Quando os discos saem da garagem, o bom cabrito não berra!
- Details
- Hits: 5589
Zeca Ribeiro sorri, Saraiva belisca... Os cozinheiros após a missão cumprida
Quando os discos saem da garagem, o bom cabrito não berra!
Texto Mário Pazcheco
Fotos Zeca Ribeiro
Divulgação Jihan Arar
Realização Zanza Meneses
Cozinha elétrica Saraiva e Neide e Zeca Ribeiro e Jihan Arar
Esboços e desenhos Laura e Lara Arar
Simpatia Família Saraiva e Convidados
Guará - Meses sem ouvir um único LP, virou coisa do passado. No sábado, resolvi tocar umas "bolachas" enquanto Saraiva preparava o prato do dia: carneiro na brasa e no forno. Nestes tempos de mp3 e IPOd, o som analógico e esteréofônico do vinil vai contra a ditadura do modismo e da 'novaidade'. E isto para qualquer discófilo é frustrante. Regulamos a agulha do Gradiente e tocamos cerca de 50 LPs (muitas vezes só um lado ou algumas músicas) rock music para o dia e a noite. Os mais aplaudidos foram "Demons and Wizards" e a "Revista Pop apresenta o punk rock". À noite, o som era coldwave.
Nossos 21 dias de férias, foram de trabalho intenso e uma idea fixa minha: começar a pintar um longo muro branco numa galeria a céu aberto. A ideia foi aceita e os pincéis e as tintas foram a luta.
Paulo Iolovitch deu o conceito e Keith Haring virou Jonas e o céu de Brasília virou a baleia.
Sou da opinião que se a estratégia anterior não foi muito bem sucedida, devemos mudar. E assim foi feito: nada de banners, chamadas, convites ou nota no site. A coisa foi espontânea e obteve seu êxito. Tivemos uma cobertura fotográfica maravilhosa e talentosa, os anos de infância e adolescência passavam frente aos nossos olhos, nossos melhores dias e amigos.
Terminamos este happening rockeiro, culinário, fotográfico e gráfico, com "Xiboquinha, gelo e limão" e um sorriso de lado a lado.
Veja quem degustou a Carneirada!
Paulo Iolovitch, "O Azul" pintou com Beatriz, Laura, Carlinhos, Menino Piu, Lara, Ana e Carolina
Jay Defeo: A Rosa
Roteiro de Trina Robbins
Foto Jay DeFeo in her shared Fillmore Street studio, 1960, by Jerry Burchard
"Eu vi os expoentes da minha geração morrendo de fome, histéricos, nus".
Jay Defeo já era uma artista bem conhecida e parte do Movimento Beat de San Francisco quando suas pinturas foram expostas na Galeria Six em 7 d eoutubro de 1955, a noite em que Allen Ginsberg apresentou seu famoso poema "Uivo" para o mundo.
"Marcel duchamp é um dos meus maifores deuses".
"O expressionismo abstrato está no ar".
Jay e seu marido artista, Wally Hedrick, viviam em um apartamento na Rua Fillmore, por onde poetas Beat e artistas como Michael McCLure e Bruce Conner andavam, recitavam suas poesias e discutiam arte.
Jay nunca jogava fora árvores de natal velhas.
Em algum momento de 1958, Jay começou a trabalhar em daus pinturas, "A Joia" e "A Rosa", em telas de 2,15 x 2,75 metros.
Após seis meses, "A Joia" foi deixada de lado, e Jay dedicou-se a "A Rosa".
"Há certas coisas que devem ser ditas em certas épocas".
Pelos oito anos seguintes, "A Rosa" tomou conta de sua vida, pintando-a e repintando-a.
"Ela está passando por um ciclo completo da História da arte".
"O primitivo, o arcaico, o clássico, até o barroco... Mas ainda não é a versão final".
Ela expandiu a pintura colando-a em uma tela ainda maior, que passou a medir 3, 35 x 2,45 metros.
"Quero criar uma obra com equilíbrio tão precário entre ir para lá ou para cá, que se sustente sozinha".
Para continuar trabalhando, Jay bebia um litro de cohaque Christian Brothers por dia e fumava de duas a três carteiras de Gauloses.
Em certo ponto, ela começou a acrescentar pós metálicos à mistura para dar brilho, e inseriu fios de cobre, contas e pérolas.
"Meu Deus, Jay, você colocou mesmo uma tiara ali?".
Galhos de pinheiro da coleção de árvores de natal mortas de Jay também foram parar no quadro.
Até 1965, ela já pagara $5.375,51 em materiais de pintura.
Em 1967, Wally e Jay perderam o aluguel de seu apartamento da Rua Fillmore.
"Oh, meu Deus! Como vamos levá-la?".
Para tirar a pintura, carregadores tiveram de remover uma janela, além de um pedaço do parapeito de pouco mais de meio metro.
"Ugh. Deve persar um tonelada"* pesava.
"Eu não tinha me dado conta de como havia ficado extravagante. Um dia entrei no estúdio, e a coisa parecia ter saído totalmente de controle".
"A Rosa" foi para Pasadena Museum of Art, depois para o San Francicsco Art Intitute, onde ficou duas décadas, escondida atrás de uma parede temporária. Nessa época, empreenderam-se esforços para salvar a pitnura, da qual pedaços de tinta e outros fragmentos estavam caindo.
Hoje ela está no Whitney Museum of American Art.
Apesar de todos os Gauloses, foi a pintura que a matou. Sempre lambendo seu pincel para fazer a ponta, Jay ingeriu grandes quantidades de chumbo da tinta branca e morreu de câncer em 1989.
Ironicamente, o primeiro título de Jay para a pintura foi "Rosamorte".
A maioria das informações desta história vem de "Women of The Beat Generation", de Brenda Knight, 1996, e as citações são de uma entrevista de Jay dada em 1975 a Paul Karlstrom.
Texto retirado da Graphic Novel "Os Beats" editada por Paul Buhle