1987: ARNALDO E A PATRULHA DO ESPAÇO: FAREMOS UMA NOITADA EXCELENTE... (PARTE 7)
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1987
LP
Faremos Uma Noitada Excelente...
(Arnaldo e a Patrulha do Espaço: Ao vivo)
1987
No contexto das comemorações dos 10 anos da Patrulha do Espaço, o álbum ao vivo Faremos Uma Noitada Excelente... foi lançado de forma independente por Júnior, com o selo Vinil Urbano. O disco registra a passagem de Arnaldo e a banda pelos palcos paulistas, com um som saturado e de garagem, refletindo a energia da época, apesar das dificuldades. A gravação é boa, e as canções evidenciam a importância da Patrulha na carreira de Arnaldo após os Mutantes. Embora houvesse muito mais material nas fitas, Júnior decidiu limpar os "papos" entre as músicas, já que não acreditava que todos iriam entender o estilo excêntrico de Arnaldo. O projeto surgiu de uma ideia pessoal, com Júnior utilizando um gravador emprestado por Ademir Lopes e motivado por uma conversa com Scavazzini, tecladista do Made in Brazil, que o incentivou a lançar o disco.
“Emergindo da Ciência” apresenta um tema de clavinet com um toque progressivo, lembrando a sonoridade do Genesis. Na voz afiada de Arnaldo, ele canta: "Não sei porque fui me envolver / Não sei porque fui sofrer / Era só entreter". De repente, um riff frenético de rock'n'roll, no estilo dos Rolling Stones, se mistura com a doce melodia de uma caixinha de música — a ousadia dos Mutantes em ação.
“Um pouco assustador” traz o sabor de um blues visceral, marcado pela guitarra de John-John. Com a sinceridade de uma banda completamente entrosada, o verso profético "Mas há momentos na vida em que tudo parece que vai acabar" se destaca. Arnaldo canta livre, sem truques de estúdio, sua voz resgata a essência do rock'n'roll, ausente há tempos dos discos e shows. Mas, nas noites de 12, 13 e 14 de maio de 1978, no palco do Teatro São Pedro, aquela velha magia estava presente.
“I Fell in Love One Day” é uma balada com forte carga emocional, que sempre fez Dona Clarisse, mãe de Arnaldo, derramar uma lágrima. Aqui, ela surge de forma pungente, bem diferente da versão intimista do LP Singin' Alone, sendo a versão definitiva: “Eu me apaixonei um dia / Por uma dama tão fria”.
Fechando este lado, Arnaldo demonstra sua habilidade ao mesclar pop e erudito em “Arnaldo Solizta”.
“Cowboy”, com a letra em português, é o momento hard rock da Patrulha. A proposta que a banda levaria ao ápice após a saída de Arnaldo é aqui interrompida por um longo solo de teclados, inspirado em Jon Lord, do Deep Purple, seguido por um solo de bateria de Júnior que encerra a música de forma estrondosa. Palmas ecoam, acompanhando a transição para “Hoje de manhã Eu acordei”, uma nova versão fantástica. Apesar de estar em dúvida, Arnaldo elimina qualquer insegurança com seu toque de jazz no clavinet Hohner.
“Durante o show, decidimos convidar John Flavin e Celso Vecchione, do Made in Brazil, para uma jam. Começamos com ‘Tudo Bem, Tudo Bom’, uma música do Made in Brazil, mas, curiosamente, ela acabou se transformando em uma versão improvisada de Roll Over Beethoven’, de Chuck Berry. Os vocais de Arnaldo se encaixaram perfeitamente na letra, criando uma versão maravilhosa que eu espero que seja lançada em algum disco futuro. O mais engraçado desse momento foi que chamamos o John Flavin exatamente quando ele tinha saído para o bar tomar um conhaque. Isso até ficou registrado na fita original, com alguém comentando: O John foi tomar um conhaque.’" (Rolando Castello Júnior)