BANDA ROCK BRASÍLIA: RÉQUIEM & REVANCHE PARA O ROCK BRASÍLIA (2014)

Réquiem & revanche para o Rock Brasília

por Mário Pazcheco

Banda Rock Brasília: Rogério “Águas”, direção musical, guitarras e voz; Magu Cartabranca, voz; Thiago Laboriel, contrabaixo; Lucas Carmo, bateria.
Faixas
1. “O Rock Brasília Ainda Não Morreu” / 2. “Comfortably Numb” / 3. “Vivifica” / 4. “Foi na Testa ou Foi no Braço? 666” / 5. “Valerá” / 6. “Fantoches”

7 nov. / 2014 - Em tempos de agrura e crise, os CDs involuntariamente assumiram um formato de miniópera, devido ao pequeno número de faixas apresentadas. Geralmente são selecionadas as melhores músicas, e se ganha tempo, ao invés dos longuíssimos e dispensáveis setenta minutos normais do CD.

Tive a oportunidade de ter acompanhado algumas apresentações da Banda Rock Brasília, para ficar familiarizado e satisfeito com o resultado deste CD de apresentação.
A direção musical é crua, mínima e urgente. O perfeccionismo parco das gravações deixou a bateria em primeiro plano, e um plano abandonado pelas gravações requintadas. Delícia ouvir o trabalho cru da bateria. O repertório é um apanhado de clichês dos 80s, desde Joan Jett a Van Halen.
A faixa de abertura “O Rock Brasília Ainda Não Morreu” corta dos dois lados. É a narrativa da ascensão e queda do ritmo da capital. Que decaiu com a morte de Renato Russo, “quem irá contar essa história”... E como tudo que é deturpado, a faixa ainda mostra o cinismo das homenagens e a revanche dos bastidores. Neste CD, são normais as reminiscências, são as homenagens à sonoridade de Loro Jones na Capital Inicial.
A versão pesada de “Comfortably Numb”, jamais gravada pela Pink Floyd, serve como fantasia e agonia para o rock Brasília. O embrião para formar a Rock Brasília é alicerçado na mitologia de capelas, jazigos, funerais, clínicas, doentes terminais, que deram origem ao nome Sepultura. – Prezado leitor, há 37 anos houve uma banda de rock pesado chamada Sepultura, que aterrorizou os coretos da cidade do Cruzeiro, no Distrito Federal. Sepultura era nome pesado e evitado, tal como acontecia também com Aborto Elétrico e Camisa de Vênus. Mal sabíamos do porvir, em que tal nome seria reutilizado em causa própria.
O nome da terceira faixa ainda não consegui desvendar. Já a faixa seguinte é um hino, “Foi na Testa ou Foi no Braço? 666”, incrivelmente parecida com uma melodia da Sem Destino, mas aqui apresentada com o humor dos filmes B. Um rock altamente vibrante, carregado de adrenalina. Em todo o CD a guitarra aparece afinada, sem abusos ou quaisquer ostentações.
Espertamente, nas outras faixas são incorporadas as batidas urbanas e o moderno palavreado, e frases do rap na apropriada “Fantoches”, em que o politicismo é abordado: política e cinismo. Diante da pasmaceira, rock Brasília ainda sangra os ouvidos.

Será Magu Cartabranca precursor do rock pesado nacional?
O vocalista Magu Cartabranca, jamais "cantor", é apresentador do programa de tevê a cabo, O Libertário. Orgulhosamente ele segue a dinastia dos colunáveis Gilberto Amaral e Bernardete Alves, comparação elogiosa.
São dez anos cravados, como a estaca no coração do vampiro, que o generoso Magu Cartabranca tenta alavancar a audiência Do Próprio Bol$o.
Somos conhecidos dos palcos desde o final dos 70s, quando o quinteto Sepultura urrava o seu rock sobrenatural pelas caixas de som valvulado. Magu Cartabranca é o que se pode chamar de performático, de se enforcar no palco, enquanto dedilha o teclado. Rouba assim a cena, e provoca os ciúmes dos membros das várias formações das suas bandas: “Vocês não fazem ideia de como é difícil.”
Já varamos madrugadas lendo poemas na 109 Sul, além dos incontáveis encontros pelos palcos da cidade. Ele com o microfone, sempre procura uma voz para conspirar, em seu tema preferido. O seu tema preferido é a liberdade de comunicação. Seu programa O Libertário é a sua própria imagem. Magu Cartabranca, dono de uma prodigiosa memória, ainda não se tocou da importância que tem na cena do rock Brasília. Mas os produtores o amam, pois é um cara bastante cordato, sensato, entrevistador centrado, enquanto artista no mesmo grau irreverente.
O ministro Toffoli mandou arquivar o processo que a original Sepultura, do Cruzeiro, de Brasília, movia contra a Sepultura dos irmãos Cavalera, banda mineira que veio a se tornar muito famosa. No processo, a farta documentação da banda de Brasília foi extraviada. Eram fotos da banda com Cássia Eller e registros de todas as formações da Sepultura de Brasília, banda de trajetória realmente assustadora, como a daquelas grandes do rock pesado, recheada de overdoses e histórias mórbidas, até suicídio.
“A Sepultura mineira abafou o nosso crescimento”, queixa-se Cartabranca. “O registro deles foi feito só em 1989, quando nós já tínhamos mais de 10 anos de estrada”, lembra.
Seria trágico e cômico, mas nesta ópera surreal Magu Cartabranca acabou sem nenhum vintém, mesmo tendo citado os irmãos Cavalera em seu domicílio, em Curitiba. Espertamente eles não compareceram, e evitaram assim que o caso da homonimia se espalhasse na mídia. – Nomes homônimos na cena do rock são comuns, por exemplo, nos 60s, já existia uma Iron Maiden, que desapareceu.
– Este é o Magu Cartabranca, o vocalista da Sepultura.
O metaleiro instantaneamente dispara: "Da Sepultura Cover?"
­– Não, da Sepultura de Brasília. A longa história será outra vez recontada.

 

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Magu Cartabranca e Rogério Águas uma dupla atuante nos palcos e sets da política cultural brasiliense

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