1996: BARBIERI ENTREVISTOU O GUITARRISTA JERRY CANTREL (ALICE IN CHAINS)

alice_in_chains_bandA banda Alice in Chains no começo de sua carreira

Alice in Chains
Barbieri entrevista o guitarrista Jerry Cantrel em 1996

A banda Alice in Chains foi uma das mais influenciais bandas de rock norte americanas do começo dos anos 90. Mixando igualmente heavy metal riffs com composições melancólicas e pegadas beirando o pos-punk, a banda desenvolveu um som obscuro e niilista que, por sua vez, foi mixado com o estilo de rock conhecido como Grunge. Para quem ainda não sabe, o Grunge é uma variação do Rock Alternativo originalmente desenvolvido em Seattle.

Bom, dentro desta formula, a banda ainda criou músicas cheias de delicadas texturas acústicas. Alice in Chains criou um som duro o suficiente para os fans do Heavy Metal e, ao mesmo tempo, acrescentou uma temática triste e, um ataque meio punk, conseguindo com seu som ser incluída com louvor ao lando de bandas como Nirvana dentro do movimento Grunge de Seattle. Curiosamente, enquanto esta distinção sonora ajudou o grupo a crescer, fazendo seu segundo álbum Dirt em 1992 alcançar vendagens de milhões de cópias (multi-platina), esta mesma distinção os manteve à parte do movimento como uma banda única.

A Biografia resumida

A Banda Alice in Chains, uma banda originária de Seattle (Washington-USA) foi formada pelo vocalista Layne Staley e o guitarrista Jerry Cantrell em 1987. Os dois músicos depois recrutaram o baixista Mike Star e o baterista Sean Kinney.

Dois anos depois, em 1989, a banda assinou contrato com a Columbia Records e lançou o seu primeiro EP chamado We Die Young. Em agosto de 1990 a banda lançou seu álbum de estreia chamado Facelift. Deste álbum, a música Man in the Box chegou até o número 18 na listagem das mais tocadas na parada de sucessos e ajudou o álbum Facelift a receber pelas vendagens dois álbuns de platina. A banda fez shows, divulgando este álbum por 2 anos antes de, no começo de 1992, lançar o EP acústico chamado SAP.

alice_in_chains_dirt

Em setembro de 1992, Alice in Chains lançou o criticamente aclamado álbum chamado Dirt, até agora, o mais vendido da sua carreira. Este álbum imediatamente entrou no sexto lugar da Billboard 200 e acabou recebendo 4 álbuns de platina. A banda entretanto não pode fazer shows por muito tempo por causa do envolvimento e dependência do vocalista Layne Staley com drogas.

Mais tarde, durante uma turnê, o baixista deixou a banda e foi substituído por Mike Inez. No ano de 1994 a banda lançou seu segundo EP acústico chamado Jar of Flies. Jar of Flies explodiu em primeiro lugar na para de sucessos. Foi o primeiro EP a conseguir esta façanha.

Em 95, a banda lançou seu álbum homônimo, com uma capa controversa, que também entrou de cara, na topo da parada norte americana. Este álbum, juntamente com Facelift e Jar of Flies, até agora, já receberam dois álbuns de platina cada. De 1996 até 2002 a banda ficou quase parada, lançado dois álbuns gravados ao vivo, incluindo o famoso Unplugged e três coletâneas.

No dia 20 de abril de 2002, o vocalista Layne Staley foi encontrado morto na sua casa. A causa mortes foi o resultado de uma overdose de heroína com cocaína. Esta morte causou o fim da banda.

Em 2005, a banda reuniu-se novamente, agora com um novo vocalista chamado William DuVall. No dia 25 de abril de 2009 a banda anunciou que tinha mudado de gravadora e assinado com a Virgin/EMI. Foi sua primeira troca de gravadora em 20 anos e, o álbum Black Gives Way to Blue foi lançado em setembro de 2009.

alice_in_chains_jerry_cantrelJerry Cantrel e Celso Barbieri (depois de várias doses de vodka!)

Barbieri no The Outpost

Na segunda quinzena de janeiro de 1996, Jerry Cantrel e Sean Kinney, integrantes da banda Alice In Chains, estiveram em Londres, no pub The Outpost, para o lançamento de seu EPK promo vídeo, chamado The Nona’s Tape. O evento foi organizado pela Sony Columbia.

Do lado de fora, fazia um frio cortante, com temperaturas abaixo de zero grau, o tipo de frio que desencoraja qualquer tipo de aventura fora de casa. Mas, a moçada cabeluda dentro do pub, nem se importava. Usando suas jaquetas de couro, amontoavam- se perto do bar, avidamente e gratuitamente consumindo álcool, nas suas mais diversas formas, por cortesia da gravadora. Num certo momento, o DJ tomou o microfone para anunciar que dentro de poucos minutos o vídeo seria exibido no telão e que Jerry e Sean já estavam à caminho. Como o novo material da banda ainda não estava sendo tocado, aproximei-me do DJ e pedi para ouvir pois não fazia sentido não ouvi-lo naquele momento. Para minha surpresa, fiquei sabendo que o DJ não tinha nada para tocar da banda. Felizmente, eu possuía um Advance CD da banda como novo trabalho, resolvendo imediatamente a situação..

Mais tarde, o vídeo foi exibido e basicamente era uma colagem de pseudo piadas envolvendo os elementos da própria banda, onde Jerry aparece na traseira de um cadilac travestido de drag queen, entrevistando o resto da banda, entremeado de momentos onde um outro membro da banda aparece fantasiado de palhaço (Bozo), e um outro aparece com enrolados em bobs e com a cabeça dentro de um secador de cabelos.
No quarto de bilhar, o pessoal da imprensa que tinha o passe VIP, pode bater um papo com os dois músicos. De cara, digo a vocês que Sean, parecia um garoto burguesinho e convencido e, se não fosse tipo fazendo pose de estrelinha de rock poderia ter sido confundido com um dos seguranças. Não tive nenhuma vontade de falar com ele. Jerry por outro lado, foi bem amável e procurou arranjar tempo para dar atenção à todos. Quando disse que era do Brasil, abriu um grande sorriso e dizendo que guardava boas recordações da nossa terra.

A entrevista

Barbieri: “Foi difícil para você usar aquele vestido no clip?”
Jerry: “Foi cool e, apesar de eu sentir-me um pouco desconfortável no começo, diverti-me muito.”

Barbieri: “Você está satisfeito com o novo álbum?”
Jerry: “As músicas são boas e o material foi melhor planejado, tanto individualmente como em grupo. Nós começamos com boas jams e desenvolvemos o trabalho através delas.”

Barbieri: “Sinceramente, até onde eu ouvi, não me parece um álbum muito alegre....”
Jerry: “Bem, a verdade é que musicalmente e liricamente nós não somos uma banda muito feliz, não é mesmo?”

Barbieri: “Como foi o clima durante as gravações?”
Jerry: “Devagar, com tempo. Definitivamente este disco demorou um ou dois meses à mais que os outros que fizemos. Dirt levou três meses e este levou quatro ou cinco. Deus, eu espero que o próximo não leve um ano!”

Barbieri: “Você ficou sabendo de um rumor de que todos vocês tinham morrido?”
Jerry: “Oh sim!!! Fuck!!!”

Barbieri: “Este assunto atingiu vocês? Muitas músicas parecem refletir temas dessa natureza...”
Jerry: “Bem, você sabe, esta é a razão porque ficamos quietos e não falamos nada na imprensa. Se você quer escrever um monte de merda então, vá e publique. Nós faremos um disco e diremos o que temos que dizer nele e, foi isto que fizemos.”

Barbieri: “Qual foi a idéia por trás da capa do disco?”
Jerry: “O Sean já foi entregador de jornais e era sempre perseguido por um cão muito traiçoeiro e que só tinha três pernas. Ele se chamava Tripod (Tripé) e o danado continuava perseguindo-o na sua mente até os dias de hoje! Então, eu sugeri para ele fazer o exorcismo colocando o cão na capa do disco.”

Barbieri:
“E o nome para o disco?”
Jerry: “O Sean queria colocar Tripod, mas eu e o resto da banda achamos que este nome “sucks” e não concordamos. Mas no final não encontramos nenhum nome e ficou Alice In Chains mesmo.”

alice_in_chains_dogCapa controversa do álbum homônimo da banda Alice in Chains

Barbieri: “E o rolo que a capa deste disco causou no Japão?”
Jerry: “Sim, o disco não foi lançado lá. O que é uma infelicidade. Na sociedade deles, a deformidade é um assunto importante, ainda mais por que nós pusemos na contra capa a foto de um homem com três pernas. Na visão deles nós estamos fazendo uma brincadeira com isso, o que absolutamente não é verdade. De qualquer forma a garotada do Japão poderá comprar o disco nas lojas de importados, e mais barato do que nas lojas normais.”

Barbieri: “Mudando um pouco de assunto. O fantasma de Kurt Cobain continua rondando Seattle?”
Jerry: “Claro que sim. Cara, ele fez um grande impacto! Canções grandiosas.”

Barbieri: “Você nunca ficou com medo de Layne Staley (vocal) seguir o mesmo caminho?”
Jerry: “Poderia ter acontecido com qualquer um de nós. Todos vivemos tempos sombrios.”

Barbieri: “Por falar nele, como é que o Layne vai indo?”
Jerry: “Ele está bem. Eu estive com ele recentemente batendo papo e falando sobre tour e outras coisas.”

Barbieri: “Ele continua tendo problemas com drogas?”
Jerry: “Pergunte para ele. Eu falo só por mim.”

Barbieri: “Sendo assim, diga para mim, quando você esteve no Brasil você teve oportunidade de experimentar o fumo brasileiro?”
Jerry: “infelizmente não, mas se você tiver algum do bom por aí eu aceito!”

Barbieri: “...Sinto muito, mas eu não tenho nada aqui comigo...”
Jerry: “ (despedindo-se) “Aí cara, então você já sabe: Vê se dá próxima vez você traz alguma “coisa” boa, falou?”

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Esta matéria é de autoria do Barbieri e foi originalmente escrita para a Revista Dynamite, tendo sido publicada na sua edição de Maio/junho 1996 .

 

Copy Desk

Andrea Falcão

 

Diagramação, Revisão e Atualização

A. C. Barbieri

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