Conheci o gitarrista LeBurn Maddox através do falecido baixista Oswaldo “Coquinho” Gennari, lendário membro fundador da banda Arnaldo Baptista e a Patrulha do Espaço. Coquinho estava visitando Londres pela primeira vez e, segundo ele, quando entrou num “pub” viu este negro, numa mesa, só e, tendo apenas sua guitarra como companhia. Coquinho ainda não dominava a língua inglesa mas, a música falou mais alto e ele acabou convencendo Leburn à acompanha-lo numa visita até minha casa.

LeBurn havia acabado de chegar de Hong Kong onde tinha tocado por alguns anos. O homem parecia carregar o espírito do Jimi Hendrix, tocava guitarra muito bem e seu repertório passava por Bob Marley, James Brown além de, muitas outros medalhões do rock. Nem preciso dizer que, imediatamente ficamos amigos e nos identificamos musicalmente e, acabei ajudando-o de várias formas.

Gravamos, no meu estúdio, imediatamente duas músicas para que ele tivesse algo para mostrar nos clubes e logo ele estava fazendo shows todos os domingos, no centro de Londres, perto de Picadilly Circus, num clube chamado Bourbon Blues Café. Nos show ele me apresentava para todo mundo como seu produtor. Era a glória.

Levou muito tempo para convence-lo à gravar um álbum  comigo. Ele vinha de uma escola antiga, do tempo dos gravadores de rolo e, gravar num computador parecia uma coisa inaceitável. Além do mais, para um roqueiro nascido na Califórnia, em Monterey, que é que um brasileiro poderia entender de rock?

Bom, a gravação durou uns quatro meses mas,  acredito que o álbum Only in a Dream ficou muito bom. Sou muito orgulhoso deste trabalho. Mais tarde, quando visitei São Paulo, deixei um CD na casa de shows Bourbon Street. A qualidade deste CD foi o suficiente para convencer o diretor artístico à contratar LeBurn como banda residente por 3 semanas seguidas num pacote fantástico que incluía, um disco gravado ao vivo no clube, um show no Rio de Janeiro, uma aparição no programa do Jô Soares e um especial de 1 hora em um canal de TV à cabo.