ALIENBALADA: SIM PAPAI, POIS NÃO MAMÃE!

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SIM PAPAI, POIS NÃO MAMÃE!

"Desde que nasci, papai era cantor de ópera, fazia isso de hobby, era poeta. E a minha mãe também tocava piano, e a mamãe tinha um violão guardado, também". (Arnaldo Baptista).

"Minha mãe tinha um violão de tampo amarelo com longas fitas coloridas no cabo quando eu era criança e tocava e cantava para mim. Não sei que fim levou esse violão".

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"Nesse tempo eu já tocava umas oitenta músicas, e isso, naquele tempo era alguma coisa. Hoje, é de oitocentas pra cima que tenho ouvido guitarristas dizerem que tocam".

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Em 1954, o mundo despejava nas ruas uma nova geração de adolescentes que mal haviam superado os traumas da Segunda Guerra Mundial. E Marlon Brando em The Wild One - (O Selvagem) liderava um bando de motoqueiros que invadiam uma pacata cidadezinha, personificando os anseios dessa geração. Já James Dean no papel de mito e personagem encarnava o adolescente incompreendido pela sociedade no clássico Blackboard Jungle - (Sementes da Violência), de 1955, que inspiraria um batalhão de adolescentes a fazer parte da primeira facção do rock'n'roll. O professor, na sala de aula, começa a tocar discos de sua coleção, para atraiar o interesse dos alunos. Primeiro com I can't get started, com Bunny Berigan. Insatisfação na classe. Mais alguns discos Harry James, Will Bradley, Ray McKinley, Ella Mae Morse. Protestos: "Que droga de aula é essa? Queremos ouvir música mesmo". Impacientes, os alunos apossam-se da amada coleção do mestre e quebram disco por disco, atirando-os pela sala. Essa cena de Sementes da Violência demonstra a carga de descontentamento musical e social aliada à rebeldia da nova geração que acompanhava os primeiros passos do rock'n'roll. Mas, foi no filme Rock around the clock - (No balanço as horas) que o som da contestação seria ouvido por milhares de jovens que mergiriam de um mundo mergulhado em disciplina, onde os pais existiam como poder intocável, ao lado da Igreja, da moral, do impecável, da alma. Os pais que viram o horror da guerra entrar por portas, através dos telhados e que não puderam fazer nada e o fruto dos anos de repressão e ordem resultariam num "hino de guerra". O rock'n'roll acabava de desembarcar no Brasil via "Rock around the clock" de Bill Haley e seus Cometas que popularizam internacionalmente o novo ritmo e, ao invés do "sim papai", "pois não mamãe", essas meias palavras seriam desfiguradas pelo presente espírito de independência, adquiridos via gomas de mascar, e estados de semi-alucinação proporcionados pelas fortes cenas do balanço das horas. As coisas começaram a acontecer e nada mais seria como antes, o rock mexe com os quadris e excita a libido juvenil, despertando sentimentos reprimidos como a petulância e a arrogância, uma alternativa de liberdade, iniciando um longo caminho aberto pelos corajosos e pioneiros rock'n'rollers. No dia 16 de fevereiro de 1957 - o governador de São Paulo, Jânio Quadros, proíbe a execução de rock and roll em bailes. Para impedir a repetição de distúrbios nos cinemas, o juiz de menores de São Paulo, Aldo de Assis Dias, decide proibir, em dezembro, para menores de 18 anos, o filme "No balanço das horas" com Bill Haley e seus Cometas, qualificando de imoral o ritmo do rock. Mas a medida revela-se inócua, pois a popularização do novo ritmo é um fenômeno mundial. Elvis Presley desponta como ídolo e surgem a nova onda, a nova gíria e o novo comportamento entre os jovens. Para satisfazer e atender a demanda do recém-criado mercado juvenil, nascem indústrias voltadas para o consumo infanto-juvenil.

"A moçada quebrou tudo, invadiu o hotel, foi um tremendo ouriço. Estava todo mundo louco e selvagem". Bill Haley relembra sua primeira passagem pelo Brasil, em 1958. Blusões de couro negro, rebeldes sem causa, o topete sempre bem penteado, no rádio, o programa Hora da Broadway com as últimas de Chuck Berry, Fats Domino e Little Richard, mas os discos, já naquele tempo, não saiam aqui, apenas os de 10 e 12 polegadas de Bill Haley. Camisas e meias vermelhas, calças roebuck e far west da Sears, bem justas e afuniladas para dançar o rock nas matinês de domingo e não se esqueça dos óculos com astes grossas. Tonite, o couro negro e o boné de Marlon Brando, a farda, a vestimenta dos teddy boys que faziam ponto na praça Afonso Pena na Tijuca, praticando pequenos furtos com seus canivetes. O roncar da lambreta, o barulho do escapamento do Chevrolet 54, o banco de trás do Oldsmobile 56. Letreiros de Coca-Cola ou Crush, nas caixas do jukebox, a escolhida de sempre: Hound Dog com Elvis. O mesmo Elvis se apresentaria no grama de Ed Sullivan – apenas da cintura para cima – Elvis the Pelvis, guinchava o seu Heartbreake Hotel para toda a América via costa a costa. No salão sessões vespertinas, a meninada de família tomada pelo espírito do rock, não queria voltar para casa, queria ser livre, para descobrir o sexo. Gritos de garotas jovens e donzelas curradas brutalmente pelos playboys, na Tijuca ou nas imediações da Rua Augusta em São Paulo. Nas manchetes matutinas dos jornais: “Curra, no Rio, mata Aída Curi”, “Playboys infestam a Zona Sul Carioca e a Rua Augusta em São Paulo”, “Segurem suas filhas: aí vem o rock’n’roll”. Brigas de gangs que só terminavam com a chegada da polícia. No rádio do Simca Chambord, os sucessos de ouro, o rock nacional Advinhão, Diana, Rock do Sacy, Boogie do Bebê, Bata Baby, Rua Augusta, e a menina Cely Campello cantando

Lacinhos Cor de Rosa. Em 1960, o rock’n’roll entraria em decadência, Elvis estava no exército, Little Richard cumpria uma promessa e dedicava-se integralmente à música religiosa, Buddy Holly e Ritchie Valens morrem no mesmo acidente aéreo numa fria madrugada de fevereiro de 1959. Eddie Cochran morre esmagado assim como James Dean dentro das ferragens de seus carros, o “matador” Jerry Lee Lewis volta às baladas caipiras depois de uma tumultuada excursão pela Inglaterra e o poeta urbano Chuck Berry, seria condenado pela Lei passando dois anos em cana. A 21 de abril de 1960 é inaugurada a nova capital, Brasília, com sua inovadora arquitetura, uma das mais arrojadas e modernas do mundo.

Nesse mesmo ano, a indústria automobilística já tinha se tornado a maior anunciante do país, com as campanhas da Mercedes, Simca, Ford, GM e Volks. Guitarras elétricas, audições na vitrola, a época de ouro do rock instrumental, os quentes: The Shadows na Inglaterra e The Ventures, nos Estados Unidos, que influenciaram ums em número de grupos ao redor do mundo. No Brasil, os Jet Blacks e os Jordans abriam caminho para o desfile do calhambeque da Jovem Guarda. Com o disco em 16 rotações e uma oitava abaixo, os primeiros roqueiros nacionais aprendiam a tocar a seqüência quase que constante do twist: mi maior, lá maior, si maior, mi maior... Logo surgiram os primeiros grupos nacionais em sua maioria radicados no bairro da Pompéia, que era a barra pesada entre Perdizes, Lapa e Sumaré em São Paulo. Na Pompéia, mais tarde batizada de “a Liverpool brasileira”, e nas suas ladeiras e quarteirões, sempre existia um conjunto ensaiando e o som dos ensaios rolava junto com as águas para debaixo da ponte do rio Tietê. Nesse ambiente, ocorriam os primeiros passos musicais dos irmãos Dias Baptista, ensaios nos finais de semana no porão de sua casa onde as primeiras experiências musicais aconteciam. O pai de Cláudio, Arnaldo e Sérgio: César Dias Baptista, já falecido, que fora secretário particular do ex-governador Adhemar de Barros e exercera a função de jornalista escrevendo a coluna: “Amanhece o Dia” no jornal O Dia que era de Adhemar. Mas antes o Sr. César pertenceu ao Coral Paulistano, do qual era tenor principal. Foi ainda dançarino do Balé Português, e poeta nas horas vagas acabando por publicar dois livros Romance sem palavras, e o primeiro volume do que deveria ser uma coletânea das poesias que ele escreveu diariamente durante dez anos e incluiu nas suas crônicas para o jornal O Dia. César Dias Baptista é o autor da versão brasileira da música de Natal Noite Feliz assinada com pseudônimo "Cláudio César". Formado dos nomes de Gaudio Viotti e César, dupla que fazia versões das músicas estrangeiras.

"Tenho o primeiríssimo exemplar de Romance sem palavras, que contém uma linda dedicatória de meu pai para mim, escrita no dia de meu nascimento. E o primeiro volume, o qual inclui as poesias apenas do primeiro ano, tem o mesmo nome da coluna de meu pai: Amanhece o dia, onde a redundância é propositada, por causa do nome do jornal. Tenho os dez volumes dos recortes de jornal contendo todas as crônicas e as poesias. Ouvi-o muitas vezes recusar convites de pessoas que o queriam propor para ingressar na Academia Brasileira de Letras: era imortal deveras. Como vemos, César não foi poeta nas horas vagas; sim, poeta profissional, remunerado pelas crônicas e as poesias. Um grande poeta, que continua sendo".

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Certo dia – CCDB (Cláudio César Dias Baptista) – teve o privilégio de colocar um início e um fecho no livro que seu pai César Dias Baptista escrevera sobre a vida de Adhemar de Barros pai, quando trabalhava para Adhemar Filho. CCDB (Cláudio César Dias Baptista) ajudou seu pai nisso, porque ele esteve junto a ele no escritório também trabalhando, nessa época. Esse livro CCDB (Cláudio César Dias Baptista) viu concluído nas mãos de seu pai, que já havia iniciado outro. Quando César Dias Baptista passa pela transição, a família de Adhemar retira do apartamento onde ele morava o original. Muito tempo depois, quando CCDB (Cláudio César Dias Baptista) fala a sua mãe, Clarisse Leite, sobre o livro, ela toma a iniciativa de, sem consultar-lhe, falar com Adhemar de Barros Filho, que acha a ideia de “restaurar” o livro – o que lhe comunica, fornecendo-lhe “o que sobrara” dessa obra. Sem discutir e aproveitando a oportunidade, CCDB (Cláudio César Dias Baptista) faz sua parte. Esse livro de seu pai César era um depoimento de quem sempre idolatrou Adhemar pai – e jamais obteve um níquel desonesto. A outra metade da herança musical vinha da mãe Clarisse Leite Dias Baptista, o pai de Dona Clarisse era pianista de cinema quando os filmes eram mudos e foi dele que ela ganhou o seu primeiro piano. Clarisse Leite Dias Baptista, pianista e concertista clássica é a primeira mulher neste mundo a compor e ver executado o "Concerto Número Um" de sua autoria com a Orquestra Sinfônica no Teatro Municipal. Existe o "Número Dois", inédito, que Clarisse Leite entregou, no original, a João Carlos Martins que foi para os Estados Unidos e não devolveu. Os dois concertos de Clarisse Leite são lindos! CCDB (Cláudio César Dias Baptista) ainda têm várias, se não todas, músicas impressas e publicadas de Clarisse Leite. Nelas uma dedicatória de sua mãe para ele. Dona Clarisse, compôs várias peças como: Impressões de Vienna, Transmigração e Valsa Etérea. Realizando concertos em Viena e vários em São Paulo. Fazendo parte do corpo de jurados em concursos internacionais de apresentação de música clássica na Europa. Mesmo assim ela desprezava a gravação de um disco.

"Era o jeito dela, parecido com os dos compositores que venerava, do tempo em da arte mais efêmera - e talvez por isso mais criativa - já que não se podia gravar".

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"Indelicadeza e mentira. Carlos Calado escreveu uma coisa horrível sobre minha mãe. Isso nunca merecerá o meu perdão. Clarisse não era absolutamente como foi descrita no livro A Divina Comédia dos Mutantes, de Carlos Calado; e, mesmo que o fosse, esse autor não a deveria retratar assim. Ela foi uma insigne pianista e compositora, de quem o Brasil só tem de se orgulhar. Quando escreve, com desdém e maledicência, que Clarisse teria visto o espírito de Chopin (ou coisa semelhante); quem o autor desse livro pensa ser, para negar uma visão a alguém? Para desdenhá-la? Isso é no mínimo preconceito religioso, porque ofende inclusive os espiritualistas".

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"Hoje reencontro Clarisse em sonhos, tanto enquanto durmo quanto ao sonhar acordado - que o faço, quando abro as asas. Lá; ela vive feliz! linda! jovem! sonora! e não falta meu pai; assim belo, alegre, moço e cantante; ao seu lado".

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Arnaldo Dias Baptista, o segundo filho nascido em 6 de julho de 1948, desde a infância já manifestava interesse pela música clássica ouvindo peças de Bach.

Era muito garoto quando a mãe resolveu faze-lo pianista. Ele estudava contrafeito, por obrigação, e dona Clarisse terminou por desistir de vê-lo algum dia no Municipal, mas mesmo assim as lições continuaram. Adquirindo a técnica num piano de armário depois passando para o piano de cauda. Portanto, não foi novidade o seu interesse natural pelo instrumento. Arnaldo era mau aluno de piano, porém ótimo estudante do Instituto Caetano de Campos, onde fez o curso primário e o ginasial, sempre como primeiro aluno. Gostava de línguas, pensava estudar direito ou filosofia. Chegou a fazer o primeiro ano clássico no Mackenzie mas parou o curso para ganhar dinheiro e fama com a música. Até o final do ginásio, Arnaldo estudou piano, mas já bem antes aos sete anos desenvolvia várias harmonias, chegando até o Jazz.

"Toda a minha formação é jazzística: Oscar Peterson, Jimmy Smith e Dave Brubeck, essas sãs as maiores influências na minha música, onde combino: improviso rápido de mão direita, calor sonoro e tempos bem sincopados das músicas". (Arnaldo Baptista).

O interesse pelo violão surgiu aos dez anos com o amigo Raphael Vilardi e, no Conservatório Musical da Pompéia, Arnaldo procurou aprender trompa mas pela falta de professor transferiu-se para o contrabaixo elétrico, “até hoje ainda quero aprender trompa”, ele afirma.

No dia 5 de outubro de 1962, na distante Inglaterra, na sombria e portuária Liverpool, as lojas de discos locais recebiam o primeiro 45 rotações de uns certos Beatles: Love me do / P.S. I love you. Nesse Natal de 1962, aos 14 anos, sua tia Diva presenteou-lhe com um contrabaixo elétrico, coincidindo com o seu primeiro contato com o rock através de Neil Sedaka. “Tia Diva é um fator bem próximo; ao fato da Diva Bresser, ser a melhor amiga da mamãe”. (Arnaldo Baptista).

Após ouvir Neil Sedaka acabou descobrindo um gosto pela música importada onde ele achava que essa tinha melhor qualidade musical. Nacional, só ouvia Cely Campello de vez em quando. Como já tocava contrabaixo, acabou por acompanhar seu irmão mais velho Cláudio César Dias Baptista e o amigo Raphael Tadeu Vilardi da Silva. Durante numa festa numa Igreja da Pompéia, com o nome de The Thunders, “meu irmão mais velho tocava uma guitarra emprestada, o Raphael, a outra guitarra e de vez em quando o Serginho tocava com a gente”. (Arnaldo Baptista).

"Sou o irmão mais velho e o grupo surgiu comigo e com meu colega de escola Raphael Vilardi. Quando fui a casa do Raphael, dois amigos dele estavam lá, na garagem e começaram a tocar duas guitarras em um pequeno amplificador. E gostei muito. O Raphael gostou tanto que comprou uma guitarra. Aí resolvemos formar um conjunto. Esse primeiro conjunto chamou-se The Thunders, um nome que escolhi. Bem, o conjunto foi feito; eu deveria vir a ser o saxofonista. Naquele tempo existiam conjuntos que tinham esta formação: dois guitarristas, um saxofonista, um contrabaixista e um baterista. Poucos cantavam, era mais música instrumental. No Brasil existiam Os Jet Blacks, nos Estados Unidos existiam Os Ventures e Duane Eddy. Então aprendemos com Os Ventures e Duane Eddy e até com Os Jet Blacks (eu digo 'até' porque, de certa forma, copiavam o que os outros faziam, não achava que eles fossem muito originais).

Aprendemos a tocar tirando as músicas a partir dos discos postos em baixa rotação e ouvindo nota por nota. Meu saxofone demorou tanto a chegar que acabei tocando uma guitarra emprestada. O Raphael era o solista de guitarra, eu o acompanhante. O José Roberto Rocco, um colega meu de escola, era o baterista e o Arnaldo, já grandinho (o Sérgio ainda era crinaça), o contrabaixista. Aí esse conjunto tocou durante algum tempo, mas sem projeção. Tocava em casa, tocava nos bailes, nas festinhas e foi crescendo, evoluindo, até começar a tomar importância".

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Na festa da Igreja da Pompéia, CCDB (Cláudio César Dias Baptista) conhecerá sua primeira esposa, que o procurou na saída do espetáculo para lhe pedir um autógrafo em sua carteira escolar.

Nem só de música Arnaldo vivia, ainda encontrava tempo para os treinos de karatê e assistir a filmes de suas musas: Brigitte Bardot e Julie Christie: “uma versão de saia de James Dean”. Iniciava-se também o mergulho nos mistérios da ficção e da velocidade sobre as rodas. Sérgio Dias Baptista, o caçula, dois anos mais novo que Arnaldo, nascido no 1.º dia de dezembro de 1950 desde os onze anos já tocava violão, de ouvido, largando a escola dois anos mais tarde, na segunda série do ginásio: “afundei completamente em música”. Um dia disse à mãe, em tom solene: “sou um profissional da guitarra. Vou viver disto e parar de estudar bobagens na escola”. Sua mãe em represália cortou-lhe a mesada e deixou de comprar-lhe roupas e sapatos, um mês depois Sérgio já ganhava mais que a mesada, tocando em uns sete conjuntos aos mesmo tempo. “O Serginho era gordo” fala Arnaldo.

“E para não ir à geladeira. Ficava tocando guitarra, tirando acorde por acorde até se tornar um virtuose”. Além dos acordes na guitarra, outra paixão de Serginho era a História da França e dividia o interesse com Arnaldo pela ficção científica.

Cláudio César Dias Baptista, 06/05/1945; ("meu nome deriva do pseudônimo 'Cláudio César'. Felizmente! caso contrário teria sido Winston, pela admiração de César por Churchill") três anos mais velho que Arnaldo, já demonstrava tendência e afinidade para a eletrônica, ajeitando e arrumando plugs, amplificadores e aparelhos de som, iniciando e ensinando, modelando o som dos irmãos de uma forma caseira produzindo e desenhando a futura aparelhagem do maior grupo de rock de todos os tempos no Brasil e da América Latina. "Sérgio era ainda criança, quando eu, o Arnaldo e Raphael formávamos um grupo musical: The Thunders e uma equipe, 'Vulcânia' de Aeromodelismo. Eu deveria tocar saxofone, mas enquanto não chegava o instrumento dos Estados Unidos acabei me tornando guitarrista. Como guitarrista tive a honra de ter ensinado as primeiras notas e posições, e as primeiras músicas ao meu irmão Sérgio! Mais tarde ele veio a superar mil vezes ao mestre. (...) Sendo aeromodelista e tendo construído telescópios ópticos na AAASP (Planetário do Ibirapuera), minha habilidade manual levou-me, aliada ao interesse pela técnica e invenção a construir guitarras, a superar os enormes problemas técnicos dos modelos da época (Fender, Gibson, e mil outras). Fui muito feliz nisso, e o sinergismo da ação conjunta – Sérgio testando em campo e eu inventando e aperfeiçoando – resultou em um modelo de guitarra que seguradamente era o melhor do mundo na época – a guitarra de ouro, que deu margem a tantas reportagens".

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- Mas aprender música – diz Arnaldo – exigia tempo. Com os telescópios e o aeromodelismo, conseguíamos tudo imediatamente. Na música, precisávamos não só aprender, mas também nos entrosar. Passamos um ano inteiro aprendendo a tocar guitarra. Serginho era muito pequeno, só ficava olhado. Como não tínhamos dinheiro para comprar uma guitarra, Cláudio construiu uma usando a tampa de uma privada e o braço de um violão. Só comprou as partes elétricas. Guardamos esta guitarra até hoje, como lembrança (Arnaldo Baptista).

"Fazer telescópios exigia tempo também! Um espelho comum, de tamanho médio (por exemplo vinte centímetros de diâmetro), levava quatrocentas horas para desbastar e polir. E um telescópio não tinha só espelhos! Criar, construir e pilotar um bom aeromodelo envolve tecnologia e arte que demora a aprender e se equipara à da música. Uma equipe de aeromodelismo e um grupo de astrônomos também precisa aprender e se entrosar - aliás, costumam fazer isso bem melhor que os conjuntos musicais... e que ninguém jamais chame um astrônomo de careta: ele voa longe, viaja té mais que o aeromodelista e o mais alucinado roqueiro".

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"Não é mito; sim, mentira, que merece a descarga de um vaso sanitário, tal história de tampa de privada. Essa primeira guitarra simbolizava de duas maneiras meu interesse pelo espaço cósmico: seu corpo tinha o formato de um disco voador, cujo centro se compunha de um cristal cortado para espelho de telescópio, o qual perfurei para instalar o captador e os controles. A guitarra era, portanto, um disco voador e um telescópio que tocavam, levando o músico e o ouvinte a viajarem. Naquele tempo, eu já concebera o projeto do disco voador que está completamente descrito na obra Géa (e também no site www.ccdb.gea.com.br) e que pode ser tentado na prática: os princípios de seu voo atmosférico estão expostos com rigor e são científicos. A idéia é toda minha e combina dois deles como ninguém antes fez. O Brasil pode vir a ser novamente o Pai da Aviação, se não dormir no ponto e esperar os estrangeiros me copiarem a idéia. Esse mesmo disco foi descrito num artigo que Leonardo Bellonzi, o dono da EDITELE - Nova Eletrônica, se recusou a publicar. Tal artigo incluí na versão original do meu livro CCDB - Gravação Profissional, bem antes de o pôr na obra Géa e retirar da versão que hoje reescrevo com meu filho Rafael".

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A primeira guitarra brasileira de qualidade feita por CCDB (Cláudio César Dias Baptista) para Sérgio era uma cópia da Fender Stratocaster com a caixa blindada e um som limpo sem igual.

"Nessa época, ele fez uma guitarra que não era muito importante mas era dez vezes melhor que qualquer guitarra produzida aqui. A partir dessa, meu irmão começou a fazer uma série de guitarras acústicas, na época em que os Beatles apareceram, devido ao surgimento das guitarras Grestch. Essas guitarras eram as Regvlvs, das quais eu tenho duas. Essas guitarras foram um barato porque a gente começou a entrar bem mais pesado no campo da eletrônica e aqui ninguém sonhava com isso. Eu tenho coisas nesta guitarra que só agora estão saindo similares na guitarra-sintetizador da Roland. Essa minha guitarra Regvlvs tem sete distorcedores separados e captadores separados (um por corda). Então, o som é de um sintetizador. Parece um Polymoog tocando. Além disso ela tinha um captador no cavalete igualzinho a esses que a Ovation está fazendo agora, isto é, um captador a cristal piezo elétrico que ia para um pré-amplificador, ela é estéreo, tem quatro saídas, você escolhia a saída que você queria usar e tinha um circuito de programação e memória que dava para programar o som que você queria em cada lado. Ao acionar uma chave você mudava tudo na hora. (...)

- A guitarra que o seu irmão vendeu pra o guitarrista do Analfabitles (Luiz Carlos) era igual a sua, ou existiam dois modelos Regvlvs?

Todas as guitarras que ele fez eram brindadas internamente (a minha também externamente) com folhas de ouro. O ouro é o melhor condutor que existe. Então, se você blinda ela inteirinha com ouro.

Ela fica como se estivesse dentro de uma caixa desse material. Assim, não existe interferência ou ruído. Então, ela possibilita um nível muito mais alto de pureza de som". (Sérgio Dias).

Mas outro grande barato da família Dias Baptista “era cantar para o pessoal da Vila Mariana nuns serões que pintavam por lá”. "Meu pai disse-me também que cantou em coros de igrejas e música lírica em teatros. Isso, sem falar nas reuniões da família, onde cantava sempre, com Clarisse ao piano e, às vezes, com Nelly. Também o violinista Raul Laranjeira, com seu ar de Paganini montado num camelo de sobrancelhas azuis (não pergunte o porquê...), participou de algumas reuniões assim; e igualmente Branca, prima de César, quando poesia se declamava".

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Rita Lee Jones, uma menina de cabelos vermelhos e sardas veio ao mundo em 31 de dezembro de 1947. Véspera de primeiro. E isso grilou Rita durante um bom tempo mas hoje isso mudou.

“A véspera atiça, empurra, obriga. A ideia de que nada do que faço é definitvo é a razão da minha perseguição ao melhor”. Seu pai o dentista Carlos Fenley Jones, brasileiro de ascendência americana (aliás, da tribo cherokee) gostava de ouvir música caipira. De seus descendentes nasceu a cidade de Americana em São Paulo. Já dona Romilda, filha de imigrantes italianos adorava cantar melodias napolitanas. Em sua infância, Rita acampava no quintal ou dormia nas cabanas feitas por ela mesma, e ainda construiu a maioria de seus brinquedos. Não transava bonecas e jamais teve bicicleta ou vitrola. Classe média pra baixo com base em Rio Claro daí a necessidade de que suas três filhas estudassem em bom colégio. Quinze anos cumpridos por Rita no Lycée Pasteur. Rita Lee recorda que o rádio (e não a vitrola) foi muito importante desde o início de sua vida: “rádio foi o meu primeiro contato com som. Radinho safado, cheio de chios. Daí minha necessidade quase vital de som. Muito e bom. Em alto e bom som”. (...) Minha primeira irmã (Mary) razoavelmente mais velha era dona do rádio. E amava Cauby Peixoto, Ângela Maria, as grandes bandas americanas – tipo Glenn Miller, Tommy Dorsey. Ela evolui até Ray Charles. A segunda irmã, Virginia Lee, foi encurtando informações. Que eu ouvi atenta: Dolores Duran, Connie Francis, Tito Madi, Ray Connif e, sem dúvida, João Gilberto além do séqüito da Bossa Nova – olha muito azul nos meus olhos – algo mais avançado”. Aos 18 anos, contra a vontade de seus pais, Rita uniu-se ao Túlio Trio onde chegou até a apresentar-se em festivais. Mas com a morte prematura, do líder, Túlio, em um acidente automobilístico, a triste Rita Lee resolveu dar um tempo e afastar-se da carreira musical.

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