o
poeta é mãe das armas
O
Poeta é a mãe das armas
& das Artes em geral -
alô, poetas: poesia
no país do carnaval;
Alô, malucos: poesia
não tem nada a ver com os versos
dessa estação muito fria.
O
Poeta é a mãe das Artes
& das armas em geral:
quem não inventa as maneiras
do corte no carnaval
(alô, malucos), é traidor
da poesia: não vale nada, lodal.
A
poesia é o pai da ar
timanha de sempre: quent
ura no forno quente
do lado de cá, no lar
das coisas malditíssimas;
alô poetas: poesia!
O poeta não se cuida ao ponto
de não se cuidar: quem for cortar meu cabelo
já sabe: não está cortando nada
além da MINHA bandeira ////////// =
sem aura nem baúra, sem nada mais pra contar.
Isso: ar.ar.ar.ar.ar.ar.ar.ar.ar.ar.ar.ar.a
r: em primeiríssimo, o lugar
poetemos
pois
torquato
neto / 8 nov. / 1971 & sempre
(Os últimos dias de Paupéria / 1973)
porisso
quando
penso q devo e quero dizer algo sobre
TORQUATO penso em quanto como e/ou não dizer nada
Importa:
citar
ARTAUD (leia o q lhe envio):
cura = veneno:
mas
amei e disse e fiz quando com ele
fui pra LONDRES e quando brigamos negamo-nos e escrevi
algo em BRIGHTON:
tudo o mais fica postumante
(pustulento)
e junta-se à bosta choradeira homenageante:
well! O q é
bacana
e adorável no q vocês fizeram foi fazer o
livro
tão claro e limpo e vital quanto à clareza
do AUGUSTO no
texto no livro:
não
mostram moleza sentimental (tão
nossa!) (tão coisas nossas nos meios mais esclarecidos
nossos!) ou carpidagem:
ANA É ANA:
e tudo mais q
me faz mais amar vocês:
e o q pensar
quando se pensa
e vê q TORQUATO (ao contrário
até de mIM!) não era digno
da mesa nem dos “malditos”
da nossa paupérrima
“casa grande”
????
um espécie de MIDNIGHT
RAMBLER
atrás da porta e do conforto
desconfortável d contentismo
suado:
Hélio
Oiticica
New York
X
Ntbk abr. / 1973
- Publicado
em
“FOGO CERRADO”,
“Torquato Neto - Edição Especial”,
nov. / 1992.
III
Solista com alaúde e fogo
eu
sou |
terrível |
desa
|
|
pareço
|
|
eu
sou |
horrível |
não
compro: |
|
mato
|
|
eu
sou incrível? |
|
cravina
& |
|
greta |
|
|
EU
|
|
sou |
o
|
|
|
FIM
|
|
da
picada - |
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|
IV
Solo
feminino casto/profissional
desafinar
o coro dos contentes
desde o final
despentear todos os dentes
desafinar
desparamar principalmente os dentes
pen / DURADOS
afferrollharr o corpo do indecente
sim
& afe / rir
arrebentar a folha na semente
sim
a FERRO olhar &
&
arrebentar
principalmente o deste
(AMOR)
o dente
MAL
sangrado, sim & sim
-
8.10.68
- SP
(Os
últimos dias de Paupéria/1973)
Como
é Torquato
(Augusto de Campos)
Você
também se foi
“desafiando o coro dos contentes
do seu tempo”
como eu dizia nos bons tempos de 68
Sousândrade no ouvido
(estrofe 61 do inferno de Wall Street)
mas logo agora
alguns dias depois que o
velho Pound se foi
deformado e difamado
pela cozinha litero-funerária dos jornais
por um erro
entre tantos acertos
neste deserto
com tantos lite-ratos dando sopa
se vendendo por um lugar ao sol
você deu as costas ao lugar e ao sol
proclamo mas reclamo
a morte nos fez mais uma falseta
mas não pensem que isto é um poema
só porque estou cortando as linhas
como faziam os poetas
isto é apenas uma conversa no deserto
parte da conversa que a gente
não teve em 4 anos
vou falando e parando onde devo parar
seria fácil glosar tuas próprias letras
cheias de tantas dicas de adeus
adeus vou pra não voltar
a vida é assim mesmo
eu fui-me embora
eu nunca mais vou voltar por aí
difícil é conversar agora
você sabe há tanto tempo a gente não
se via
fui ouvir de novo as tuas coisas
“louvação” & “rua”
no primeiro Lp de Gil
“zabelê” & “minha
senhora” (com Gil) &
“Nenhuma Dor”
(com Caetano) no primeiro LP de Caetano
e gal “domingou” & “marginalia
II”
no primeiro disco tropicalista de Gil
& “mamãe coragem” com
Caetano (gal cantando)
Tão grandes quanto antes
& “a coisa mais linda que existe”
(com Gil) no LP de gal (1969)
& “ai de mim Copacabana” num
compacto com Caetano
meu estoque termina aí
(não tenho o “pra dizer adeus”)
e recomeçava agora com macalé
Let’s Play That
Uma obra - filho - é algumas primas
Você olha nos meus olhos e não vê nada
Não “não posso fazer troça
Na boca de uma lasca amarga”
Mas também não quero repetir a conversa
de
Maiacóvski
Com Iesiênin (é muito arriscado)
Estou pensando
No mistério das letras de música
Tão frágeis
Quando escritas
Tão fortes quando cantadas
Por exemplo “nenhuma dor”
(é preciso reouvir) parece banal escrita
mas é visceral cantada
a palavra cantada
não é a palavra falada
nem a palavra escrita
a altura a intensidade a duração a posição
da palavra no espaço musical
a voz e o Mood mudam tudo
a palavra-canto
é outra coisa
nha mo da
mi na ra tem
se do
gre
etc.
&
minha amada idolatrada
salve salve o nosso amor
já antecipava os antihinos
salve o lindo pendão dos seus olhos
com você diria depois
mas você tem muito mais
um poeta só um poeta tem
linguagem pra dizer
eu quero eu posso eu quis eu fiz
feijão verdura ternura e paz
tropicália bananas ao vento
um poeta desfolha a bandeira
agora você se mandou mesmo
pra não mais voltar
(deixe que os idiotas pensem
que isto é poesia)
nem a são Paulo nem a esta
espaçonave louca chamada Terra
tenho saudade
como os cariocas
do tempo em que sentia
sim a euforia se foi a alegria
era a prova dos novembro mas fomos todos reprovados
VAI BICHO
Nós por aqui vamos indo
Naviloucos
Poucos
Ocos
Um beijo preso na garganta
No doce infelicídio da formicidade
DESAFINAR
Medula & osso
O CORO DOS CONTENTES
Com geléia até o pescoço
Publicado
em “FOGO CERRADO”,
“Torquato Neto - Edição Especial”,
nov. / 1992.
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