Boulez traz ao Rio a vanguarda erudita
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(Victor Giudice*)
Nascido em Montbrison, França, em 1925, o compositor Pierre Boulez é, sem dúvida, a figura mais significativa da vanguarda musical do século 20. E estará hoje, a partir das 21h, no Teatro Municipal, regendo o Ensemble Intercontemporain de Musique, por ele fundado. O programa inclui obras de Anton Webern, Ligeti e também do fundador do dodecafonismo, Arnold Schoenberg. O solista do concerto de Ligeti para piano e orquestras será o pianista grego Dimitri Vassilakis, que conquistou medalha de ouro do Conservatório de Paris. Pelo telefone, de Buenos Aires, Pierre Boules conversou com o JORNAL DO BRASIL:
? Ultimamente, o senhor vem sendo considerado um dos maestros mais importantes, devido, principalemnte, às suas inigualáveis interpretações de compositores franceses, como Ravel, e até Wagner. Afinal, o senhor se tornou uma presença quase obrigatória nos festivais de Bayreyth. O que é mais importantes para o senhor: o Boulez compositor ou o Boulez maestro?
? Ambos. As duas atividades estão intimamente relaciondas e uma colabora com a outra. Por outro lado, considero a regência de compositores como Wagner e Mahler também como uma fonte inesgotável de novas aprendizagens.
? Como o senhor vê a aceitação do dodecafonismo e do serialismo por parte do grande público?
? Nos últimos anos, esta aceitação tem crescido de maneira bastante significativa devido à maior divulgação por parte da mídia. Há poucos meses, por exemplo, regi a ópera ‘Moisés e Aarão’, de Schoenberg, par aum teatro lotado durante o festival de Salzburgo..
? Uma de suas obras mais importantes é "Le marteau sans maître". Por que até agora, não há no mercado uma gravação desta obra?
? Segundo um projeto já existente, esta gravação deverá ser feita nos próximos meses.
? Qual a sua opinião sobre o espaço físico ocupado pela orquestra, sempre mergulhada num fosso e separada do palco e do público por uma parede curva, no teatro de Bayreuth?
? Acho ideal porque estabelece mais equilíbrio sonoro entre cantores e orquestra.
*ORIGINALMENTE PUBLICADO NO ‘JORNAL DO BRASIL’ - 24 out. / 1996.