—
punk sinônimo de autodestruição?
(Mário
Pacheco)
Sid
Vicious por Maria Eugênia Matricardi
"...botou
um punhadão de speed na seringa e daí
enfiou a agulha na privada, com todo vômito e mijo, e
encheu. Não pôs no fogo. Só sacudiu, enfiou
no braço e saiu do ar. fiquei só olhando pra ele.
E eu até ali achava que já tinha visto de tudo.
Ele olhou pra mim meio zonzo e disse: 'Cara, onde você
conseguiu essa coisa'"? (Dee Ramone).
Algumas
coisas não escapam à percepção:
de alguma maneira essas pessoas sabiam que morreriam jovens.
A revista “Punk” cujo
um dos três editores era Legs McNeil invadiu os postes
com o anúncio colado de “PUNK VEM AÍ!”.
Uma incógnita muitos pensavam ser uma banda... Mas o
também-editor, James Grauerholz adorou, porque para ele
significava uma palavra derrisória pra um jovem, um bosta
insignificante. E daí um pulo pro livro “Junky”
de Burroughs – onde num trecho em que William e Roy, o
marinheiro, estão roubando os bêbados no metrô
e há dois jovens punks por perto que deduravam a ação
e depois quiseram repartir o conteúdo da carteira, o
personagem Roy disse:
—
Esses punks fodidos acham que é brincadeira.
—
Não vão durar muito. Não vão achar
muito engraçado quando forem parar na Ilha cumprindo
a cinco-vinte-e-nove.
—
Cinco meses e vinte e nove dias!
No Brasil, sempre houve todo um
problema no emprego do rótulo punk, na acepção
da palavra punk, o escritor beat, William Burroughs sempre pensou
que punk fosse alguém que desse o rabo! Na cadeia, o
guitarrista Wayne Kramer, jogava os artigos punks, depois de
lidos na privada porque “punk” não tinha
boa conotação, “porque na cadeia um punk
é alguém que eles submetem e fazem de namorada.
Sabe como é: ‘Vou fazer você ser minha punk’
—
e você podia ser morto por causa desse tipo de coisa,
certo?”.
Estes são extratos/comparações
do primeiro volume do livro “Mate-me por favor”,
um inventário em dois volumes do movimento punk, por
falta de estômago somente fiquei no primeiro volume (1965-75,
Velvet Underground, MC5, Stooges, Bowie, New York Dolls, Television,
Patti Smith Group, Ramones e Dictators e tantos outros), contemporaneamente
algumas destas bandas da cena novaiorquina foram citadas no
Brasil, no mesmo período em artigos reproduzidos da Melody
Maker.
Em outro paralelo, tanto “Junky”
como “Mate-me por favor” descrevem as mesmas hediondas
construções e edificações sujas
onde os personagens executam suas adicções.
Glamurosamente de olhos abertos
e distantes, o leitor fica sabendo quem passou a primeira gonorréia
para Iggy Pop que por sua vez queria ser Charlie Manson.
Que Edie Sedgwick era uma cleptomaníaca
de extraordinária habilidade, especialmente se tratando
de drogas, o furto mais desprezível jamais perdoado e;
que Morrison voltava “molhado” todas as noites...
O leitor participa de um tiro
ao alvo na Fun House, anda com a a turma de Andy Warhol no elevador
da Factory, lê o manifestro da Sociedade Pró-castração
dos homens de Valerie Solanis, conhece Lou Reed e passa a entender
porque Nova York é conhecida como a cidade mais pervertida
do mundo.
O livro é uma epopéia
sobre músicos ligados no transe da droga - cagando e
andando para as superestrelas dos anos 70, especialmente Led
Zeppelin. Os poemas são intercalados por doses maciças
de pílulas de speed, thorazine e todo tipo de barbitúricos
tuinals seconals ácidos quaaludes e muita picada de metedrina
de amargura desintoxicação e vômitos de
pasta de amendoim
Uma literatura ao vivo nua e crua
como as canções do punk, suas tragédias
e a história de sobreviventes. Depois desta 300 páginas
você percebe que grande parte da história do rock’n’roll
é um conto da carochinha e não espere história
similar de qualquer movimento do BRock.
Um livro que depõe favoravelmente
aos réus praticando um jornalismo fora de moda e que
não dá retorno e sim propício à
re(criação) do caos escrito e sonoro, quer mais?
Guia
de leitura
Junky – William S. Burroughs.
Editora Ediouro
Uma história sem censura
do Punk Vol. I e II por Legs McNeil & Gillian McCain. Editora
L&PM
“Coração envenenado”
de Dee Dee Ramone;
“Mais pesado que o céu,
uma biografia de Kurt Cobain” de Charles R. Cross. Editora
Globo “Além do violoncelista Goldston, haviam acrescentado
o ex-guitarrista do Germs, Georg Ruthenberg, conhecido pelo
nome artístico de Pat Smear. Smear era oito anos mais
velho que Kurt e já havia passado por um longo drama
de drogas com Darby Crash, seu parceiro de banda no Germs. Ele
dava a impressão de que havia pouca coisa capaz de irritá-lo;
seu senso de humor estranho iluminava a banda e sua execução
segura ajudava Kurt a se afligir menos no palco".
Obs: Sairá agora um filme
do líder suicida do The Germs.
Darby Crash mesmo destino que o ídolo Sid Vicious
Vocalista
punk do The Germs ganha filme biográfico
(Fonte: IG Último Segundo
- Reuters)
Los
Angeles (Hollywood Reporter) - A lenda sempre fascinante que
cerca a figura de Darby Crash, o falecido vocalista da banda
de punk rock de Los Angeles The Germs, vai finalmente chegar
aos cinemas, com a ajuda de ex-integrantes do grupo.
"What
We Do Is Secret", escrito e dirigido por Roger Grossman,
concluiu suas filmagens em Los Angeles há pouco tempo.
De
acordo com o supervisor musical do filme, Howard Paar, da Emotomusic,
Grossman vinha tentando há sete anos vender o projeto.
Outras pessoas, incluindo a diretora Allison Anders, também
já tinham tentado sem sucesso montar um filme sobre Crash.
Finalmente a Rhino Films assumiu o projeto.
Crash
se matou aos 22 anos com uma overdose intencional de heroína,
em 7 de dezembro de 1980, mas sua morte ficou em segundo plano
diante do assassinato de John Lennon, ocorrido no dia seguinte.
Ele
sempre foi um tema interessante para um filme. Nascido com o
nome de Jan Paul Beahm e formado num ambiente educacional libertário
na University High, na zona oeste de Los Angeles, ele mudou
seu nome primeiro para Bobby Pyn e depois para Darby Crash,
tornando-se um dos primeiros roqueiros punk da cidade.
O
músico deixou poucas gravações: alguns
singles e EPs, o feroz álbum "(G.I.)", de 1979,
e várias faixas criadas para o suspense "Parceiros
da Noite" ("Cruising"), de William Friedkin,
de 1980, a maioria das quais não utilizada no filme.
Mas
os shows imprevisíveis e caóticos da banda, seu
grupo de seguidores destrutivos (conhecido como "Circle
One") e seu papel de "pai" do cenário
punk hard-core do sul da Califórnia constituem um legado
cujo fascínio ainda não se perdeu.
Trilha
sonora caprichada
Na
época de Crash, Howard Paar era operador do clube de
ska-punk The O.N. Club, no distrito de Silver Lake. Ele assistiu
a vários dos primeiros shows do The Germs e conheceu
Crash pessoalmente. Portanto, tem boas condições
de garantir a qualidade musical do filme.
A
precisão musical também foi garantida, desde o
início da produção, pela chegada do guitarrista
do Germs Pat Smear -- que mais tarde tocaria com o Nirvana e
The Foo Fighters -- para colaborar com o filme.
Smear
acabou dando aulas aos atores que representam sua ex-banda:
Shane West no papel de Crash, Bijou Phillips como a baixista
Lorna Doom, Noah Segan no papel do baterista Don Bolles e seu
próprio alter ego, Rick Gonzalez.
Mais
tarde, os próprios Doom e Bolles se juntaram a Smear
no set. "Os atores acabaram passando bastante tempo com
as pessoas que iam representar", disse Paar.
Shane
West, que recebeu uma prótese dentária especial
para ficar mais parecido com Darby Crash, chegou a cantar com
os membros sobreviventes do The Germs num show num clube de
Hollywood no início do ano passado.
O
filme recorre a substitutos para representar outras bandas da
época: o The Bronx representa os heróis do hard-core
Black Flag, e Mae Shi faz as vezes da banda punk electroshock
The Screamers.
Howard
Paar espera colocar na trilha sonora o som de mestres originais
tais como os grupos punk X, The Dils, The Bags e The Weirdos,
que se apresentaram no O.N. Club.
A
produtora Rhino ainda não encontrou distribuidor para
"What We Do Is Secret" e pretende levar a saga do
desastre mais colorido do mundo punk de L. A. para a próxima
edição do Festival Sundance.
Grupos fabricados