Uma história sem censura do punk!
Antologia definitiva das felações, gonorréias, michês e defecações


Roberta Bayley e Legs McNeil - foto: Armando Coelho


      punk sinônimo de autodestruição?
(Mário Pacheco)

 Sid Vicious por Maria Eugênia Matricardi
      
        "...botou um punhadão de speed na seringa e daí enfiou a agulha na privada, com todo vômito e mijo, e encheu. Não pôs no fogo. Só sacudiu, enfiou no braço e saiu do ar. fiquei só olhando pra ele. E eu até ali achava que já tinha visto de tudo. Ele olhou pra mim meio zonzo e disse: 'Cara, onde você conseguiu essa coisa'"? (Dee Ramone).

     Algumas coisas não escapam à percepção: de alguma maneira essas pessoas sabiam que morreriam jovens.
     A revista “Punk” cujo um dos três editores era Legs McNeil invadiu os postes com o anúncio colado de “PUNK VEM AÍ!”. Uma incógnita muitos pensavam ser uma banda... Mas o também-editor, James Grauerholz adorou, porque para ele significava uma palavra derrisória pra um jovem, um bosta insignificante. E daí um pulo pro livro “Junky” de Burroughs – onde num trecho em que William e Roy, o marinheiro, estão roubando os bêbados no metrô e há dois jovens punks por perto que deduravam a ação e depois quiseram repartir o conteúdo da carteira, o personagem Roy disse:
     
Esses punks fodidos acham que é brincadeira.
     
Não vão durar muito. Não vão achar muito engraçado quando forem parar na Ilha cumprindo a cinco-vinte-e-nove.
     
Cinco meses e vinte e nove dias!
     No Brasil, sempre houve todo um problema no emprego do rótulo punk, na acepção da palavra punk, o escritor beat, William Burroughs sempre pensou que punk fosse alguém que desse o rabo! Na cadeia, o guitarrista Wayne Kramer, jogava os artigos punks, depois de lidos na privada porque “punk” não tinha boa conotação, “porque na cadeia um punk é alguém que eles submetem e fazem de namorada. Sabe como é: ‘Vou fazer você ser minha punk’
e você podia ser morto por causa desse tipo de coisa, certo?”.
     Estes são extratos/comparações do primeiro volume do livro “Mate-me por favor”, um inventário em dois volumes do movimento punk, por falta de estômago somente fiquei no primeiro volume (1965-75, Velvet Underground, MC5, Stooges, Bowie, New York Dolls, Television, Patti Smith Group, Ramones e Dictators e tantos outros), contemporaneamente algumas destas bandas da cena novaiorquina foram citadas no Brasil, no mesmo período em artigos reproduzidos da Melody Maker.
     Em outro paralelo, tanto “Junky” como “Mate-me por favor” descrevem as mesmas hediondas construções e edificações sujas onde os personagens executam suas adicções.
     Glamurosamente de olhos abertos e distantes, o leitor fica sabendo quem passou a primeira gonorréia para Iggy Pop que por sua vez queria ser Charlie Manson.
     Que Edie Sedgwick era uma cleptomaníaca de extraordinária habilidade, especialmente se tratando de drogas, o furto mais desprezível jamais perdoado e; que Morrison voltava “molhado” todas as noites...
     O leitor participa de um tiro ao alvo na Fun House, anda com a a turma de Andy Warhol no elevador da Factory, lê o manifestro da Sociedade Pró-castração dos homens de Valerie Solanis, conhece Lou Reed e passa a entender porque Nova York é conhecida como a cidade mais pervertida do mundo.
     O livro é uma epopéia sobre músicos ligados no transe da droga - cagando e andando para as superestrelas dos anos 70, especialmente Led Zeppelin. Os poemas são intercalados por doses maciças de pílulas de speed, thorazine e todo tipo de barbitúricos tuinals seconals ácidos quaaludes e muita picada de metedrina de amargura desintoxicação e vômitos de pasta de amendoim
     Uma literatura ao vivo nua e crua como as canções do punk, suas tragédias e a história de sobreviventes. Depois desta 300 páginas você percebe que grande parte da história do rock’n’roll é um conto da carochinha e não espere história similar de qualquer movimento do BRock.
     Um livro que depõe favoravelmente aos réus praticando um jornalismo fora de moda e que não dá retorno e sim propício à re(criação) do caos escrito e sonoro, quer mais?


     


      Guia de leitura

     Junky – William S. Burroughs. Editora Ediouro

     
     Uma história sem censura do Punk Vol. I e II por Legs McNeil & Gillian McCain. Editora L&PM
     “Coração envenenado” de Dee Dee Ramone;
     “Mais pesado que o céu, uma biografia de Kurt Cobain” de Charles R. Cross. Editora Globo “Além do violoncelista Goldston, haviam acrescentado o ex-guitarrista do Germs, Georg Ruthenberg, conhecido pelo nome artístico de Pat Smear. Smear era oito anos mais velho que Kurt e já havia passado por um longo drama de drogas com Darby Crash, seu parceiro de banda no Germs. Ele dava a impressão de que havia pouca coisa capaz de irritá-lo; seu senso de humor estranho iluminava a banda e sua execução segura ajudava Kurt a se afligir menos no palco".
     Obs: Sairá agora um filme do líder suicida do The Germs.


 

      Darby Crash mesmo destino que o ídolo Sid Vicious

     Vocalista punk do The Germs ganha filme biográfico
      (Fonte: IG Último Segundo - Reuters)

     Los Angeles (Hollywood Reporter) - A lenda sempre fascinante que cerca a figura de Darby Crash, o falecido vocalista da banda de punk rock de Los Angeles The Germs, vai finalmente chegar aos cinemas, com a ajuda de ex-integrantes do grupo.
     "What We Do Is Secret", escrito e dirigido por Roger Grossman, concluiu suas filmagens em Los Angeles há pouco tempo.
     De acordo com o supervisor musical do filme, Howard Paar, da Emotomusic, Grossman vinha tentando há sete anos vender o projeto. Outras pessoas, incluindo a diretora Allison Anders, também já tinham tentado sem sucesso montar um filme sobre Crash. Finalmente a Rhino Films assumiu o projeto.
     Crash se matou aos 22 anos com uma overdose intencional de heroína, em 7 de dezembro de 1980, mas sua morte ficou em segundo plano diante do assassinato de John Lennon, ocorrido no dia seguinte.
     Ele sempre foi um tema interessante para um filme. Nascido com o nome de Jan Paul Beahm e formado num ambiente educacional libertário na University High, na zona oeste de Los Angeles, ele mudou seu nome primeiro para Bobby Pyn e depois para Darby Crash, tornando-se um dos primeiros roqueiros punk da cidade.
     O músico deixou poucas gravações: alguns singles e EPs, o feroz álbum "(G.I.)", de 1979, e várias faixas criadas para o suspense "Parceiros da Noite" ("Cruising"), de William Friedkin, de 1980, a maioria das quais não utilizada no filme.
     Mas os shows imprevisíveis e caóticos da banda, seu grupo de seguidores destrutivos (conhecido como "Circle One") e seu papel de "pai" do cenário punk hard-core do sul da Califórnia constituem um legado cujo fascínio ainda não se perdeu.

     Trilha sonora caprichada

     Na época de Crash, Howard Paar era operador do clube de ska-punk The O.N. Club, no distrito de Silver Lake. Ele assistiu a vários dos primeiros shows do The Germs e conheceu Crash pessoalmente. Portanto, tem boas condições de garantir a qualidade musical do filme.
     A precisão musical também foi garantida, desde o início da produção, pela chegada do guitarrista do Germs Pat Smear -- que mais tarde tocaria com o Nirvana e The Foo Fighters -- para colaborar com o filme.
     Smear acabou dando aulas aos atores que representam sua ex-banda: Shane West no papel de Crash, Bijou Phillips como a baixista Lorna Doom, Noah Segan no papel do baterista Don Bolles e seu próprio alter ego, Rick Gonzalez.
     Mais tarde, os próprios Doom e Bolles se juntaram a Smear no set. "Os atores acabaram passando bastante tempo com as pessoas que iam representar", disse Paar.
     Shane West, que recebeu uma prótese dentária especial para ficar mais parecido com Darby Crash, chegou a cantar com os membros sobreviventes do The Germs num show num clube de Hollywood no início do ano passado.
     O filme recorre a substitutos para representar outras bandas da época: o The Bronx representa os heróis do hard-core Black Flag, e Mae Shi faz as vezes da banda punk electroshock The Screamers.
     Howard Paar espera colocar na trilha sonora o som de mestres originais tais como os grupos punk X, The Dils, The Bags e The Weirdos, que se apresentaram no O.N. Club.
     A produtora Rhino ainda não encontrou distribuidor para "What We Do Is Secret" e pretende levar a saga do desastre mais colorido do mundo punk de L. A. para a próxima edição do Festival Sundance.


Grupos fabricados