CANNES EXIBIU FILME TRÁGICO SOBRE IAN CURTIS (2007)

Filme trágico sobre Joy Division é exibido em Cannes
O Estado de S. Paulo - Reuters


Control é baseado no livro da esposa de Ian Curtis, morto em 1980


18 mai. / 2007 - CANNES - A vida tragicamente curta de Ian Curtis, vocalista da banda britânica Joy Division, é o tema de um filme que reabriu feridas antigas dos membros sobreviventes do grupo. O trabalho foi exibido na noite da quinta-feira, 17, no Festival de Cinema de Cannes.

A banda dos anos 1970 criou trabalhos que ficaram famosos, como Love Will Tear Us Apart e Transmission, mas seu sucesso foi interrompido pelo suicídio de Ian Curtis, aos 23 anos de idade, exatamente 27 anos atrás nesta sexta, no momento em que a banda estava prestes a partir em turnê pelos EUA.

Anton Corbijn, que fotografou o Joy Division em 1979, dirigiu "Control", um filme de duas horas em preto e branco sobre o problemático vocalista. O filme provocou emoções fortes em Cannes, apesar de estar sendo exibido fora da competição.

O papel de Curtis é representado pelo ator desconhecido Sam Riley, que guarda uma semelhança estranha com o cantor, dentro e fora do palco. Samantha Morton faz a mulher de Curtis, Debbie, em cujo livro o roteiro se baseou.

"Tive a sorte de ter a mesma altura que ele e uma semelhança passageira com ele, além de ser cantor, então acho que tudo isso tornou a decisão mais fácil para Anton, embora ainda fosse arriscada", disse Riley à Reuters em entrevista na sexta-feira.

"Tive uma agente para meus trabalhos de ator quando era adolescente, mas perdi contato com ela. Eu estava trabalhando num emprego muito humilde em Leeds e estava cansado disso", disse, explicando como conseguiu o papel.

"Então liguei para ela, depois de cinco anos, e falei: ´Lembra de mim?´, e esse foi o primeiro teste para o qual me mandaram."

Indagado se já foi comparado a Ian Curtis no passado, respondeu: "As pessoas costumavam dizer que eu era parecido com (o cantor) Pete Doherty, o que não é exatamente um elogio, certo? Um viciado em heroína? Mas tudo bem."

Choque e raiva

Em seus últimos anos de vida, Ian Curtis sofria de epilepsia e era incapaz de conjugar sua vida doméstica, como marido e pai, com sua carreira de roqueiro.

Para o baterista Stephen Morris, assistir à história da banda foi uma experiência perturbadora. "Assistir ao filme ontem pela segunda vez, mas entre um monte de pessoas, foi como ver minha juventude despida diante de um público, como ser dissecado", disse ele.

Indagado sobre como reagiu ao fato da sessão da noite de quinta-feira acontecer na véspera do aniversário da morte de Curtis, Morris disse: "Isso me dá arrepios".

Morris, que acabou tocando com o New Order, banda sucessora do Joy Divison, contou como se sentiu quando soube que Curtis se enforcara. "Acho que foi um choque, mas o que eu percebi foi muita raiva - raiva por ele ter sido tão estúpido".

"Quando uma pessoa comete suicídio, o problema é que isso deixa um monte de perguntas sem resposta para as pessoas que sobram - e as fere muito mais."

Morre Tony Wilson, descobridor de Joy Division

Jornalista inglês morreu numa sexta-feira, em Manchester.
Wilson criou o Factory Records e o clube Haçienda.

Morreu a 10 ago. / 2007, de câncer, Anthony Wilson, o homem responsável por colocar a cidade inglesa de Manchester no mapa da música pop. Responsável por lançar bandas como Joy Division, New Order e Happy Mondays, por seu selo Factory Records, Wilson, que estava com 57 anos, atuou também como jornalista e apresentador de programa de televisão.

Em 1982, fundou a casa noturna Haçienda, que se tornou o centro da cena musical de Manchester e palco de bandas como The Smiths, The Stone Roses e Oasis. O primeiro show de Madonna no Reino Unido, em 1984, foi realizado lá. O Haçienda e a trajetória de Tony Wilson foram retratados no filme "A festa nunca termina" ("24 hour party people"), lançado em 2003 no Brasil.

Wilson adoeceu em 2006, quando foi internado às pressas e teve um rim retirado no início deste ano. Logo depois ele teve o câncer diagnosticado, mas a quimioterapia não fez efeito. Segundo o site da rede BBC, médicos receitaram a ele um remédio caro chamado Sutent, mas o sistema público inglês de saúde se recusou a cobrir os custos do tratamento, de 3.500 libras por mês. Integrantes da banda Happy Mondays e amigos de Wilson chegaram a criar um fundo para ajudar a pagar o tratamento.

Ele morreu no Christie Hospital, em Manchester, às 6 da tarde.

Zeca Camargo: Haçienda virou um prédio de apartamentos

 

Escrevo de Manchester, Inglaterra, onde vim fazer uma reportagem. E visitei um lugar que sempre sonhei – com ligeiros 20 anos de atraso. Como sempre estive ligado na possibilidade de viajar, gosto de associar cada década da minha vida com um lugar no mundo que eu gostaria muito de visitar.
 
Agora, no começo do século 21, meu objetivo era o Butão, para onde eu consegui viajar no ano passado. Nos anos 90, era fixado em Istambul, Turquia – que só fui conhecer quase no final da década. Nos anos 70, o sonho era conhecer o Studio 54, em Nova York – não deu.
 
Pulei os anos 80? Foi para, estrategicamente, poder me alongar mais sobre eles: o destino mais cobiçado nessa época foi justamente Manchester. E por causa de uma certa banda chamada New Order. Ah, e uma certa banda chamada The Smiths.
 
Primeiro, o New Order. O QG deles era justamente este clube chamado Haçienda. De lá vinha a melhor música dançante da minha juventude – não apenas os (hoje) clássicos do New Order, mas todos os sons que ajudaram a redefinir o que enchia a pista de dança, inclusive os sucessos tardios de bandas como o Happy Mondays (mais sobre eles, daqui a pouco).
 
Pois não é que o Haçienda virou um prédio de apartamentos? Meu coração partiu-se em mil pedaços quando o guia que fazia o roteiro turístico musical da cidade me contou isso. O templo da modernidade, cedendo ao poder do mercado imobiliário: Manchester ficou mais rica e mais “transada” nos últimos anos, e o clube, que nunca foi um primor no quesito prestação de contas, estava quase quebrando. E fechou.
 
O tal “tour” musical pela cidade é curioso: como você ilustra o talento das bandas de Manchester sem a presença dos próprios artistas? Uma história aqui, um lugar de shows ali, uma lojinha de discos acolá (onde, por exemplo, Morrisey, líder dos Smiths, arrumou um trabalho que detestava tanto que o imortalizou na música “Heaven knows I?m miserable now”: “Eu procurava um emprego / e achei um emprego / E os céus sabem como eu me sinto miserável agora”, cantava ele – em inglês, claro…). O guia conta que existem até excursões mais específicas, como uma só para fãs dos Smiths, que vai até a casa onde o próprio Morrisey nasceu – e arranca lágrimas dos admiradores mais devotos. Mas será que isso faz sentido? Será que isso ajuda a entender melhor a atitude da cidade que ajuda a produzir tanta música genial?
 
Falei de New Order e Smiths, mas a lista é enorme: vai de Bee Gees (!) a Oasis, passando por Buzzcocks, Joy Division, Stone Roses, 808 State, Inspiral Carpets, M People, o ultra-alternativo The Fall, o ultra-pop Take That, The Doves – e claro, o também já citado Happy Mondays.
 
Um dos produtores musicais mais importantes de Manchester, o homem por trás dos Mondays, entre tantas outras bandas, falou para um pequeno grupo de pessoas que viaja comigo. Ele é Tony Wilson – e gastou a primeira metade da sua palestra falando da diversidade e da atitude dos músicos seus conterrâneos. Mas a parte mais interessante do que ele disse veio na seção de perguntas. Ouvir suas histórias de como esses sucessos foram criados foi delicioso. Nem tudo que Wilson contou, porém, foi trivial.
 
Com sua experiência de mais de 30 anos na música, ele deu uma de mestre ao ser perguntado se existe mesmo o mito do “grande artista injustiçado que nunca conseguiu fazer sucesso”, ele foi categórico: “Não!”, respondeu logo. E logo pediu a ajuda de Nick Hornby, o autor de “Alta fidelidade”, que num livro anterior a esse, cujo assunto era futebol, também comprou uma briga ao dizer que não existe “o grande jogador que nunca foi descoberto por um técnico”. “Todo mundo está sendo observado por alguém”, dizia Hornby (segundo Tony Wilson). E a mesma coisa acontece com as bandas e os artistas. Quem é bom… aparece. Já ouviu isso antes? Pois agora está fechada a questão. Wilson vai adiante: “Não existe um conjunto de canções geniais que só foram descobertas décadas depois de terem sido compostas”. O que é bom é bom e acaba aparecendo.
 
Mais ou menos como a música que era feita no Haçienda – aquele lugar que um dia eu sonhei em conhecer. Vamos adiante… quando você ler isso eu já estou em Liverpool…
http://g1.globo.com/platb/zecacamargo/2006/10/19/hacienda-finalmente/
Escrevo de Manchester, Inglaterra, onde vim fazer uma reportagem. E visitei um lugar que sempre sonhei – com ligeiros 20 anos de atraso. Como sempre estive ligado na possibilidade de viajar, gosto de associar cada década da minha vida com um lugar no mundo que eu gostaria muito de visitar.
 
Agora, no começo do século 21, meu objetivo era o Butão, para onde eu consegui viajar no ano passado. Nos anos 90, era fixado em Istambul, Turquia – que só fui conhecer quase no final da década. Nos anos 70, o sonho era conhecer o Studio 54, em Nova York – não deu.
 
Pulei os anos 80? Foi para, estrategicamente, poder me alongar mais sobre eles: o destino mais cobiçado nessa época foi justamente Manchester. E por causa de uma certa banda chamada New Order. Ah, e uma certa banda chamada The Smiths.
 
Primeiro, o New Order. O QG deles era justamente este clube chamado Haçienda. De lá vinha a melhor música dançante da minha juventude – não apenas os (hoje) clássicos do New Order, mas todos os sons que ajudaram a redefinir o que enchia a pista de dança, inclusive os sucessos tardios de bandas como o Happy Mondays (mais sobre eles, daqui a pouco).
 
Pois não é que o Haçienda virou um prédio de apartamentos? Meu coração partiu-se em mil pedaços quando o guia que fazia o roteiro turístico musical da cidade me contou isso. O templo da modernidade, cedendo ao poder do mercado imobiliário: Manchester ficou mais rica e mais “transada” nos últimos anos, e o clube, que nunca foi um primor no quesito prestação de contas, estava quase quebrando. E fechou.
 
O tal “tour” musical pela cidade é curioso: como você ilustra o talento das bandas de Manchester sem a presença dos próprios artistas? Uma história aqui, um lugar de shows ali, uma lojinha de discos acolá (onde, por exemplo, Morrisey, líder dos Smiths, arrumou um trabalho que detestava tanto que o imortalizou na música “Heaven knows I?m miserable now”: “Eu procurava um emprego / e achei um emprego / E os céus sabem como eu me sinto miserável agora”, cantava ele – em inglês, claro…). O guia conta que existem até excursões mais específicas, como uma só para fãs dos Smiths, que vai até a casa onde o próprio Morrisey nasceu – e arranca lágrimas dos admiradores mais devotos. Mas será que isso faz sentido? Será que isso ajuda a entender melhor a atitude da cidade que ajuda a produzir tanta música genial?
 
Falei de New Order e Smiths, mas a lista é enorme: vai de Bee Gees (!) a Oasis, passando por Buzzcocks, Joy Division, Stone Roses, 808 State, Inspiral Carpets, M People, o ultra-alternativo The Fall, o ultra-pop Take That, The Doves – e claro, o também já citado Happy Mondays.
 
Um dos produtores musicais mais importantes de Manchester, o homem por trás dos Mondays, entre tantas outras bandas, falou para um pequeno grupo de pessoas que viaja comigo. Ele é Tony Wilson – e gastou a primeira metade da sua palestra falando da diversidade e da atitude dos músicos seus conterrâneos. Mas a parte mais interessante do que ele disse veio na seção de perguntas. Ouvir suas histórias de como esses sucessos foram criados foi delicioso. Nem tudo que Wilson contou, porém, foi trivial.
 
Com sua experiência de mais de 30 anos na música, ele deu uma de mestre ao ser perguntado se existe mesmo o mito do “grande artista injustiçado que nunca conseguiu fazer sucesso”, ele foi categórico: “Não!”, respondeu logo. E logo pediu a ajuda de Nick Hornby, o autor de “Alta fidelidade”, que num livro anterior a esse, cujo assunto era futebol, também comprou uma briga ao dizer que não existe “o grande jogador que nunca foi descoberto por um técnico”. “Todo mundo está sendo observado por alguém”, dizia Hornby (segundo Tony Wilson). E a mesma coisa acontece com as bandas e os artistas. Quem é bom… aparece. Já ouviu isso antes? Pois agora está fechada a questão. Wilson vai adiante: “Não existe um conjunto de canções geniais que só foram descobertas décadas depois de terem sido compostas”. O que é bom é bom e acaba aparecendo.
 
Mais ou menos como a música que era feita no Haçienda – aquele lugar que um dia eu sonhei em conhecer. Vamos adiante… quando você ler isso eu já estou em Liverpool…
http://g1.globo.com/platb/zecacamargo/2006/10/19/hacienda-finalmente/

 

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