mulher. Eu disse graças a Deus quando ele respondeu que era uma menina. O que eu disse? Bom, meu filho estava assistindo “Avatar” nessa hora. Ontem Joel Macedo falou uma coisa que já ouvi por escrito de Cláudio Cesar Dias Baptista: eu sou Deus. Só que o Joel é Deus de uma forma que eu sabia que somos pela educaçao Católica: o Espírito Santo está em nós. Acabou agora há pouco um episódio de Cold Case. A música final de hoje perguntava sobre qual seria o nome de Deus, depois perguntava “e se ele for um desastrado como um de nós”. Eu disse graças a Deus porque era uma menina que passava mal, desastrado, eu sei que sou. Estou sem sono e precisando ver filmes na TV. “Imagética Ilha”. VHS ou DVD me deprimem; não tem ninguém do lado de lá rodando os filmes, não está no ar; eu posso parar o tempo com um controle remoto, isso me desanima e não gosto de ver filmes sozinho em DVD. Nem sempre, mas muitas vezes. Quando eu era pequeno meu pai colocava um radinho de pilha em baixo do travesseiro para eu dormir com o meu medo, o meu Deus e a sensação de companhia que a tecnologia propicia: “Sonifera ilha … num radinho, de pilha …” Os olhos dela nos meus e eu mantive a calma e contei um pouco do que senti quando pensei que ia morrer durante a crise de apendicite. Ela perguntava: é meu filho? Meu filho! Berrava: Me arranja um médico pelo amor de Deus! Parei de ver TV. Só filme com muito sangue e tragédia. Que fome de desespero tem a humanidade. Flusser explica que Heideger e Sartre sacaram a vacuidade da existência, mas que só Cammus entendeu o absurdo dessa vacuidade. Eu quero e vou fazendo como posso um mundo com menos dor e medo para cada um de nós. Nessa história você poderia muito bem ser um dos sentidos.

S.alves!

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Construir sobre rocha

January 10, 2010
Foto: Sandro Alves

Construir sobre a rocha do coração. Pretendo que seja uma edificação sem paredes brancas. Junto os aprendizados de dois mestres:  as palavras de Joel Macedo e as cores de Bebel Franco.  Rochas rosas como corações em cirandas, constelações de hippyes e ciber-punks. Meu Deus! Porque eu? Porque esse ponto de vista tão privilegiado? Ver o homem que foi hippye de verdade e que é um homem hoje foi muito bom. Ter conhecido uma moça pós punk que nasceu com as cores n’alma foi outro privilégio.

Tem aquele outro personagem que nunca esquece os amigos, apesar das mais pesadas intempéries. Esse são tantos. Eu devo aprender mesmo a construir sem paredes brancas, minimiza-las ao menos. A adolescente do colégio com 43 estava tão menina, jovem, linda.

Tudo começa com aquela menina que era antropóloga mas que escrevia atrás do cartão de visita no início dos 90: “Aquela que quer ser cineasta”. Aquela que é cineasta hoje. Cineasta, mulher bela, amiga. Ela sabia que não deveríamos levar as luzes para gravar o vídeo do escritor.

E eu? Eu até que consegui deixar o escritor falar.

Ainda apareceu aquele filho da grande música, mestre dela também. Rapaz que pensa e se move por entre as linguagens: agora também faz cinema. O mais respeitado documentarista da nossa cidade também se fez presente. Ativo, movimento! Muito movimento no cineasta; cinema. Eu não sei o que pode ser uma noite dessas se não for construir sobre rocha quando se faz no coração. Foi isso que disse o escritor, isso também.

A compreensão é uma história na qual poderia muito bem caber você.

!SalveS!

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Escrevendo para as paredes

December 23, 2009

Foto:  Sandro Alves (1995)

Bom dia minha senhora,

és a retesa em pessoa. Se não tivesses estatura, não estivesses disposta na vertical, sobre a senhora uma bolinha de metal poderia rolar sem transtornos, sem desvios, pois és a retidão maior. Diante de sua brancura eu posso ver o que além de mim mesmo? Posso me irritar, ficar apaixonado ou o que quer que seja, serás sempre um quase espelho, parado em parelha com os meus olhos e orelhas, o Senhora Parede Branca.

D’outra feita pensei ter recibido da senhora uma solicitação de maior volume de recados. Logo depois viestes caçoar da própria disposição minha de escrevê–los, aquela que a Senhora mesma requisitara. Deve entender que por dentro e por trás de tamanha alva criatua, com sua retidão e verticalidade incontestáveis, estou eu e meus anseios. Devo entender que minha susceptibilidade evocou projeções e identificações aos borbulhões a Senhora, faceira, permaneceu impassiva. Oras, que pode esperar um miserável ser de carne e osso diante de uma magnânima parede branca de nuvens transcendências?

—– pausa —-

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Os Duplos

November 29, 2009

Eu escolhi uma modulação específica para ser o duplo, uma parede branca. Modulação é diferente dos módulos, explica Deleuze. As representações — significações — que se dão por meio de semelhanças ou convencionalidades (ver esses dois termos em semiótica) são moldes. Quando se trata de contigüidade, entretanto, seja na representação de uma associação de idéias mentais ou na significação da experiência de apreciar uma fotografia, o caso é de modulação. Em termos bem simples, a modulação é viva, atua, faz, modula enquantos os moldes são estáticos. Muita gente discorda de Deleuze por isso. Vamos tentar exemplificar: as pegadas de um animal na terra significam a presença do animal de várias formas, entretanto, é forte ai a representação por contigüidade. A contigüidade, a vizinhança, o contato físico, a motivação (rubrica da lingüística) é muito importante nesse tipo de representação. Se o objeto representado pela pegada, o animal, não estive entrado em contato físico (no caso a contigüidade é por contato físico) com o chão, então não teríamos ai um signo que comunica o fato de que um animal passou por ali em tal ou tal direção.

Para Deleuze, uma fotografia, uma impressão digital, uma pegada de um animal são modulações. O nome do animal escrito, o nome da pessoa fotografada ou um desenho, são moldes. A modulação é viva e é nela que o duplo se desdobra em larga medida. Vou modular duplos a partir de uma parede branca. Paredes brancas, lugar comum, folhas brancas do escritor, tela em branco do pintor; vou modular ai algum desempenho do duplo. O duplo tem muito a ver com a presença do vivo no morto e do morto no vivo. Vejamos abaixo o que posso modular então.

Diante da parede branca, sem poder ir adiante, o existir não pode ex muito, e muito menos este ex não pode ir. Parado, atado, atado pela corda inexistente que emana da parede branca. Ela é um duplo. Aqui, o duplo é um objeto morto que emana de maneira estranha e singular, inquietante, a condição do vivo que se lhe projeta suas ânsias (DIDI-HUBERMAN Georges, O que vemos o que nos olha). O duplo é a emanação do vivo, o existente, pelo morto, a parede branca, no nosso caso.

E eis que você é evocado aqui pela primeira vez, no nosso pequeno conto que canta a história de Herder. E o leitor nem sabia que estava prestes a entrar em um conto. Mas é assim a literatura, prossigamos. Herder e a parede branca não vai muito além disso: um homem diante de uma parede branca que era para ele o símbolo, o duplo, de um outro homem, também como ele existente, insistente em ser e estar, deslocando-se de alguma forma, indo para algum possível, imaginável, palpável e talvez até atingível exterior. Ex, fora de si. A etimologia do termo emoção nos leva a isso: fora de si, sair de sua condição ordinária. É a condição extática: ex tasis. O êxtase é um anseio, um desejo dilacerante de não encontrar a parede branca bem acima de nossas cabeças. Pois se os duplos campeiam como vou me deslocar para ser, como sair de uma condição à outra me movendo em direção à, desejando, efim, existindo? Talvez por entre os duplos eu consiga me mover de uma forma dupla, vivendo o extase do vivo e a emoção do morto, ou vice versa. Então, eis que Herder colocou-se diante da parede branca e dispos-se a enfrentá-la por falta de opções.

O nome Herder agrada porque lembra Goethe, um pouco, de maneira indireta, mas lembra. Deleuze, em lógica do sentido diz que uma grande filosofia pode ser identificada pela transformação, pela revolução que faz na forma de trabalhar com a causalidade. Esse foi o caso do pensamento de Goethe. A origem tal qual é estudada por Walter Benjamin em história deriva da origem da ciência e metafísica de Goethe. Mas voltemos a parede branca, aqui representada, até que eu ou Herder escrevamos o segundo capítulo, pelo branco que se segue abaixo dessa última palavra:

.

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De onde vem o nome Ramona ?

November 23, 2009

O nome Ramona hoje apareceu quando eu lia sobre o cientista e empresário Raymond Kurzweil.

Veja sobre Ramona nos endereços abaico

Um sítio http://www.kurzweilai.net/meme/frame.html?m=9 ;

Um vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=JFIXKcJK-JA .

Mas porque ele teria escolhido esse nome? O que mais significa, de onde vem? Eis algumas das acepções do termo ramona :

    Veículo de transporte coletivo da década de 20 (Jardineira Ramona). Reconstituído, o Chevrolet Ramona virou atração pelas ruas de gramado.

     

  1. Verbete no dicionário AULETE: substantivo feminino
    1. GO Grampo de metal para prender o cabelo2. Lus. Pop. Camburão da polícia; veículo para o transporte de presos[F.: Do antr. Ramona (uma das marcas do grampo).]
  2. Verbete no Houaiss:  substantivo feminino
    1. Regionalismo: Goiás.      gancho de metal para prender o cabelo; grampo.
    2. Regionalismo: Portugal. Uso: informal.      camburão da polícia, para transporte de presos
    3. Etimologia antr. Ramona, de uma marca de grampos.Veja o simpático relato de uma jovem que usa ramonas para render seus cabelos:
      http://a-mah-rela.blogspot.com/2009/05/minhas-ramonas-e-eu.html
  3. Ramona também é o nome de uma música em torno da qual se fez uma lenda de uma maldição; trilha sonora de um filme.
  4. etc.

Será que tudo começou com uma marca de grampos para mulheres? E porque o veículo de transporte que andava a 20 por hora pelas ruas do Rio foi assim nominado? Grampo para cabelo? Curioso. Sempre algum artifício, uma máquina, uma cyborg do mundo digital e uma ferramenta para uso no corpo humano. Ramona? No site mais consultado na rede sobre significado de nomes aparece o seguinte:

“RAMONA –  Origem:  INGLÊS  -  Significado:  PROTETORA.”

Ramona? Ramonas!

E tem muito mais Ramonas por ai. Tem até uma brincadeira com uma foto do grupo Ramones que postaram na web chamada Ramona Lisa.

ssalvess

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