Alienbalada: FIM DE VIAGEM... FOMOS DA TERRA AO CÉU (1973)

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Cambé/PR – fevereiro de 1973 – Foto: Leila Lisboa

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Arnaldo retorna de viagem, financiada pela gravadora, trazendo um amplificador de baixo e duas cornetas. A banda se apresenta para uma Florianópolis superlotada, conquista sucesso em Porto Alegre e enche os 1.200 lugares do TUCA em São Paulo. No entanto, não tocam em Caxias do Sul e Rio Grande devido à falta de teatros, cedidos para cerimônias cívicas. Depois, seguem para o Mackenzie mineiro. O lançamento do LP sofre atraso.

mutantes live

 INTO THE ELDORADO: 'A e o Z' – 50 ANOS DEPOIS (1973-2023)

 Os Mutantes entram em estúdio para gravar seu sexto álbum, o primeiro sem Rita Lee, no auge de sua sofisticação instrumental. Arnaldo Baptista, já nos últimos momentos de sua trajetória com a banda, pilota um valioso Hammond L-100 (porta B) com pedaleira, além de um Mellotron, capaz de reproduzir, por cinco segundos em cada tecla, sons orquestrais gravados em fita cassete, como violinos, violoncelos e flautas. Soma-se a isso um Clavinete Hohner e um cello, além de sua voz marcante.

 Sérgio Dias empunha a guitarra Regulus e a Fender Stratocaster Ccdb Eletronics, além de um violão de 12 cordas e uma cítara Zither, contribuindo também com vocais. A Fender Stratocaster passa por um amplificador Dual Showman, com efeitos de um wah-wah Cry Baby acoplado a uma câmara de eco Echoplex.

 Liminha assume o contrabaixo Rickenbacker, de timbres predominantemente agudos, e complementa a instrumentação com violão e voz. Já Dinho marca o ritmo em uma bateria Ludwig Rock Duo, sincronizando o acompanhamento do contrabaixo de forma pouco convencional, destacando-se pela alternância sincopada entre o bumbão e os tom-tons. Ele também toca tabla e contribui nos vocais.

 A gravação, realizada com a melhor aparelhagem que o grupo já teve, marca um momento singular na trajetória dos Mutantes, com experimentações sonoras que consolidam a ousadia do álbum.

 "A Stratocaster de Sérgio continha a Ccdb Guitartrek, e os efeitos iam muito além do wah-wah já mencionado. O órgão Hammond de Arnaldo era um modelo novo, transistorizado, que meu irmão adquiriu para substituir o antigo, valvulado. Tanto um quanto outro foram consertados por mim várias vezes.

 Ninguém – você inclusive, Mário – menciona um teclado de Arnaldo que ele aproveitou até melhor, posicionado ao pé do órgão: o piano elétrico Hohner. Esse instrumento consistia em cordas e um captador magnético semelhante ao das guitarras, mas já contava com alguns recursos inteligentes de fase, conferindo-lhe timbres variados, incluindo um similar ao de Duane Eddy. Era um instrumento de pequena espessura, leve, quase invisível sobre o órgão, e colorido de vermelho."

 (ccdblogo)

 Arnaldo Baptista utilizou esse teclado Hohner por muito tempo, ainda nos Mutantes. CCDB carregou o instrumento nas mãos, montou e desmontou no palco, transportou-o para lá e para cá e fez sua manutenção.

 O polêmico disco foi batizado de A e o Z. Segundo Arnaldo, "tinha um sentido bíblico e foi baseado no Apocalipse". Redescobria a figura de Deus como "o cara que cuida de tudo". Registrado em 16 canais no Estúdio Eldorado, a fita revela o nível de evolução do "clube do Bolinha", algo próximo da satisfação musical plena. Destacam-se os lindos e agudos vocais de Serginho, que sempre cantou bem, e o desempenho instrumental excepcional do guitarrista na Fender Stratocaster, assim como o de Arnaldo ao órgão Hammond.

 Esse órgão tem uma história peculiar: foi comprado na Itália, transportado até a Inglaterra, onde permaneceu na casa dos baianos por alguns meses, e só depois foi embarcado para o Brasil. Quando o grupo adquiriu a aparelhagem na Europa, o limite alfandegário impediu que o instrumento fosse despachado imediatamente para o país.

 A cozinha rítmica dos Mutantes nunca esteve tão sincronizada. Liminha registra sua linha melódica mais criativa, enquanto a bateria de Dinho está impecável, lembrando, em algumas passagens, as viradas de Carl Palmer, baterista do Emerson, Lake & Palmer.

 "Eu sou o começo, sou o fim
 Eu sou o AeoZ
 Meu bem, ouça o meu rock’n’roll
 Tudo bem pelos séculos, amém
 Eu sou o AeoZ
 Numa pessoa só."

 A e o Z, um prefixo transformado em uma longa suíte: quatro músicos e seus instrumentos reunidos em uma única entidade, partilhando a viagem. Intervenções precisas, seguras. Pitadas de rock lisérgico, transitando entre Steppenwolf e os riffs de Steve Howe.

 A segunda faixa, Rolling Stone, foi uma das razões da briga entre Mick Killingbeck e André Midani (Damasco, 25 de setembro de 1932 – Rio de Janeiro, 13 de junho de 2019). O pivô da discussão foi um verso da música:

 "Estava lendo Rolling Stone
 Li um cara que me abriu a cabeça
 Fui correndo e tropecei."

 Ao ouvir esse trecho, Midani resmungou:

 — Então, eles fazem propaganda da Rolling Stone, né?

 O grupo, no entanto, não fazia propaganda – apenas música vinda do coração. Mas o todo-poderoso chefão da máfia do disco não teve a sensibilidade necessária para compreender a proposta dos Mutantes.

 Apesar das turbulências, a viagem prossegue. Em um tema complexo, com escalas fantásticas e um duelo entre violão e bandolim usando um slide, Liminha e Sérgio encerram esse lado da fita em um exercício lírico e emocional, pairando acima da Serra.

 "...Você sabe o que eu pensei?
 Eu também pensei o que você pensou..."

 Algumas músicas ainda não possuem nome – o próprio Arnaldo não batizou todas, apenas as mais óbvias.

 O canto de um galo, seguido de uma frase musical psicodélica, marca o início do lado B da fita. A melodia cresce aos poucos, retornando em um som preguiçoso, hipnótico. Demora a se assimilar até que entra o vocal:

 "Som para acordar
 Amanheceu, tudo azul
 Para cantar na música
 O vento, terra e o ar
 Soprando aqui na luz
 Do luar, na luz do sol
 Na luz de Deus
 Todos juntos
 Na luz do sol
 Na luz de Deus."

 A faixa seguinte revela uma melodia no estilo do Yes – "pois é, tudo bem, meu bem". Na sequência, o ponto alto da fita: a versão original e completa de Uma Pessoa Só. Em meio a tantos teclados e efeitos eletrônicos, destaca-se a única passagem de piano acústico no álbum. A melodia é inconfundível e uma das mais belas. Arnaldo canta:

 

"Eu sou, você também é
E todos juntos somos nós
Estamos aqui reunidos
Numa pessoa, numa pessoa só
Você também está tocando
Você também está tocando
Estamos numa boa
Pescando pessoas no mar
Aqui numa pessoa só
Sou o início, sou o fim
Sou o começo, sou o fim
Sou o A e o Z
Numa pessoa, numa pessoa só."

CORTESIA

A e o Z é um álbum conceitual, com letras e temas interligados, várias peças em um único tabuleiro. Seu maior mérito é manter a energia pulsante através da magia da música, que continua enfeitiçando mesmo após 50 anos de seu registro.

A faixa final da fita, "Gosto Muito De Você", é uma balada envolvente, embalada pelo som da chuva – um efeito atmosférico criado com o mellotron. Carregada de nostalgia escolar, a música tem um ritmo contagiante, evocando o espírito dos primórdios do rock'n'roll:

"Eu sei que eu não faço nada, mas eu / Gosto muito de você, de você, de você / Você não acredita em nada, mas eu gosto / Gosto muito de você, de você, de você / Alimente essa que eu ainda vou transar / Com você / Não esquente a cuca, o principal é eu gostar de você / Andam dizendo que a vida não tá com nada / Eu acho que não, e digo tá-tá-tá / De todo o meu coração / Legal / Eu sei que não vou na escola, mas / Eu gosto, gosto muito (de você) / Eu sei que não faço nada / Eu gosto, gosto muito (de você) / Venham vós ao nosso reino aqui no Brasil / Rock'n'roll paz e amor aqui no Brasil / E talvez o fim de semana não tenha mais fim / E talvez nossa música não tenha mais fim / E talvez a nossa vida não tenha mais fim."

A canção encerra com os sons de uma tempestade, um prenúncio das turbulências que viriam a sacudir o grupo nos anos seguintes.

"O barulho da chuva não era efeito do Mellotron, que, aliás, não produzia efeito algum: apenas reproduzia o que lhe fosse gravado nas fitas. Era um sampler em fita, precursor dos modernos, de circuitos integrados transistorizados, que todos usam – certo Mutante, inclusive. O barulho da chuva era chuva mesmo, e também o trovão, exatamente aquilo que já citei, gravado por Leo Wolf: uma chuvarada com o som produzido pelos raios na Serra da Cantareira. Em sua primeira reprodução, num espetáculo que sonorizei para os Mutantes, esse som destruiu o driver JBL 2482, um dos nossos preferidos – de Arnaldo inclusive – em relação aos Altec Lansing e a todos os demais... exceto, talvez, os Gauss, ainda melhores, que surgiram mais tarde.

Um desses alto-falantes, que estava em uma daquelas maiores caixas-cornetas portáteis deste planeta, projetadas por mim e usadas pelos Mutantes, encontra-se bem aqui no Subwoofer Labiríntico Central, um projeto de minha autoria, publicado na Nova Eletrônica. Esse alto-falante me foi presenteado por meu irmão Sérgio, pelo que sempre lhe fui grato – e continuo sendo. Quando o recebi, presenteei Arnaldo com o alto-falante nacional de 21" que estava no meu air-coupler (um subwoofer cujo projeto também publiquei na Nova Eletrônica). Eu havia modificado esse alto-falante para que pudesse funcionar no air-coupler, e tal modificação publiquei na mesma revista, ensinando a leitora e o leitor a realizá-la.

Naquela época, Arnaldo já havia passado por aquele suicídio que não o matou e começou a se corresponder comigo, o que me deixou imensamente feliz. No início, suas cartas pareciam 'normais', mas, aos poucos, foram sendo dominadas por sua ideia fixa: a eterna disputa entre válvulas e transistores. A obsessão chegou ao ponto de ele me ameaçar, dizendo que revelaria ao mundo que eu havia escrito um livro no qual propagava a ideia dos transistores... Referia-se a CCDB – Gravação Profissional, que ele nunca leu.

Em vez de rir, talvez eu tenha chorado (mais uma vez?) por causa de Arnaldo, pois, por mais que tentasse, não consegui mudar o rumo da conversa, na qual ele se exaltava cada vez mais. Interrompi a comunicação, avisando-o de que só a retomaria se ele abandonasse essa ideia fixa. Arnaldo então reiniciou a correspondência com um tom novamente 'normal', que, pouco a pouco, voltou a se carregar do mesmo conteúdo obsessivo: válvula versus transistor. Após algumas tentativas, precisei abandonar de vez a correspondência, pois concluí que, em vez de ajudá-lo, estava lhe fazendo mais mal do que bem.

Pela primeira vez, recebi cartas de Lucinha, sua esposa, que chegou a me perguntar se 'Arnaldo era assim' antes de se atirar da janela. Pensei bem se deveria mentir... e disse que não, que ele não era assim, que era magnífico. Espero que isso tenha ajudado. Infelizmente, Arnaldo voltou ao tema na entrevista ao Fantástico, e agora a situação escapa das minhas mãos."

(ccdblogo)

Ainda sob contrato com a Philips, os Mutantes entregaram as fitas para a gravadora, que financiara as horas de estúdio. No entanto, a decisão foi de que o disco não seria lançado, pois seu som não era considerado comercial. Por trás dessa decisão, a influência de André Midani – ou seriam seus ouvidos que determinaram essa falta de apelo comercial?

A capa também estava pronta: uma ilustração de uma cachoeira, criada pelo artista plástico Antonio Peticov. No entanto, a banda foi dispensada do cast da gravadora sob a alegação de que seu som não era vendável e que poucos, no Brasil de 1973, absorveriam o conteúdo e o propósito do álbum. Além disso, Rita Lee já não fazia mais parte do grupo.

"O HOMEM DA COMPANHIA DE DISCOS FICOU BRAVO COM O HOMEM DO ÁTOMO"

"André Midani (o homem que mais prejudicou os Mutantes junto às gravadoras) ficou bravo com Mick Killingbeck, e o LP só seria lançado se os Mutantes arcassem com os custos das horas de estúdio – Cr$ 20.000.000,00. Só pela quantidade de zeros dá para imaginar o valor astronômico. A solução encontrada por Killingbeck foi vender a revista-jornal Rolling Stone para levantar o dinheiro e pagar Midani. Porém, esse montante acabou sendo utilizado para pagar a fiança do empresário musical Hilary Baynes, sócio de Killingbeck, que havia sido preso por envolvimento com drogas. Assim, os 45 minutos de gravação nunca viram a luz do dia. Killingbeck era inglês, Midani, francês... Será que havia algo mais nessa história?" (Arnaldo Baptista)

"Os Mutantes atravessavam, nessa fase, uma crise de liderança. Se Midani ou Killingbeck buscavam uma decisão do grupo, o resultado era sempre o mesmo: silêncio. Oficialmente, Killingbeck era o empresário da banda, segundo alguns, por ser amante de Rita Lee." (Arnaldo Baptista)

"Quando falo sobre essa época, sei que minhas informações são incompletas – assim como as de qualquer um. Mas ainda guardo a fita do LP A e o Z. Lembro-me de ter perguntado por carta à gravadora se havia algum contrato assinado relativo àquele período, e a resposta foi: 'Não'. Possuo essa carta. Dizem que o nome Mutantes me pertence. Caso exista um contrato assinado, gostaria de lê-lo. Se for realmente meu, então lançarei A e o Z." (Arnaldo Baptista)

"Preciso de autorização de Dinho, Liminha e Sérgio. Quando conseguir, lançarei esse álbum dos Mutantes, que é o mais elaborado do grupo." (Arnaldo Baptista)

"Não sei se o nome Mutantes me pertence. Se alguém puder me informar, agradeço. Registrar novamente esse nome seria interessante. Assim, saberia se já é oficialmente registrado e pertencente a alguém." (Arnaldo Baptista)

"A e o Z não saiu porque, depois da saída de Rita, a Philips já tinha o que queria – uma artista solo. A desculpa de que o disco 'não era comercial' serviu bem aos interesses da gravadora, que não via mais sentido em manter a banda, especialmente com o novo direcionamento musical que estávamos tomando. Agora, pensem no que era considerado comercial na época. Além disso, os estúdios – como éramos contratados – foram pagos pela gravadora. Se isso não fosse verdade, a Universal não teria nenhum direito sobre essas gravações, apenas o estúdio. Sacou?

Quem te informou... errou...

P.S.: Isso sem contar todas as outras implicações que, quando eu decidir escrever o verdadeiro livro sobre essa história, serão reveladas." (Sérgio Dias)

Adentrar o Eldorado, viajar, sentar-se no chão e começar a criar inevitavelmente implica no peso das horas contadas pelo relógio.

"O Sr. A é quem eu considero representar a perfeição que não me agrada, enquanto o Sr. Z representa a perfeição que aprecio. Assim, apresento aqui as marcas de predileção de cada um dos dois, A e Z, que determinam um grau de aceitação de algo que não é o apocalipse, mas sim o 'após-calipso'. Eis aqui, portanto (tente compreender a grandiosidade disso):

Sr. A – possui um automóvel da marca Rolls-Royce (modelo Silver Ghost).
Sr. Z – possui um Gurgel, modelo Itaipu, elétrico e não poluente.
Sr. A – possui um gravador da marca Ampex (analógico, não digital).
Sr. Z – possui um gravador da marca Sony (modelo 2500, digital).
Sr. A – possui um amplificador na vitrola da marca CCDB (transistorizado).
Sr. Z – possui um amplificador na vitrola da marca Audio Research (valvulado, 100 watts).
Sr. Z – também possui alto-falantes da marca Snake (modelo MS-235).

Então, surge em cena alguém que tenta conciliar ambas as perspectivas: o Sr. Y.

Sr. Y – possui um automóvel Ferrari (modelo Boxer).
– um gravador da marca Studer (analógico, pouco conhecido).
– um amplificador da marca Music Man (híbrido: transistorizado e valvulado).
– alto-falantes da marca Altec Lansing.

A competição entre os três estilos de vida continua:

Sr. A – guitarra da marca Fender (Stratocaster).
Sr. Z – guitarra da marca Gibson (Les Paul).
Sr. Y – guitarra da marca Gretsch.
Sr. A – religião: anglicana (protestante).
Sr. Z – religião: nenhuma.
Sr. Y – religião: mórmon, combinada com quakerismo.

Então, o Sr. Y (Rita?) conduz à insatisfação.

Onde A (Sérgio) e Z (Arnaldo), satisfeitos, levam vidas antagônicas. Até que surge um contestador, o Sr. K (Michael Killingbeck?). Porém, nessa etapa, tudo quase se resolve na base do soco e pontapé, o que de fato aconteceu com os Mutantes.” (Arnaldo Baptista).

“Em 'Sr. Z' possui um gravador da marca Sony, modelo 2500 digital, há uma contradição em Arnaldo: os gravadores digitais, que ele eleva aqui à 'perfeição que gosta', são inteiramente transistorizados e têm todos os defeitos dos transistores, somados a outros problemas dos circuitos digitais. Já os gravadores Ampex, que Arnaldo compara à 'perfeição que não gosta', vêm da época das válvulas e são analógicos; a distorção que produzem nas fitas é semelhante à dos amplificadores valvulados, resultando em um som agradável.”

(ccdblogo).

“Sobre 'Sr. A' possui amplificadores na vitrola da marca CCDB, transistorizados', já comentei bastante, Mário, em nossas trocas de mensagens sobre a questão válvulas versus transistores.”

(ccdblogo).

“Sobre 'Sr. Z também possui alto-falantes da marca Snake', isso é propaganda de Arnaldo para a Snake, uma fábrica nacional que sempre tentou copiar, sem muito êxito, os alto-falantes da JBL, empresa norte-americana. Embora as cópias não chegassem à altura dos originais, eu próprio recomendava os Snakes quando meus clientes não podiam adquirir os JBLs, pois eram os melhores nacionais disponíveis. Cabe mencionar que, certa época, a Snake me presenteou com alto-falantes de sua fabricação para que eu os destruísse em testes e fornecesse um retorno sobre os resultados. Fiz isso com prazer e sempre; ou seja, destruí todos, jamais aproveitando o presente para outros fins.

Note-se que aqui Arnaldo não menciona os alto-falantes do Sr. A ou, caso tenha mencionado, essa informação não foi incluída no seu livro, Mário. Quais seriam esses alto-falantes?”

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"Em 'Sr. Y, no amplificador, a marca usada por esse senhor fictício é Music Man, 'íbrido transistor e valvulados. Esse amplificador é o que há de ruim! Foi um projeto infeliz de Leo Fender, que combinou o que o transistor e a válvula têm de pior, sem aproveitar o que possuem de melhor. Ele colocou os transistores no pré-amplificador e as válvulas na seção de potência, quando deveria ter feito o contrário, caso priorizasse o som em relação a outras questões técnicas e mercadológicas.

A distorção bonita da válvula, o chamado 'som de válvula, ocorre nos triodos (ou duplos triodos), como a 12AX7 e sua versão antimicrofônica 7025, nos pré-amplificadores, cuja distorção por saturação produz um sinal assimétrico, arredondado e rico em harmônicos pares; não nos pentodos, como as 6L6GC ou as EL34 e cia., das seções de potência, cuja distorção é simétrica e abrupta, semelhante à dos transistores saturados.

Quanto à distorção desagradável dos transistores, pode ocorrer em qualquer seção, seja de pré ou de potência, caso não seja eliminada por um bom projeto, o que é fácil e comumente feito. As vantagens que Leo Fender obteve nesse projeto não estão no som, mas sim na redução do ruído da pré-amplificação, pois evitou o filamento das válvulas, que costuma ser alimentado por corrente alternada (o que insere ruído no sinal), embora também possa ser alimentado por corrente contínua (o que elimina esse problema).

Na seção de potência do amplificador Music Man, a extensão da resposta em frequência das válvulas (quando utilizadas com alto-falantes convencionais dinâmicos de baixa impedância, como ocorre em todos os amplificadores para instrumentos musicais deste planeta) é reduzida pelo transformador de saída, que os amplificadores transistorizados não precisam ter. Tanto os amplificadores valvulados quanto os transistorizados podem ter uma resposta ampla, se bem projetados. E não se deve esquecer dos long-channel MOS-FETs de potência para áudio, transistores cujas curvas de transferência e extensão de resposta se equiparam às das válvulas, sem os problemas destas."

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"O alto-falante Altec Lansing pertence a uma empresa fundada e dirigida por James Bullough Lansing (Jim Lansing) durante certo período para um poderoso grupo industrial, a Standard Electric (se não me engano – a história correta e completa está nos catálogos da JBL). Jim abandonou a Altec e criou sua própria empresa, a ainda mais lendária JBL (note que a sigla foi tirada do próprio nome inteiro do fundador, assim como acontece com CCDB), cujos alto-falantes e demais produtos sempre se mantiveram um passo à frente dos da Altec.

A Altec, por sua vez, teve seu nome alterado de Altec Lansing para Altec após a saída de seu fundador. Não é à toa que a Altec desapareceu do mercado por um tempo, retornando com produtos voltados para computadores, enquanto a JBL continua crescendo e se aprimorando – talvez algo semelhante aconteça conosco quando meu filho Rafael retomar a produção da CCDB.

Os motivos pelos quais a Altec se eclipsou não se comparam aos que levaram à pausa da CCDB: no caso desta última, a interrupção está ligada a uma obra incomparavelmente maior, a superna Géa.

Seria o JBL, transdutor que recomendei e introduzi nos sistemas dos Mutantes, o alto-falante do Sr. A?

Sobre as guitarras dos três senhores inventados por Arnaldo, já teci meus comentários. Não sei por que Arnaldo não teve coragem de mencionar as guitarras, guitarras-baixo, guitarras de doze cordas, contrabaixos e outros instrumentos que construí e modifiquei para ele e Sérgio (se não quisermos estender o nome Mutantes a Liminha e outros integrantes do grupo), e que ambos sempre usaram.

Talvez Arnaldo tenha esquecido minhas guitarras porque eram inatingíveis para os três senhores: estavam e ainda estão acima da perfeição.

Toda a história dos três senhores criada por Arnaldo é uma boa ideia, mas a execução foi péssima, aleatória, despreocupada em atingir este ou aquele indivíduo, esta ou aquela empresa, sem base sólida – um verdadeiro 'chute', que me parece deveras proposital."

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Um dia em 1989...

Arnaldo Baptista olha para a parede e aponta para um pôster, afirmando:
– Esta seria a capa do A e o Z. O ex-mutante comprou a imagem em uma feira e emoldurou a reprodução. Talvez tenha sido uma viagem dele acreditar que a capa seria aquela. Eu iria discordar de suas palavras? Participaria de algum grupo de fãs dos Mutantes no Facebook para julgá-lo? O refluxo da conversa em minha mente seria resultado da poeira e da semente de cigarro que havíamos derrubado? O fã tem que viajar, ler livros de mistério, não atacar como um Dom Quixote montado em seu cavalo, com a lança apontada para nós.

Cara, é muito foda desconhecer a sensação que as músicas do A e o Z provocavam ao vivo, e ainda mais quando eles colavam músicas da fase anterior. Ainda me lembro: “Não eram só os Mutantes que estavam progressivos, era o mundo todo” (Sérgio Dias). No pobre Brasil, os Mutantes não tinham status para continuar gravando como o Grateful Dead.

Entrelinhas

Ah, os Mutantes descobriram Deus! E no meio dessa nuvem estava um mágico zen, com olhar despreocupado e beatificado... chamado Michael Killingbeck, também conhecido como o “homem do átomo” por ser físico nuclear. Seria ele o inspirador do A e o Z?

Rita Lee enfrentava a maior crise existencial: continuaria ou não sua carreira artística? Michael Killingbeck a aconselhou na casa da Represa de Guarapiranga.

Na condição de namorado de Rita Lee, Michael Killingbeck começa a frequentar as colunas sociais dos jornais. Foi dele a sugestão para que Rita Lee não formasse seu grupo, já contando com a guitarra de Lúcia Turnbull.

"Ela me traiu com o seu melhor amigo, o Michael Killingbeck", soletra Arnaldo. "Depois disso, tudo mudou."

Ao recordar essa frase, pensei: Rita Lee, expulsa dos Mutantes, não teria sido uma traição anterior? Seria isso o motivo da crise existencial dela?

Os Mutantes estavam ficando gays? – a resposta é uma gostosa e barulhenta gargalhada. Do relacionamento íntimo deles, apenas brotava uma ótima música. Mais um daqueles sarros para cima dos caretas? Mais uma fantasia do líder...

Gravado e “desaparecido” nos arquivos da gravadora, A e o Z assume um caráter mítico entre os roqueiros. Em 1992, aconteceu o relançamento dos discos dos Mutantes em CD, e finalmente A e o Z pôde ser ouvido... Dinho deu uma opinião menos otimista: “É devagar.”

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Dessa fase, sobreviveram gravações dos ensaios na Cantareira e da apresentação no Phono 73 (Palácio das Convenções do Parque do Anhembi/SP). De imagens dispersas, dessa formação são conhecidas apenas as breves imagens do clipe da TV Cultura, “Gosto muito de você”, e as de Super 8 que aparecem no documentário do Joelho de Porco.

Dentro da série de shows musicais Phono 73, organizados pela Phonogram (ex-Philips, depois Polydor) durante o mês de maio, os Mutantes eram a grande atração da noite. Na mesma noite aconteceu a única apresentação das Cilibrinas do Éden, nome escolhido por Rita e Lúcia Turnbull, um delicado e acústico duo, vítimas de uma vaia homérica. Mas o ponto alto do show era a apresentação de Chico Buarque e Gilberto Gil, que apresentariam “Cálice”, uma composição recente e até hoje a única da dupla.

Agradaram tanto que voltaram para mais 15 minutos

Músicas como "Ando Meio Desligado" e "Mande um abraço pra velha" eram os maiores sucessos, mas o resto do set era composto por faixas inéditas, desconhecidas daquele público vibrante e original, que se encantava com as performances contorcidas de Sérgio e do baixista. Quando o show chegou ao fim, o público, ainda em êxtase, exigiu um bis – algo que não agradou aos organizadores – e os Mutantes retornaram ao palco por mais 15 minutos. Durante esse tempo, tocaram "Mulher de Cabeça Dura" e o clássico "Jailhouse Rock", de Elvis Presley, com a participação total da plateia. Nos bastidores, Arnaldo reclamava da Philips, dizendo que o LP estava "atrasado".

Com a grana escassa e as composições difíceis de surgir, durante um ensaio na Cantareira, os Mutantes foram interrompidos pelos gritos do motorista Sardinha. Ao tentar dar partida no caminhão do grupo, uma faísca provocou um incêndio que consumiu grande parte do equipamento. Passaram horas tentando apagar o fogo, mas o órgão Hammond foi tão danificado que nem com a troca de peças de metal poderia ser restaurado. Os roadies estavam desesperados. "Começamos a achar que alguém tinha feito macumba para nós", relatou Arnaldo.

"Arnaldo sempre foi propenso a essas ligações cósmicas e quase messiânicas, que o levavam a viver acampado e tocar gratuitamente em lugares místicos, como São Lourenço (MG), onde acreditava existir uma peculiar conjunção astral. Enquanto isso, Dinho, Sérgio e Liminha tentavam manter a estrutura profissional do grupo, com caminhão de 6 toneladas de equipamentos, quatro funcionários e uma agenda cheia de shows e gravações." (Revista do CD)

Em julho, Arnaldo anunciou seu desejo de deixar o grupo, e foi substituído por Manito, ex-integrante de Os Incríveis. A nova formação ensaiava em uma fazenda perto de Campinas. A guitarra vermelha de Serginho, feita sob medida para ele, foi roubada pouco antes, valendo 25 milhões de cruzeiros, e uma recompensa de dois milhões foi oferecida para quem a devolvesse. A guitarra, no entanto, carregava uma maldição: quem não a entregasse a Serginho ficaria com o braço seco.

Em uma entrevista, Liminha revelou uma angústia pessoal: no camarim, após o último show dos Mutantes, Arnaldo teve uma crise nervosa, socando o chão e pedindo, entre lágrimas, o retorno de Rita Lee ao grupo.

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"Acreditávamos que o Universo era Deus, que a energia maior nos conectava. Mas Arnaldo foi além", comentou Liminha. Segundo Dinho, o fim foi "placidamente dramático". "Estávamos todos sentados ao redor de um anjo de cemitério no quintal da casa de Arnaldo. Perguntamos o que fazer e, naquele momento, percebemos que queríamos coisas diferentes. O grupo havia se acabado. Choramos bastante e fomos embora."

Enquanto isso, Rita Lee começava os ensaios para seu novo show no Ruth Escobar, intitulado Tutti Frutti. Com direção de Antonio Bivar e musical de Zé Rodrix, o espetáculo estreou em 15 de agosto. Os Mutantes, em um comunicado, expressaram satisfação: "Estamos felizes que Rita tenha formado sua própria banda. Isso só contribui para o crescimento do movimento pop no Brasil. A explosão do rock por aqui só pode ser comparada à da Inglaterra na época dos Beatles."

Arnaldo, agora solo, partiu para o festival em São Lourenço, onde pediu ao prefeito doze fogueiras, uma para cada signo do zodíaco, inspirando-se no show Rainbow Bridge, de Jimi Hendrix no Havaí, onde o público deveria se vestir com as cores do arco-íris e tentar entrar em contato com "inteligências superiores". Foi nesse festival que Arnaldo conheceu Maria Lúcia Barbosa, uma grande fã dos Mutantes e especialmente de Arnaldo, que viria a se tornar a pessoa mais importante em sua vida, reunindo pacientemente recortes de jornais, fotos, ingressos e participando ativamente na produção dele.

Em uma de suas observações sobre o grupo, Arnaldo falou sobre as diferenças no som dos instrumentos. "Serginho tocava Fender porque amava Jimi Hendrix; Liminha tocava Rickenbacker por causa de Chris Squire, e eu tocava Hammond inspirado por Jimmy Smith. A mistura disso tudo não estava dando certo", disse ele, refletindo sobre o fracasso da sintonia entre os membros da banda.

Arnaldo também mencionou sua frustração com os amplificadores, que levava a discussões com seu irmão sobre a construção de amplificadores valvulados. "Eu queria amplificadores valvulados, mas ele nunca os fez. E os Mutantes nem se importaram", desabafou. Seu irmão, por outro lado, negou a acusação, explicando que ele nunca pediu amplificadores transistorizados, e que se o tivesse feito, também não os teria recebido.

O tempo passou, e Arnaldo, já sem os Mutantes, foi chamado esporadicamente para participar de shows, tanto operando a mesa de som quanto participando das aberturas de shows em 1978. Mas o som original dos Mutantes, com a saída de Rita e Arnaldo, estava oficialmente em declínio.

Em 1973, Arnaldo se aventurou na produção do primeiro compacto do Joelho de Porco, "Se Você Vai de Xaxado, Eu Vou de Rock'n'Roll/Fly America", mas o projeto não prosperou. Esse também foi o ano em que o rock perdeu sua originalidade e a MPB perdeu um dos maiores ícones de sua história, com a morte de Pixinguinha, e o Brasil vivia em meio à crise do petróleo.

Com a saída de Arnaldo, Manito (ex-Incríveis) entrou para substituir seu lugar. A transição refletia a busca de cada integrante por algo novo, mas o espírito da formação inicial dos Mutantes estava definitivamente dissolvido.

"Com a saída da Rita e depois do Arnaldo, muitos músicos começaram a se juntar a nós: Liminha, Dinho, Manito, entre outros. Sempre influenciados pelo que vinha de fora, buscando aperfeiçoamento técnico. Eu colocava discos dos melhores guitarristas e ficava tentando acertar todos os solos até obter o som perfeito, como os de John McLaughlin ou Steve Howe", afirmou Sérgio Dias, refletindo sobre os novos rumos da banda.

Ronaldo Leme, o Dinho, baterista dos Mutantes, guarda em sua casa um verdadeiro tesouro: a gravação de um show da banda. “Esse disco é incrível, muito bom. Foi gravado no final da carreira do grupo, já sem o Arnaldo”, conta Dinho. O show foi registrado em Goiânia, após a saída de Arnaldo Baptista (voz e teclados) e Rita Lee (voz). Na época, a formação dos Mutantes contava com Sérgio Dias (guitarra e voz), Liminha (baixo) e Dinho, além de Manito (teclados, sax). Esse período marcou o auge da popularidade dos Mutantes, quando seus shows atraiam de três a cinco mil pessoas. "Eu tenho metade [da fita], e o Liminha tem a outra. Eu fiquei com a parte final, e ele com o começo", explica Dinho. "O show é pesado, ao vivo, com solos de bateria, baixo e sax muito bonitos." O repertório do show se baseia no disco A e o Z.

Sérgio, falando de forma desapaixonada sobre as mudanças na formação da banda após a saída de Rita Lee, comenta: “Eu nunca sei em que dia, mês ou ano estamos. Só sei que essa fase foi de muita loucura. Depois que Arnaldo saiu, entrou Manito. Aí, Manito saiu, e o Dinho também, e entraram o Túlio e o Rui. Depois, o Liminha saiu e entrou o Pedro”. (Revista Rock, a história e a Glória, nº 9).

Dinho deixou a banda por questões de controle motor, e os Novos Mutantes estrearam com um show em Ribeirão Preto, para 400 pessoas, com a formação: Sérgio nas guitarras, Túlio Mourão nos teclados, Rui na bateria e Antonio Pedro no baixo.

O novo equipamento dos Mutantes foi projetado por Cláudio, irmão de Arnaldo e Sérgio, e necessitava de quatro técnicos para funcionar. Sérgio comenta: “Temos 2.600 watts de potência. Só no palco usamos 600, e a mesa de controle funciona como um estúdio de gravação. Com 13 entradas independentes, ela recebe o som de cada microfone e instrumento e envia para a plateia cerca de 200 watts através de 10 amplificadores. Assim, nós ouvimos os outros músicos no palco e a plateia recebe um som perfeito”.

Esse som, do qual Sérgio fala com orgulho, foi exibido na temporada carioca no Terezão, e já reuniu 10 mil pessoas em Salvador, numa praça pública.

"É por isso que acreditamos em nós", diz Sérgio, refletindo sobre a fé na própria música e na força da banda.

mutantes equipe

"Em 1973, começou a era dos 2600 watts de rock. Naquele período, não havia mais amplificadores no palco. A mesa de som possuía oito canais amplificados, e as caixas de som funcionavam como retornos. No entanto, essa inovação não durou muito tempo, e logo voltaram a usar amplificadores de guitarra e contrabaixo no palco. No ano seguinte, com a entrada de Túlio Mourão nos teclados e Rui Motta na bateria, a formação da banda passou a contar com novas sonoridades e uma nova dinâmica." (Dado Nunes)

"Segundo a lenda, essa foi a primeira equipe técnica de som de uma banda no Brasil. Não sei se o Pena Schmidt já havia saído, pois ele não aparece nas fotos de 1974. Mas ele retornaria em 1976. Quanto aos técnicos, somente Alan Kraus e Léo Schoff, irmão da Sabine, permanecem", relata Dado Nunes.

Em maio de 1974, a Philips enviou para registro na Censura Federal a letra da música "A e o Z", que passou a se chamar "De Alfa a Ômega".

mutantes gente

Aqui mais gente da equipe...

cilibrinas do eden

Rita Lee & Tutti Frutti

Este aqui já é o Tutti Frutti. As Cilibrinas do Éden fizeram apenas um show no Phono 73. O primeiro disco do Tutti Frutti acabou sendo engavetado e só foi lançado anos depois, como um bootleg, com o título de "Cilibrinas". O álbum foi produzido por Liminha. (Dado Nunes)

"Rita Lee. Pessoa especial, única, sempre na frente, sempre me deu força na banda, nunca brigamos, veio pra ensinar e fazer um monte de gente feliz! Sorte minha ter trombado com você." (Liminha, 2023)

mutantes air now

Foto: Leila Lisboa

Esta era uma das fotos favoritas de Leila.

LEILA FOSCHINI LISBOA (IN MEMORIAM)

"Nunca foi um trabalho, era uma diversão. Por sorte, ela estava no lugar certo com uma câmera; se não fosse assim, nunca teríamos esses registros." (Dado Nunes)

"O A e o Z estava forte, mas Midani se achava e namorava Rita, que já havia saído dos Mutantes. Com certeza, ele tinha o controle da situação, enquanto o astral dos Mutantes estava tão baixo que ele acabou prejudicando a carreira da banda. Conheci bem e não o considero uma pessoa correta nem competente. Houve uma história meio sombria envolvendo Midani, já ao lado de Rita, contra Arnaldo e os Mutantes." (Dinho Leme)

0 Rita Midani

 

"Mesmo com nós quatro tocando em um nível excepcional, a ausência de Rita sempre foi sentida." (Dinho Leme)

 

"Fui internado injustamente cinco vezes, apenas por defender a amplificação valvulada." (Arnaldo Baptista)

 

"Minha primeira internação como louco no Hospital Boa Vista foi causada por Rita Lee, que acreditou nas palavras de um padre: a amplificação valvulada, defendida por Arnaldo, seria um pacto com o demônio que ele teria feito." (Arnaldo Baptista)

 

"Lembrei-me do fato que desencadeou a fabricação dos amplificadores transistorizados. Na época, um ano antes do lançamento, no Brasil, do primeiro amplificador transistorizado – o Phelpa 40 Watts –, houve, nos Estados Unidos, um pronunciamento da NASA proibindo o uso de aparelhos valvulados em aeronaves. O motivo era o peso excessivo e a fragilidade das válvulas. Como consequência, a fábrica Kenwood, que estava montando uma linha de amplificadores transistorizados, declarou que as válvulas eram coisa do passado para a NASA." (Arnaldo Baptista)

 

O furo no nariz

ccdblogo

"Os Atlantes acabaram por causa do KSE, Kier! Não acha, Cinda?

— Os Atlantes eram só Sérias, Ardo e Ree. Ardo se deu mal.
— Os Atlantes éramos nós e o Té, Cinda.
— Eu não tocava mais.
— Não precisava tocar para ser sempre um Atlante.
— Obrigado... Isso não tem mais importância. Minha preocupação é com o Cray.

Principalmente por seu aviso, Kier, ao contatar a tal Irmandade. Ele tem andado muito estranho! Outro cromat pediu-me para furar-lhe o nariz e pôr-lhe um brinco, sem empregar anestesia. Relutei, mas Cray insistiu, e satisfaço-lhe a vontade: afiei em ponta uma chave de espira, desinfetei-a e perfurei-lhe a cartilagem lobular. Não achei estranho o fato de Cray usar esse adorno — muita genk, dita sã, faz disso seu encanto. O assustador era a feição, a expressão dele, enquanto eu enfiava-lhe nessa carne tão sensível a chave de espira! Ardo tinha os írios esgazeados, tremia e respirava ofegantemente, como se a dor lhe causasse o mais intenso prazer!

Como se me ferisse ao ser ferido por mim!"

* O episódio inteiro está descrito em Géa - página 1356, Livro Sexto.

** Nota: Onde se lê "chave de espira", (quer dizer "chave de parafuso"); onde está "írios", a tradução é "olhos".

http://www.ccdb.gea.nom.br/

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