ENGRENAGENS (2022)

FAÇO MÚSICA

mário pazcheco

“‘Hoje, a música deixou de ser orgânica e passou a ser processada” (Geoff Emerick)

Um pouquinho das circunstâncias musicais ao redor.

Sobrepor a doce voz de Marizan cantando a ‘Ave Maria’ em cima das imagens de MADMAX. Faz parte do experimento. Vê-la cantar feliz pela casa também. Marizan me trouxe o Spotify para o convívio (nem sempre usado!). De vez em quando, aleatoriamente rola o som da abertura dos ANOS 70. A NOD'S AS GOOD AS A WINK...TO A BLIND HORSE seria? (“Um aceno é tão bom quanto uma piscadela... para um cavalo cego)? Foi um gesto suficiente para me lembrar dos Faces e suas roupas listradas escocesas e cabelos espetados e ruivos. Nesta semana, ontem na Filial Do Rock, este LP estava à venda (não tenho nenhum vinil do Faces) e entre outros, um LP DISRAELI GEARS, que fiquei tentado apesar de seu preço ser de 300 surreais!

TRECOS

– Os sistemas de desviador são as 'engrenagens' (gears) de que tipo de dispositivo?

Um desviador é o sistema que inclui as engrenagens (na verdade, rodas dentadas) em uma bicicleta. Acabei de descobrir esta semana que o clássico disco do Cream, DISRAELI GEARS, foi batizado por causa da pronúncia errada de um roadie da palavra "desviador". Legal certo? (https://blog.centurycycles.com/2009/07/derailleurs-that-inspired-disraeli.html)

“Existiu um programa na rádio BBC, nos ANOS 60/70 chamado Top Gear, onde no rádio eram apresentadas as novas bandas... Floyd, Soft Machine, Colosseum etc. Também existiam as Peel Sessions do John Peel.” (Renato Mello)

 

“Essa aparição de 1969 no Top Gear, Robert Wyatt troca a letra de ‘Moon in June’ e faz uma paródia (rap??) com o próprio programa, fala do Floyd, dos amigos, da maquina de chá, enfim dos bastidores…’ (Renato Mello)

Ontem na manhã de quarta-feira, depois de muito procurar um texto significante, publiquei o artigo de Carlos Albuquerque, (“Músico brasileiro Arthur Verocai sobre sua carreira tardia: 'Eu queria fugir de mim'”). Parecia ser outra bênção de Roberto Menescal, foi a evocação. O texto recebeu um “vou passar o link para o Menescal”. E diante do homework “ouvi uma hora o som do Arthur Verocai” e “muito boa a matéria”). Seria isto fazer música?

“Que maravilha. Verocai é um gênio, e muitos de nós - brasileiros - inclusive os que se dizem cult (cultos) não entendem. A gente se entende? A gente entende o Brasil ou a gente é vira-lata mesmo?” (Marcão Gomes)

BEWARE OF DARKNESS

 Tiago Rabelo

Lembro que Benjamin Disraeli, foi primeiro ministro britânico. Sobre o Spotify, bom pela associação sonora que leva ao encadeamento sonoro de coisas não conhecidas. Arthur Verocai é foda, assim como o LOVE ISLAND do Eumir Deodato, por fim, ‘Perpetual Change’ é um absurdo de boa.
A Amor FM, de Anápolis, de propriedade do cantor Amado Batista.Toca Carpenters o tempo todo, ainda assim, a grande cantora pop da música ocidental em termos de timbre é a italiana Antonella Ruggiero do Matia Bazar entre 1975 e 1989.

JORGE POULSEN

No mesmo ontem, recebi o pedido de amizade de Jorge Poulsen e percebi que ele é músico e que poderia convidá-lo para tocar em meu disco?
– Que disco, Mário? Aí, eu pensei, – Faço música.

“É um amigo da moçada aqui, que mexia com Synths nos ANOS 80, tinha uma escola de música e tocava com um pessoal desse tempo.”

 

 

 arnaldo pacheco

Os Mutantes, em rara foto com o primeiro baterista que acompanhou a banda, Dirceu, em apresentação no Urso Branco

“Essa foto é duca, o Dirceu era uma referência nos ANOS 70, o f... É a precariedade da batera, mas era o que tinhamos, já o Arnaldo pelo que vejo estava usando um Phelpa Apache de 40 watts, não sei se é o mesmo, mas ele pegava emprestado um igual do Oswaldinho do Made, a única merda dessa foto é que a camera da TV aparece mais que a banda, ahahahahah, Brasil cagando no rock desde os ANOS 60, de qualquer maneira foto boa ‘pacaraio’, bons tempos, saudades de ser naive, ahahhahah, abs bro. “ Rolando Castello Junior)

“Dirceu Medeiros é quem faz a parte declamada do início de ‘Tropicália’...Nesta época, o Dinho Leme, ainda não estava na banda. (Tiago Rabelo)

AVANÇAR PARA 1987!

Foi em um pequeno reservado da loja de discos, Baratos Afins em 1987, que Luis Carlos Calanca me mostrou uma chapa do nascedouro DISCO VOADOR. Era a contracapa deste disco, feita à mão no estilo dourado derretido da caligrafia de Arnaldo Baptista. Seria o terceiro solo de Arnaldo Baptista, o primeiro pós salto mortal.

UM LAPSO DO DISCO VOADOR

Do número 10, da décima música, ele saltou o numeral direto para o número 12. Naquele disco, mais um enigma, jamais haveria a canção de número 11. Seria ela a canção do silêncio?
“Meus planos musicais estão direcionados para o mínimo que é escutado, por todos os seres humanos, quer dizer em outras palavras que é a máquina som acompanha a máquina ser humano. Um paralelo entre a ciência, tecnologia e nosso corpo também uma máquina de certa forma.” (Arnaldo Baptista).

As músicas de número 10, e 12 também foram obstruídas, a 10 era uma versão de “Perpetual change” e a 12, de “Sunshine of your love”. As canções que ele mais ouvia naqueles dias de isolamento, quando ele se abrina mais uma vez para o mundo. Estas músicas não compartilhavam da dor e da esperança do disco. DISCO VOADOR que fedia a remédio, delírio e terapia. Foi cortante o dia em que ouvi o disco, e eu pensei do que se trata isso? Está em 78 rotações? Chocado fiquei. Para descobri que muitos fãs também sentiram o mesmo e mergulharam nas letras, o tornando cult como foi previsto, só para fãs.

UFOLOGIA

Arnaldo estava com a cabeça no título LET IT BED – Let it Bed, deve ser uma gíria, do tipo “bora trepar”, algo assim.

Vi Arnaldo Baptista tocar ao teclado, muitos filamentos do álbum inédito, O A E O Z. Se ele tivesse gravado estes momentos teriam sido superiores ao DISCO VOADOR e o LET IT BED teria sido muito diferente do álbum que o conhecemos. Naqueles dias solares frente à piscina. Ele só pensava em lançar a fita master guardada pela amiga e radialista Sônia Abreu e também produtora. Todos os dias, só falava em obter as autorizações e lançar aquele disco para ele todo maravilhoso.

Hoje, eu percebo que o grande disco gravado por Arnaldo Baptista com Os Mutantes foi O A E O Z. Seu primeiro álbum solo LOKI? Nada mais é do que o disco 2, do álbum O A E O Z. Ele pretendia gravar as músicas “Lhams”, “Andam dizendo que a vida tá com nada”, “Saudades de babe”, “Independência”, “Patrulha Do Espaço” e “Hoje de manhã eu resolvi ser pop star”. A música “O A E O Z”, um ano depois de gravada originalmente pelos Mutantes, recebeu no registro um novo nome “De Alfa a Omega”.

Arnaldo e Pacheco 1991 loucoMeio que reunidos numa pessoa só, em atos de desopilação e de despedimento, Arnaldo Baptista apontou para um quadro na parede acima do sofá. Era de Antônio Peticov, um daqueles pôsteres coloridos de impressão de qualidade no formato A3. Tipo as edições paulinas, que ele comprou em uma feira de artesanato. O desenho era de uma cachoeira. No quadro ainda havia a frase “Existem várias maneiras de fazer música e eu prefiro todas”. Frase cuja filiação era atribuída a muitos, mas que pertence a Torquato Neto. Eu penso que o estilo de capa de Antônio Peticov para O A E O Z precedia a imagemusada em CRIATURAS DA NOITE do Terço. Existem quantos desenhos feitos de cachoeiras cósmicas por Antônio Peticov? este autor disse, “A capa do A E O Z sumiu no tempo, seria o fruto de uma relação não comercial, uma união do meu trabalho e o deles.” Peticov sugere não ter a imagem em catálogo.   Conclusão mágica, a capa do disco conceitual existe em alguma parede ou gaveta em Juiz de Fora.

 NAQUELE 1989

 Eu me divertia em ouvir o DISCO VOADOR e a cassete sem mixagem do A E O Z, e ainda tranferia para o papel, a sensação de mistério, magia, encanto e claro fuga e incompreensão.

 No livro BALADA DO LOUCO, muitos destes relatos foram explorados e também rusgas, despesas e violências pós-este período criativo de O A E O Z. Não acredito que muitas informações são forjadas. Elas estão ligadas ao significa a humanização da existência.

 30 anos depois, Skoob tentou publicar o primeiro capítulo on-line, respondi que não era uma boa ideia.

 MÚSICA CARETA TÃO CARENTE DE CORDAS E METAIS

 Quando a apresentação acaba, o que sobra são os backstages…

 “Cordas pra se enforcarem, metais em forma de machado e facas para dilacerar mãos e gargantas...” (Tiago Rabelo)

É, a música pode ser taciturna. Talvez eu imagine uma música rap feita com falas dentro da própria cabeça. Ou quando de forma randômica uno um arranjo a outros. Impreciso e devastadoramente lento, mas próprio. E me sinto clonado quando o Spotify materializa essa música que era pensamento. Estas colagens de clipes e de palavras me levam a me sentir um compositor sem obra musical.

 

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