O Álbum Branco D'OAEOZ
, o tipo de disco que a gente procura
(Mário Pacheco)
O quinteto curitibano, OAEOZ lança dois cds: Falsas baladas
e outras canções de estrada + Ao Vivo Na Grande
Garagem Que Grava
CONTATOS: deinverno.blogspot.com
- myspace.com/oaeoz
INTROSPECTIVO - CAFONA - SENTIMENTAL - OTIMISTA - ESPERANÇOSO
- APAIXONADO - SOLITÁRIO - NOSTÁLGICO, PORÉM
NUNCA OMISSO QUANTO ÀS RELAÇÕES.
Ponto de partida: Dúvida!
Não sei se a vida inspira o phatos ou é arte?
Por intermédio do estudo da
etimologia do termo pathos é apresentado as transformações
e sentidos que as concepções concernentes tomaram
ao longo do tempo. Inicialmente é mostrado que pathos tomou
o sentido principal atual de doença, mal-estar.
Porém,
é logo esclarecido que pathos na sua origem é principalmente
disposição afetiva fundamental, conforme a leitura
de Heidegger. É mostrada a importância de pensar
a psicopatologia e toda ou qualquer clínica como sendo
relacionada à disposição.
Neste
sentido, a concepção kantiana de pathos como paixão
que o sujeito está assujeitado é uma das maneiras
que pode tomar a disposição afetiva fundamental.
Acrescenta-se que o pathos cartesiano que domina o homem moderno
e o fazer clínica como sendo daquele homem que duvida e
busca então a certeza diferentemente do pathos grego dominado
pelo espanto e pela discursividade. Pathos é pensado como
sendo algo inerente ao ser humano e por isso mesmo qualifica o
estudo de tudo o que diz respeito a este termo como sendo algo
próprio do humano.
Francisco Martins - Rev. Latinoam. Psicop. Fund., II, 4, 62-80
E-mail 1
Ivan!
Teu disco me recorda a resenha do último disco da Legião
que li na Bizz, o disco era "Tempestade" e o crítico
foi muito feliz no prognóstico - acho que o papel da resenha
é levar a ouvir o disco.
Sonoramente
ao vivo eles pegam ganchos no Banquete dos Mendigos no próprio
AEOZ e Pink Floyd. Melancólico ou mórbido? Mas o
título é dúbio falsas baladas e outras canções
de estrada - se você trocar os discos de capinha tanto faz...
Rock
Adulto? Entonação oitentista (Zero) Ballet Bauhaus
Novo Cinema Alemão Rock Teatral e a maior homenagem a Nei
Lisboa, o disco que ele fez com outro nome - Disco da noite/dia
luz/ - o tema do sol é lindo como uma banda que me esqueço
o nome agora - ramo do Bauhaus e tem aquele outro cantor australiano
que morou em São Paulo, vivendo o filme das tuas palavras.
Meg & John de Rubens K. é a história
de vários pseudônimos - incrível nunca tive
tanta saudade dos anos 80. Algumas passagens ao vivo me fizeram
imaginar como os "bangers" podem ignorar teu disco,
ou por quê nós somos privados da oportunidade de
assistir a este show? Mas esta é a máxima da arte
guardar p/ descobrir a esquizofrenia em "deserto" e
é certo afirmar que o AEOZ trabalha arduamente em suas
músicas e linguagens e discos.
Dois
lados um ao vivo e outro de estúdio, sabiamente via dowload
– boa - bootleg ao inverso –
E-mail 2
Legal
Mário
Adorei
o "álbum branco do OAEOZ". Tem a ver porque de
certa forma, assim como o dos Beatles, esse disco é talvez
o mais variado e multifacetado da banda, no qual o lado "rock"
(impossibilidades, ninguém vai dormir) forma o atrito com
o lado "introspectivo" (distância, negativa) que
explode no final em "pra longe".
Sim,
aquele cara australiano esquisito que morou em Sampa 'Cavou"
fundo por aqui (eheheh).
E
o falsas baladas é "queimado" porque é
uma produção radicalmente "do it yourself".
Enquanto que o ao vivo é uma produção de
terceiros (o pessoal do antigo Beijo AA Força), que a gente
teve a honra de participar. Mas ambos os discos se complementam.
E por aí vai.
Valeu
mesmo, abração Ivan
CD / Falsas baladas e outras canções de
estrada
Banda
/ OAEOZ : Ivan santos – voz, violão, guitarra e teclado;
Rodrigo Montanari – baixo e voz; Carlos Zubek – guitarra,
violão e voz; André Ramiro – guitarra e efeitos
e Hamilton de Lócco – bateria
Desde o ‘feedback’ de
guitarra na introdução da abertura de (Impossibilidades)
até a oitava e última faixa (Pra longe)
o resultado é simplesmente elaborado e já realizado
antes como os clássicos da indagação, “a
estratégia é não pensar / fazer de conta
que tudo está certo.”
O
final de Impossibilidades é isso mesmo? Sair da
adolescência e voltar pra infância? Cuja temática
etérea da Distância remete-nos a “Se
a verdade se repete como farsa” – pense no instrumental
do Durutti Column e no clima do Cocteau Twins. Difícil
não pensar na relação a dois... Nesse
capítulo, a bateria oscila no binário da valsa.
Negativa
traz Igor Ribeiro no trumpete. Cinemascope? A exemplo de Barrett
ao adaptar Golden Hair – Ivan Santos faz o mesmo
com o texto de José Fernando da Silva, num violão
com personalidade e pulso – nesta peça de dualidades
– a frase da guitarra cola aos instrumentos dançando
consigo mesma.
As
faixas, Mariane e Eu penso nisso todo dia abordam
as heroínas, não se sabe por quais motivos a primeira
pessoa está sob os augúrios da provocadora Mariane
que vive com os pés no chão... O aprimorado de notas
catadas é cortado pelo teclado – realçando
as situações que duvidam do poder do discernimento
– todos os minutos são necessários para entender
essa relação de Amor/Ódio.
A
marulhante Eu penso nisso todo dia, me fez mergulhar
na minha própria mesmice e invencionice – contemplando
minha sombra nunca exposta ao sol, procuro esquecer “aquela
menina de olhos grandes e sorriso estranho / Que inundou minha
vida”, esta canção teria saído de “Boy”?
Uma
canção para oaeoz de Carlos Zubek retorna a
banda ao texto sem contexto apoiada pelo baixo, cordas leves e
efeitos “sentindo” o doce gosto da vida.
Hora
da Adrenalina: Ninguém vai dormir é uma
canção sobre o estado de euforia e da confusão,
“Eu corro pra esquecer que sou eu mesmo”...
Fim
da trip, Pra longe assume o réquiem do
sonho sem marcas de gilete nos pulsos.
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Falsas baladas Remastered Deluxe
Edition
COMENTÁRIO
DO ARTISTA
“Eu
acho que uma das características do ‘álbum
branco’ como você diz é que ele traz à
tona uma tentativa de ‘superação’. uma
estratégia de sobrevivência. ou seja, a música
do oaeoz continua falando de situações-limite, de
coisas difíceis da vida, mas ao mesmo tempo tenta buscar
ou sinalizar um caminho de saída. como diz ‘impossibilidades’
– ‘a estratégia é não pensar,
fazer de conta que está tudo certo’
ou
ninguém vai dormir, quando diz que ‘a estrada é
minha última saída pra esse mundo sem volta’
ou mesmo pra longe, quando fala que ‘os
dias me levam seguindo em frente mesmo que eu não saiba
pra onde’.
nesse sentido é uma evolução
da temática ‘melancólica’ que caracterizava
as letras até os discos anteriores. se bem que ‘lembranças
não valem nada’ já indicava esse caminho ao
fazer uma ode ao presente, e rejeitar a nostalgia paralisante
alimentadas porquem insiste em viver do passado e não com
ele.
sei lá aahhhahha –
abs (Ivan Santos)
Argumentos Ao Vivo da Crise
OAEOZ Ao vivo na Grande Garagem que Grava - 1 de setembro de 2007
Faixas: Deserto / Desculpas (Não quero
saber) / Conversa na laje / Meg & John / Flores Mortas
Tamanha é a mediocridade
que você despreza a sensibilidade, a postura e plástico
de promoção é o que viramos. Não conheço
banda com pinta de mártir, talvez o Leela seja o oráculo
que minha filha adolescente consulte via fones de ouvido, no caso
d’O AEOZ, essa apresentação impagável
é atravessada pelo fantasma de Ziggy Stardust.
Nesta canção
apropriadamente chamada de Deserto, o tempo passa bem
devagar em meio às palavras vazias – náufragos
da criatividade? A letra é acentuada pela música
até o fim das palavras vazias num hipnótico jogo
lúdico de palavra e som até o fim...
Desculpas (Não
quero saber) : são leves desarranjos salpicados de
súplicas: “mas um dia é só uma desculpa
pra continuar
/ mas um dia é só uma desculpa pra continuar”.
Conversa na laje foi escrita
a partir de uma conversa de amigos: 'é tão
fácil julgar / o difícil é esperar / tirei
a sorte grande / te levei pra bem longe / meu coração
não se cansa de...' o monódico canto de
‘eu vou sobreviver / não vou mais querer sofrer'
é acasalado por uma extraordinária linha de baixo
e uma fantasmagórica guitarra com precisos bends
nem é preciso registrar a avassalante caminhada da bateria
em ápice e constante harmonia com o crooner. A
melhor coisa nesta apresentação do OAEOZ é
o impecável controle da situação tanto ao
vivo quanto em estúdio.
Eles se valem de canções
autobiográficas mesmo escritas por amigos como Meg
& John de Rubens K., que registra o vital convívio-experiência
com os grandes poetas...
Apropriadamente
a última faixa, Flores mortas não lembra
nada; nada antes “que sentimento é esse?”.
Do abandono da solidão do tempo em quando éramos
menos cínicos menos cúmplices e mais audazes? Nós
somos as flores mortas na janela? Uma nova lição,
nem sempre o passado é doloroso no caso desse ao vivo renascem
as perspectivas... são renovados os argumentos da crise.
Eu também
queria chamar à atenção para a carta aberta
em forma de press-release assinada pelo Leonardo Vinhas
que também narra as nossas experiências, frustrações
e por quê não sabedoria?
OAEOZ:
rock na espiral da elipse curta