Brasília conectada à música (2022)

Com aquele sabor de quero mais...

texto de Mário Pacheco e Marizan Fontinele. Com fotos de Marizan Fontineli

Um playground para Misha

CTJ Hall - Thomas Jefefrson – 22 de outubro / 2022
Liz Rosa, cantora brasileira e

misha piano

Misha Piatigorsky, o pianista, compositor e arranjador russo

O postal muda o destino: E a música é o caminho. Agarrado à velha mochila e de alpargatas gastas, resolvi trilhar pela Thomas Jefferson e pelas GERAES.

Brasília exibia uma mostra da melhor música brasileira vinda dos 4 cantos do mundo.

Globalizados, curtimos MPB, no piano americano numa escola de inglês, tocado pelo pianista russo, Misha Piatigorski radicado há tempos em NYC. Ele acompanha pelo mundo afora, a cantora potiguar Liz Rosa.

O piano Steinway & Sons Spirio. O melhor piano de alta resolução do mundo. Foi escolhido por uma grande estudiosa de piano. E para Misha Piatigorsky foi um presente dos deuses, um verdadeiro playground. Na passagem de som, o pianista russo-americano continuou tocando e assim desfrutamos de um pouco de improvisação.

Liz Rosa, desde o início foi eruptiva. Já no aquecimento vocal, impressionou o técnico de som naquela manhã de sábado. Pois a voz de Liz Rosa lembrava a de Elis Regina.

A dupla, Liz Rosa e Misha Piatigorsky foi aplaudidíssima pela plateia. O melhor do show inovador, vindo de Nova York, é que ele foi grátis, oferecido pelo Clube da Bossa em parceria com a Casa Thomas Jefferson, da Asa Sul.

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'Geraes' foi um show inusitadamente encantador

0 vania Espaço Cultural Renato Russo - Sala Marco Antônio Guimarães

Vânia Bastos e Márcia Tauil acompanhadas por Ronaldo Rayol cantam as 'Geraes' – 21 e 22 de outubro/2022.

"De fato o show foi lindo e fiquei com vontade de mais.... isso quer dizer que quando a coisa é boa a gente quer repetir a dose." (Marizan Fontinele – co-produtora do evento).

Os anos se passaram e Vânia Bastos, a diva da vanguarda paulista e Márcia Tauil, sua colega de profissão na capital, se reencontraram para celebrar o cinquentenário do Clube da Esquina.

Arranjador e violinista Ronaldo Rayol (irmão caçula de Agnaldo), o homem de branco e fera do violão (e da guitarra também) acompanhou, gravou e produziu artistas do quilate de Cauby Peixoto e Ângela Maria. Ronaldo é potiguar e marido de Vânia Bastos.

Há aproximadamente dez anos Vânia Bastos não pisava em Brasília. Sua última vinda havia sido para o Festival Acordes do Rádio no CCBB (2011) e apresentação no Clube do Choro (2013) ao lado de Arrigo Barnabé.

No carro, Márcia Tauil em busca de seu diploma do curso de secretariado ouviu uma canção. Era “Paulista” de Eduardo Gudin e J.C. Costa Netto, na voz cristalina de Vânia Bastos. Ali mesmo parou e tomou a decisão de seguir a carreira de cantora. Essa é a história do início de uma grande amizade, contada no show e na entrevista de Vânia à Rádio Nacional (link ao final). As cantoras se conheceram e passaram a se apresentar juntas ao vivo e na TV quando Márcia ainda morava em Mococa – SP.

De volta às GERAES, a produtora e apresentadora Marizan Fontinele, fã de Vania Bastos e de Márcia Tauil, conta essa história no primeiro dia do show. Nos bastidores, pergunta a Vânia Bastos, por que não inserimos “Paulista” no roteiro? Ronaldo foi o primeiro a vibrar com a ideia e já começa a dedilhar os acordes da canção, foi então, que a música entrou no “set list” do segundo dia do show, desta vez interpretada por ambas.

GERAES é uma homenagem aos compositores de “Minas Gerais”, estado natal de Márcia, retratado por Vânia, paulista de Ourinhos, no CD Vânia canta Clube da Esquina (2002). Milton Nascimento foi o primeiro homenageado, com a canção “Maria Maria” ecoando no teatro ao som do Grupo Novas Vozes de Brasília, que saía da plateia para interpretá-la ao lado da professora de canto Márcia Tauil.

Elegantes, Márcia de longo branco e Ronaldo de terno e sapato brancos, contrastam com as rosas vermelhas espalhadas em pontos estratégicos do palco, insinuando o tom intimista e requintado que aguardava a plateia. Era “Tudo o que você podia ser” dos irmãos Lô Borges e Márcio Borges”, interpretado com brilho e vigor. A Márcia dos velhos tempos de festivais. O repertório crescente e afável aos ouvidos é convidativo e prepara para receber Vânia, que do camarim ouve tudo com um lindo sorriso nos lábios, como quem dissesse: “nossa o show tá lindo”, foi o que captou Marizan Fontinele.

Descontraída, Márcia brincou e lembrou dos velhos tempos da fita K7, quando ouvia “Amor de Índio” (Beto Guedes e Ronaldo Bastos) e rebobinava pra ouvir de novo. Contou que os planos da família para sua carreira eram outros, mas que ser cantora e assim como vir morar em Brasília pareciam já estar escrito, confirmou da poltrona, o primo Flávio Tauil, a quem Márcia chama de irmão. Márcia ia a programas de auditório, e conseguiu arrancar da animada plateia o coro de “la rá la rá”, a vinhenta de Silvio Santos.

De salto alto, luvas de renda e longo vermelhos, Vânia sobe ao palco majestosa, sendo aplaudida calorosamente e acolhida por Márcia com um aceno de rainha e acordes desfilados por Rayol em “Um girassol da cor do seu cabelo”. Eram as duas revivendo a delícia de se apresentarem ao vivo de novo.

Preciosidades do Clube da Esquina como "Paisagem Da Janela" (Lô Borges e Fernando Brant), "Nada Será Como Antes" (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos), "Nascente" (Flávio Venturini e Murilo Antunes), "Amor De Índio" (Beto Guedes e Ronaldo Bastos) e outras fizeram parte do repertório.

Vânia foi delicada ao apresentar o Ronaldo, falou de suas qualidades como violonista, ressaltando que a família é talentosa e tentou dizer algo bonitinho para apresentá-lo como parceiro de vida e deixou a frase no ar: “ele é meu”... Ronaldo apenas completou com voz firme: “marido”, e a plateia caiu na risada. Aliás, Ronaldo tem parentes em Brasília e eles estiveram presentes.

Ligadona, a plateia fez um coro lindo com Vânia em “Paisagem da Janela” e sorriu quando ao terminar de cantar “Nuvem cigana” de Ronaldo Bastos e Lô Borges, não deixou passar uma reflexão sobre a letra “se você deixar o coração bater sem medo”. Disse que “no fundo a vida é isso, todos os dias temos umas coragens que não explicamos muito bem e que tudo na vida vai acontecendo se a gente deixar o coração bater sem medo: é o resumo da existência”, completou.

Por trás dos bastidores sabíamos que o trio entraria em estúdio para gravar um EP a ser lançado no Spotify e plataformas de streaming, com duas canções no RocknRoll Studio no domingo à tarde. Foi corrido, mas ainda tivemos tempo de fazer um lanche caprichado com eles na volta do estúdio, na casa da Márcia Kosinski e Valmir Nobre, excelentes anfitriões, e que merecem muito nossos agradecimentos, uma sessão de fotos, e ainda ter o LP Clara Crocodilo, clássico da Vanguarda paulista , autografado pela diva para o fã Mário Pacheco. Na foto do encarte, Vânia Bastos aparece bem jovenzinha!

O show foi de rara emoção. O público de GERAES ficou feliz pelo carinho demonstrado pelos artistas. E como tudo o que é bom dura pouco, ficamos com aquele gostinho de quero mais. Foi marcante, inesquecível e já estamos esperando por eles de novo.

Não podemos deixar de citar a importância do Espaço Cultural Renato Russo para a classe artística de Brasília.

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Link Entrevista para a Rádio Nacional: https://radios.ebc.com.br/e-tudo-brasil/2022/10/e-tudo-brasil-entrevista-vania-bastos

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