Never Mind The Pistols… Here`s the Filthy Lucre

Sex Pistol 1996: Never Mind The Pistols… Here`s the Filthy Lucre
Acabando com os rumores que circulavam pelo mundo, os quatro membros originais se reuniram no dia 18 de março de 1996, no mesmo lugar em que eles detonaram pela primeira vez a revolução Punk, ainda em 76, no “The 100 Club” , para anunciar o começo de uma tour mundial, que começaria no dia 21 de junho na Finlândia (Mesila Festival), Alemanha (Munich Hall 55), para depois passar por Londres e pelo resto do mundo até o final do ano. Para o Brasil, ficou reservado o final do ano. Um álbum ao vivo será lançado em agosto, através da Virgin Records, a mesma gravadora que segurou as pontas do grupo nos momentos difíceis.
Aproveitando a ocasião especial, também foi relançado o álbum “Never Mind the Bullocks – Here’s the Sex Pistols”, tendo outro Cd de bônus, o conhecido pirata “Spunk”.
O convite com os dizeres Never Mind The Pistols… Here`s the Filthy Lucre (Não dê importância para os Sex Pistols… Aqui está o lucro sujo), não escondia a intenção única de fazer muita grana, o que, na minha opinião, os colocam no mesmo patamar que Malcolm McLaren, ex-empresário da banda, e que sempre se apresentou como o mentor e responsável pela revolução punk. A imprensa inglesa, implacável, fez marcação cerrada contra o grupo nessa volta, ao que John se defende: “Nada mudou. Aqueles que nos odiavam, continuam nos odiando, e nós só nos reunimos para alguns shows e pronto”.
Mas a verdade é que no começo as coisas foram bem piores, pois à 20 anos atrás os códigos de moral e conduta eram bem mais rigorosos. Musicalmente, a banda surgiu como um contraponto ao som sinfônico e pomposo das bandas chamadas progressivas (Yes, ELP, etc.), trazendo uma atitude de rebeldia política ao “status quo” vigente. Anarquia era a palavra de ordem. Não é à toa que o primeiro single da banda chama-se “Anarchy in the UK” (Anarquia no Reino Unido).
Sex Pistols colocou tudo em cheque e como um rolo compressor não deixou nada em pé. A reação imediata da imprensa e da comunidade musical foi de desgosto. O grupo Pat Travers fez um desafio público, dizendo que tocaria com os Pistols em qualquer lugar e a qualquer hora, com toda a grana revertida para caridade. E mais, o baixista só tocaria com 2 cordas, o próprio Pat só colocaria 3 cordas na guitarra, e o baterista usaria apenas a caixa, o chimbal e um prato, e que mesmo assim, prometiam que a performance musical deles seria superior a dos Pistols.
Devido à péssima repercussão com o lançamento do segundo single “God Save The Queen” em que a banda detona com a Rainha Elizabeth, em plena comemoração do jubileu do seu reinado, a EMI os demite, eles assinam com a A&M, que não suporta a pressão e os demite em seguida, pagando uma multa pesada à banda. Na época McLaren, num desabafo, acusou a comunidade musical de “chantagem industrial”, citando nominalmente Rick Wakeman, que teria mandado uma carta à gravadora, reclamando do contrato com os Pistols, num “ou eles ou eu”.
Mesmo assim, e corajosamente, a Virgin resolveu arriscar. Eles lançam o álbum de estréia, estouram e repercutem no mundo inteiro. Seus shows eram marcados pela violência e agressividade. E depois de um ano e meio, Johnny (então) Rotten, resolve cair fora, o novo baixista Sid Vicious, se envolve com heroína, com a morte da sua namorada e suidida-se pouco tempo depois. É o fim. O resto é caso para os historiadores de arte contemporânea, sociólogos e intelectuais divagarem.
O SHOW
Filthy Lucre Tour – Finsbury Park – Londres- 23 de junho de 1996
Imaginem só! Todos os punks daquela época, voltando a se reunir 20 anos depois para assistirem a sua banda preferida. Acrescente a isso tudo um dia maravilhosamente ensolarado, e o pano de fundo estava criado para um dia memorável. Organizado por uma das mais poderosas produtoras da Inglaterra a Mean Fiddler, o concerto na realidade era um mini-festival, tipo uma prévia do seu famoso e gigantesco Phoenix Festival, que acontecia anualmente em julho, no interior da Inglaterra em Stratford.
O show começa ao meio-dia com a banda Gold Blade, usando roupas cintilantes, bem ao modelito Shanana (Woodstock), e um som que misturava Punk, Soul, Funk e Rock’n'roll. Não agradaram. O 3 Colours Red, que veio a seguir, teve mais sorte, com um show conciso, preciso e melódico, levantando a galera. Na seqüência vieram as garotas do Fluffy, apadrinhadas pelo Dave Ghrol líder da banda Foo Fighters, com um set animado e energético, num clima bem punk, onde o destaque ficou para a voz rouca da vocalista Amanda Rootes.
Agora, quando o Stiff Little Fingers entrou no palco, o local pegou fogo! Os caras detonaram um repertório mais “pau” do que o show que assisti deles no ano passado, e o público, ávido por punk, respondeu à altura. Pena que logo em seguida levaram um balde de água fria, com a apresentação da banda 60ft Dolls, que fez um show enxuto mas sem conseguir conectar-se com a platéia. A adrenalina voltou a subir com a banda Buzzcocks, que deram tudo de si, mostrando que o dia era dos velhos.
Confesso que estava muito curioso para ver o Skunk Anansie e não me decepcionei. Thrash, Soul, Blues e Punk, coadjuvado pela fantástica performance andrógina da cantora negra Skin, com sua voz aguda, parecendo uma gata no cio. Por sua vez, o Wildhearts não deveria estar no show, pelo menos não nessa ordem de apresentação. O som pauleira do grupo, com toques punks, passou desapercebido pelo público, a essa hora já devidamente alcoolizado. Chega a hora do pai do punk, Iggy Pop. O homem, movendo-se como um lagarto, já entrou sem camisa e fez tudo o que se espera de um show deste calibre, chegando, inclusive, à descer até a galera, dando o maior trabalho para segurança.
Fim do show de Iggy, e a movimentação do palco ficou frenética. Vagarosamente uma tela negra foi sendo erguida, tampando toda a frente do palco. A música de fundo foi trocada e o mal gosto tomou conta. Então passamos a ouvir sons mais apropriados para boates gays, e os punks, em vão, urravam em protestos ou entoavam cantos parecidos com o que ouvimos em estádios de futebol. Depois de uma espera que pareceu interminável, o som parou e, inesperadamente aparece no palco o capitão da seleção de futebol inglesa, Steven Pearcy que foi ovacionado como herói, pois, não fazia muito tempo que tinha redimido-se de um pênalti perdido na Copa do Mundo, pênalti este responsável pela desclassificação da Inglaterra. Bom, ele conseguiu o perdão do povo com uma cobrança perfeita na Eurocopa, eliminando a Espanha. Sem mais delongas, ele apresentou a banda, ao mesmo tempo em que o pano preto caia, deixando transparecer uma enorme tela plástica que mostrava uma colagem fotográfica em branco e preto composta pelas manchetes de dois jornais, Evening Standard e Daily Mirror, as duas manchetes faziam referências à banda e ao seu “lucro sujo”.
De repente, Johnny Rotten e companhia literalmente atravessam pelo plástico, detonando a primeira música “Bodies”.
Por mais que eu me esforce, não conseguirei descrever o que presenciei. Imagine milhares e milhares de pessoas (cerca de 30.000) dançando e se batendo como os punks normalmente fazem. Tudo o que se possa imaginar voava de um lugar para o outro no espaço: calças, jaquetas, óculos, bonés, garrafas, tênis, etc. Ninguém ficou imune ao banho de cerveja, parecia que estava chovendo! Delírio total! Gente que eu nunca vi, me abraçando e me jogando de um lugar para o outro. O povo cantava todas as músicas em estado de êxtase. Apesar de tudo, nunca vi tanta civilidade e respeito (os punks brasileiros deveriam seguir o exemplo).
Eu pensei que a banda guardaria “God Save the Queen” para o final ou o bis, mas eles a despacharam rapidinho; Johnny estava mais irônico e sarcástico que nunca, e num dos intervalos disse: “ Titio Johnny e os rapazes”, e voltando a se referir a si mesmo disse: “Gordo 40 anos... e de volta!”. Foi então que a platéia começou a gritar em coro: “You fucking bastard!” . Ele voltou ao microfone com a ironia costumeira e respondeu: “Não sejam malcriados!”.
A banda estava afiadíssima, executando as músicas de forma impecável e num dado momento o vocalista se dirigiu à platéia com ar de satisfação: “Nada mal, hein?”. E, o guitarrista Steve Jones acrescentou: “Se vocês vierem algum repórter por aí, acertem ele!”. Confesso que me deu um frio na barriga e tive vontade de esconder meu bloco de notas, mas o povo levou tudo numa boa e a violência definitivamente não estava na agenda do dia (sorte minha!).
No final, a banda, num crescendo, executou “Pretty Vacant”, seguido de “EMI” , e saiu do palco, voltando em seguida para executar mais dois números, a incendiária “Anarchy in the UK” e “Problems” . O povo queria mais, e um segundo bis foi concedido com “No Fun”.
Terminado o show, minutos depois, enquanto caminhava em direção à estação do metrô, ainda podia sentir no ar a vibração do povo, que cantava e gritava.
Definitivamente foi um momento histórico inesquecível. Paradoxalmente, me veio a lembrança de que, naquele exato momento, do outro lado da cidade, estava rolando um outro show punk, cuja chamada publicitária era “Never Mind the Sex Pistols. Here’s the UK Subs (Não se importe com Sex Pistols - aqui está o Uk Subs)”.
Nota: A banda UK Subs, nome que significa alguma coisa como “Subúrbios do Reino Unido” sempre foi mais radical e proletária do que Sex Pistols.
Messila Festival, Finland, June 21st 1996 © Soile Kallio
Filthy Lucre Tour, 1996 © unknown
Filthy Lucre Press Conference, 100 Club March 16th, 1996 © unknown
Filthy Lucre Press Conference, 100 Club March 16th, 1996 © unknown
Filthy Lucre: Promo Pic 1996 © unknown
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Filthy Lucre: Foto Promocional 1996

Never Mind The Pistols… Here`s the Filthy Lucre
Escrito por Antonio Celso Barbieri

Sex Pistols: 1996

Acabando com os rumores que circulavam pelo mundo, os quatro membros originais se reuniram no dia 18 de março de 1996, no mesmo lugar em que eles detonaram pela primeira vez a revolução Punk, ainda em 76, no 100 Club , para anunciar o começo de uma tour mundial, com início marcado para o dia 21 de junho na Finlândia (Mesila Festival), Alemanha (Munich Hall 55), para depois passar por Londres e pelo resto do mundo até o final do ano. Um álbum ao vivo será lançado em agosto, através da Virgin Records, a mesma gravadora que segurou as pontas do grupo nos momentos difíceis.

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Filthy Lucre: Coletiva com a imprensa no 100 Club no dia 16 de março de 1996

Aproveitando a ocasião especial, também foi relançado o álbum Never Mind the Bullocks... Here’s the Sex Pistols (Não importe-se com os testículos... aqui estão as Pistolas Sexuais), tendo outro Cd como bônus, o conhecido pirata Spunk.

O convite com os dizeres Never Mind The Pistols… Here`s the Filthy Lucre (Não dê importância para os Sex Pistols… Aqui está o lucro sujo), não escondia a intenção única de fazer muita grana, o que, na minha opinião, os colocam no mesmo patamar que Malcolm McLaren, ex-empresário da banda, e que sempre se apresentou como o mentor e responsável pela revolução punk. A imprensa inglesa, implacável, fez marcação cerrada contra o grupo nessa volta, ao que John se defende: “Nada mudou. Aqueles que nos odiavam, continuam nos odiando, e nós só nos reunimos para alguns shows e pronto”.

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Filthy Lucre: Coletiva com a imprensa no 100 Club no dia 16 de março de 1996

Mas a verdade é que no começo as coisas foram bem piores, pois à 20 anos atrás os códigos de moral e conduta eram bem mais rigorosos. Musicalmente, a banda surgiu como um contraponto ao som sinfônico e pomposo das bandas chamadas progressivas (Yes, ELP, etc.), trazendo uma atitude de rebeldia política ao status quo vigente. Anarquia era a palavra de ordem. Não é à toa que o primeiro single da banda chama-se Anarchy in the UK (Anarquia no Reino Unido).

Sex Pistols colocou tudo em cheque e como um rolo compressor não deixou nada em pé. A reação imediata da imprensa e da comunidade musical foi de desgosto. O grupo Pat Travers fez um desafio público, dizendo que tocaria com os Pistols em qualquer lugar e a qualquer hora, com toda a grana revertida para caridade. E mais, o baixista só tocaria com 2 cordas, o próprio Pat só colocaria 3 cordas na guitarra, e o baterista usaria apenas a caixa, o chimbal e um prato, e que mesmo assim, prometiam que a performance musical deles seria superior a dos Pistols.

Devido à péssima repercussão com o lançamento do segundo single God Save The Queen em que a banda detona com a Rainha Elizabeth, em plena comemoração do jubileu do seu reinado, a gravadora EMI os demite, eles assinam com a A&M, que não suporta a pressão e, também os demite, sendo obrigada a pagar uma multa pesada à banda. Na época McLaren, num desabafo, acusou a comunidade musical de “chantagem industrial”, citando nominalmente Rick Wakeman, que teria mandado uma carta à gravadora, reclamando do contrato com os Pistols, num “ou eu ou eles”.

Mesmo assim, e corajosamente, a Virgin resolveu arriscar. Eles lançam o álbum de estréia, estouram e repercutiram no mundo inteiro. Seus shows foram marcados pela violência e agressividade. E depois de um ano e meio, Johnny (então) Rotten, resolveu cair fora, o novo baixista Sid Vicious, se envolveu com heroína, com a morte da sua namorada e, suididou-se pouco tempo depois. Foi o fim. O resto, é assunto para os historiadores de arte contemporânea, sociólogos e intelectuais divagarem.

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Messila Festival na Finlândia no dia 21 de junho de 1996 © Foto: Soile Kallio

Filthy Lucre Tour - Finsbury Park
Londres, 23 de junho de 1996

O SHOW

Imaginem só! Todos os punks daquela época, voltando a se reunir 20 anos depois para assistirem a sua banda preferida. Acrescente a isso tudo um dia maravilhosamente ensolarado, e o pano de fundo estava criado para um dia memorável. Organizado por uma das mais poderosas produtoras da Inglaterra a Mean Fiddler, o concerto na realidade era um mini-festival, tipo uma prévia do seu famoso e gigantesco Phoenix Festival, que acontecia anualmente em julho, no interior da Inglaterra em Stratford.

O show começa ao meio-dia com a banda Gold Blade, usando roupas cintilantes, bem ao modelito Shanana (Woodstock), e um som que misturava Punk, Soul, Funk e Rock’n'roll. Não agradaram. O 3 Colours Red, que veio a seguir, teve mais sorte, com um show conciso, preciso e melódico, levantando a galera. Na seqüência vieram as garotas do Fluffy, apadrinhadas pelo Dave Ghrol líder da banda Foo Fighters, com um set animado e energético, num clima bem punk, onde o destaque ficou para a voz rouca da vocalista Amanda Rootes.

Agora, quando o Stiff Little Fingers entrou no palco, o local pegou fogo! Os caras detonaram um repertório mais “pau” do que o show que assisti deles no ano passado, e o público, ávido por punk, respondeu à altura. Pena que logo em seguida levaram um balde de água fria, com a apresentação da banda 60ft Dolls, que fez um show enxuto mas sem conseguir conectar-se com a platéia. A adrenalina voltou a subir com a banda Buzzcocks, que deram tudo de si, mostrando que o dia era dos velhos.

Confesso que estava muito curioso para ver Skunk Anansie e não me decepcionei. Thrash, Soul, Blues e Punk, coadjuvado pela fantástica performance andrógina da cantora negra Skin, com sua voz aguda, parecendo uma gata no cio. Por sua vez, a próxima atração, Wildhearts não deveria estar no show, pelo menos não nessa ordem de apresentação. O som pauleira do grupo, com toques punks, passou desapercebido pelo público, a essa hora já devidamente alcoolizado. Chega a hora do pai do punk, Iggy Pop. O homem, movendo-se como um lagarto, já entrou sem camisa e fez tudo o que se espera de um show deste calibre, chegando, inclusive, à descer até a galera, dando o maior trabalho para segurança.

Com o fim do show do Iggy, e a movimentação do palco ficou frenética. Vagarosamente uma tela negra foi sendo erguida, tampando toda a frente do palco. A música de fundo foi trocada e o mal gosto tomou conta. Então passamos a ouvir sons mais apropriados para boates gays, e os punks, em vão, urravam em protestos ou entoavam cantos parecidos com o que ouvimos em estádios de futebol. Depois de uma espera que pareceu interminável, o som parou e, inesperadamente entrou no palco o capitão da seleção de futebol inglesa, Steven Pearcy que foi ovacionado como herói, pois, não fazia muito tempo que tinha redimido-se de um pênalti perdido na Copa do Mundo, pênalti este responsável pela desclassificação da Inglaterra. Bom, ele conseguiu o perdão do povo com uma cobrança perfeita na Eurocopa, eliminando a Espanha. Sem mais delongas, ele apresentou a banda, ao mesmo tempo em que o pano preto caia, deixando transparecer uma enorme tela plástica que mostrava uma colagem fotográfica em branco e preto composta pelas manchetes de dois jornais, Evening Standard e Daily Mirror, as duas manchetes faziam referências à banda e ao seu “lucro sujo”.

De repente, Johnny Rotten e companhia literalmente atravessaram pelo plástico, executando a música Bodies.

Por mais que eu me esforce, não conseguirei descrever o que presenciei. Imagine milhares e milhares de pessoas (cerca de 30.000) dançando e se batendo como os punks normalmente fazem. Tudo o que se possa imaginar voava de um lugar para o outro no espaço: calças, jaquetas, óculos, bonés, garrafas, tênis, etc. Ninguém ficou imune ao banho de cerveja, parecia que estava chovendo! Delírio total! Gente que eu nunca vi, me abraçando e me jogando de um lugar para o outro. O povo cantava todas as músicas em estado de êxtase. Apesar de tudo, nunca vi tanta civilidade e respeito (os punks brasileiros deveriam seguir o exemplo).

sex_pistols_filthy lucre_live_02
Filthy Lucre Tour, 1996

Eu pensei que a banda guardaria God Save the Queen para o final ou o bis, mas eles a despacharam rapidinho; Johnny estava mais irônico e sarcástico que nunca, e num dos intervalos disse: “Titio Johnny e os rapazes”, e voltando a referir-se a si mesmo disse: “Gordo 40 anos... e de volta!”. Foi então que a platéia começou a gritar em coro: “You fucking bastard!” . Ele voltou ao microfone com a ironia costumeira e respondeu: “Não sejam malcriados!”.

A banda estava afiadíssima, executando as músicas de forma impecável e num dado momento o vocalista se dirigiu à platéia com ar de satisfação: “Nada mal, hein?”. E, o guitarrista Steve Jones acrescentou: “Se vocês vierem algum repórter por aí, acertem ele!”. Confesso que me deu um frio na barriga e tive vontade de esconder meu bloco de notas, mas o povo levou tudo numa boa e a violência definitivamente não estava na agenda do dia (sorte minha!).

No final, a banda, num crescendo, executou Pretty Vacant, seguido de EMI , e saiu do palco, voltando em seguida para executar mais dois números, a incendiária Anarchy in the UK e Problems . O povo queria mais, e um segundo bis foi concedido com “No Fun”.

Terminado o show, minutos depois, enquanto caminhava em direção à estação do metrô, ainda podia sentir no ar a vibração do povo, que cantava e gritava.

Definitivamente foi um momento histórico inesquecível. Paradoxalmente, me veio a lembrança de que, naquele exato momento, do outro lado da cidade, estava rolando um outro show punk, cuja chamada publicitária era Never Mind the Sex Pistols. Here’s the UK Subs (Não importe-se com Sex Pistols - aqui está o Uk Subs).

Nota: A banda UK Subs, nome que significa alguma coisa como “Subúrbios do Reino Unido” sempre foi mais radical e proletária do que Sex Pistols.

Antonio Celso Barbieri

Esta matéria é de autoria do Barbieri e foi originalmente escrita para a Revista Dynamite, tendo sido publicada na sua edição de agosto 1996.

Copy Desk: Andrea Falcão

Diagramação, Revisão e Atualização: A. C. Barbieri

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