SANTIAGO DO CHILE, 4 JUN (ANSA) - Peritos do Serviço Médico Legal e membros da brigada dos Direitos Humanos da Polícia Civil, iniciaram hoje os trabalhos de exumação do corpo do cantor e compositor chileno Victor Jara, assassinado durante a ditadura de Augusto Pinochet em 16 de setembro de 1973. O juiz Juan Eduardo Fuentes, responsável pela investigação do crime, decidiu antecipar a perícia para descobrir as causas da morte de Jara para identificar os tipos de armas usadas, distância, ângulo do disparo, entre outras informações sobre o crime. De acordo com a versão do ex-militar José Adolfo Paredes Marquez, que confessou ser um dos autores dos 44 disparos que acabaram com a vida do cantor, um subtenente teria dado o primeiro tiro, na lateral da cabeça de Jara, e em seguida ordenado para que outros soldados concluíssem o crime. Ontem, Paredes voltou atrás em sua declaração e negou a autoria do crime, afirmando ter sido vítima de pressão por parte dos policiais que o interrogaram. Em entrevista ao jornal La Tercera, o ex-soldado, de 54 anos, disse que durante o interrogatório, ao qual foi submetido, a pedido do juiz Fuentes, "estava perturbado e não aguentava mais". "Se tivessem me pedido para confessar 20 mortes, diria que sim para me deixarem em paz", contou o militar. No início da semana a polícia chilena iniciou uma série de interrogatórios a 70 soldados que estavam trabalhando no dia do crime, no estádio chileno da capital do país, que foi convertido em campo de prisioneiros políticos durante o regime militar e hoje recebe o nome de Victor Jara. A medida busca confrontar as declarações dos ex-soldados com a de Paredes e desvendar as causas da morte do cantor.(ANSA) 04/06/2009 13:55
Valdemar Menezes 30 Mai 2009 - 15h25min
No Chile, um ex-integrante do Exército – recruta na época do golpe militar de 1973 - José Adolfo Paredes, acaba de ser formalmente acusado pela Justiça do Chile pela morte do cantor Víctor Jara, executado no Estádio Nacional do Chile, dias após o golpe que levou o general Augusto Pinochet ao poder. O acusado confessou ser um dos executores. A Justiça também responsabilizou o coronel aposentado do Exército Mario Manríquez Bravo, diretor do campo de prisioneiros. Victor Jara foi barbaramente torturado, antes da execução. Ele havia participado, na condição de professor, da manifestação realizada por cerca de 600 estudantes e professores, contra a ocupação da Universidade Técnica do Estado de Santiago pelos militares, logo que o golpe foi anunciado.
AFRONTA Os estudiosos lembram que o ciclo golpista no continente foi iniciado pelo Brasil, que estabeleceu o padrão violento a ser seguido em relação a opositores: no dia do golpe de 64 – como já adiantamos na semana passada - dois estudantes, em Recife, e dois outros, no Rio de Janeiro, foram metralhados porque protestavam contra a derrubada do Estado Democrático de Direito. Era o início dos horrores. Hoje, enquanto Chile, Argentina e Uruguai se redimem punindo agentes do Estado envolvidos em mortes e torturas na época (e anulam as auto-anistias arrancadas de parlamentos acuados), no Brasil, os torturadores não só não foram punidos, mas esnobam. Esta semana, o representante deles, deputado Jair Bolsonaro, zombou da dor das famílias atingidas (como a do cearense Bergson Gurjão): pregou um cartaz na porta de seu gabinete com a foto de um cachorro com um osso na boca e os dizeres: “Desaparecidos do Araguaia - quem gosta de osso é cachorro.”
DISSIMULAÇÕES Estão sendo ultimados os preparativos para o espetáculo que o Brasil inteiro já conhece a cada CPI. O que vai valer, como sempre, é a capacidade interpretativa dos atores de prender as atenções dos espectadores e aproveitar bem as luzes dos holofotes. Apurar, mesmo, isso é o menos importante para seus promotores. O que importa é como cada lado vai bem aproveitá-la para os lances da disputa política de 2010. Pois, afinal, ela foi criada para isso mesmo. É um recurso legítimo da oposição e inteiramente de acordo com as regras de jogo da democracia representativa brasileira? Sem dúvida nenhuma. Só que a plateia pede apenas que isso seja assumido plenamente e não se venha com a engabelação de que a CPI é para apurar alguma coisa. Se fosse para apurar, os denunciantes já teriam acionado o Tribunal de Contas, o Ministério Público, a Polícia Federal, etc. Faz parte do jogo? OK, mas sem agredir a inteligência da plateia. Ainda que o intente – como o recente caso de alguém se apresentar como arauto da escolha de Fortaleza como uma das cidades-sede da Copa de 2014 - a jogada eleitoral fica muito clara, não deixando dúvida a ninguém sobre as intenções. Menos mal.
“ENTRÕES” A turma não brinca mesmo em serviço. Que o diga o ministro Carlos Minc, do Meio-Ambiente. Os predadores estão aproveitando o momento da crise para passarem sua lábia no governo: “Esse negócio de meio ambiente atrasa o crescimento do País” – alegam eles. E sempre dão um jeitinho de interferir nos projetos oficiais, aproveitando o fato de o governo ser de coalizão e, por isso mesmo, com gente sempre disposta a mandar no seu pedaço. Se Lula não tomar pé da situação, haverá um retrocesso na área. Seria um vexame.
ÍNDIOS Os índios Kanindé das Comunidades dos Fernandes, da Balanem Aratuba, Maciço de Baturité viram sua já precária existência transformar-se num inferno, com as enchentes. Suas comunidades estão isoladas devido às avariações nas estradas que as ligam ao restante do Estado. Nem os doentes estão podendo ser transladados ao hospital, nem a produção de verdura ser comercializada. Pedem ajuda da Prefeitura da Aratuba para desobstruir a via principal, que tem uma enorme pedra encalacrada no caminho.
PAZ O Movimento Ceará pela Paz tem reunião, neste domingo, às 14h, na Oca Comunitária Fênix, Rua Humberto Lomeu, 1220 - Bairro Granja Portugal, por trás da Casa Brasil. Antes, estava previsto para Bom Jardim, mas houve alteração. Sairá um ônibus do Seminário da Prainha diretamente para o local da reunião. O movimento é liderado pelo bispo emérito de Limoeiro do Norte, dom Edmilson da Cruz, e tem desenvolvido um trabalho importante para a pacificação do cotidiano das comunidades periféricas.
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