42 ANOS DO PRÓPRIO BOL$O NÃO VAZOU... (1982)
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42 ANOS DO PRÓPRIO BOL$O NÃO VAI RASGAR...
por Mário Pazcheco - anos iniciais, anos dourados
QE 32 Reggae Roots
Capoeria e cultura para todos. Não é Edmundo?
Conic. Um ponto de táxi é sempre um local inusitado.
Um garotão de cabelos grisalhos aguarda a corrida. Para variar reclama da praça.
— Fala Nardelli Gifone! E o reggae?
Rapidamente, Narderlli fala que seu amigo paulista da loja de discos de reggae morreu de repente, e me pede o email que ele vai passar as fotos dele na Jamaica onde já esteve duas vezes. — De táxi? Ele ri.
No melhor momento da conversa, ele desafiadoramente encara a multidão de garotos com camisetas pretas, cabelos coloridos, piercings, tatuagens e retruca, Marão fomos nós que começamos tudo isto. Eu fico pensativo, eu não, eu nunca fui estrela quem tinha dreadlocks gigantes era ele que era exímio capoeirista. E rapidamente me vem à cabeça momentos tristes e alegres envolvidos pela costumeira onda de violência que se abate sob os cabeludos. Mas nós sabemos que depois do Maranhão, o reggae surgiu foi no Guará 2 e estávamos à frente do movimento. Éramos os patriarcas do culto à personalidade, à necrofilia divulgávamos assuntos proibidos e filosofias e estéticas que despertavam suspeitas e aglutinávamos centenas de seguidores, tínhamos um óbvio potencial político que utilizávamos.
Arrumei uma coletiva no gramado do jardim do Jornal de Brasília e debaixo das árvores retorcidas fizemos umas fotos, e Manel Henriques perguntou quem — carbura um? Os três amigos apontaram na minha direção.
Assim o fã-clube dos Beatles e o jornalzinho encerraram suas atividades. Minha carreira solo já começava em 1982!
É claro que minha carreira artística começou com um show fracassado que não aconteceu e ali eu já catalogava os envolvidos, suas responsabilidades e falhas e seriedade.
Vindo de Taguatinga, no Guará em 1978, eu estava à frente do Rocha do Planalto, e divulgava discos do Kiss; o Rocha do Planalto era um grupo de roqueiros da pesada em todos os sentidos que me mostravam a capa do disco “Medlle” e apontavam para os braços do Roger Walters e me diziam ele se picava. Eu cresci com medo da capa do disco.
Zenas, Zézé e Betinho iam tocando com quem pintasse e tivesse aparelhagem. Tentaram ficar com a guitarra Giannini Stratocaster novinha do Sidney. A encrenca estourou lá em casa.
— "Osso”!
— Meu pai quer a guitarra de volta!
E na casa do Zézé gritei seu nome. Quando abriram a porta, a casa foi invadida e a guitarra recuperada sem arranhões.
Ainda passaram pelo Rocha do Planalto, Amarildo e Soneca nas guitarras-solo...
Depois, o saudoso Valtinho pintou com uma guitarra acústica cor-de-rosa eram as duas guitarras da minha vida.
Psicose Crônica me dispensou sem audição, — Mário, não! Já tinha meus inimigos naturais. Depois no Deja Vu, — Mário, não! — Ele só vai querer tocar Beatles.
Talento musical! Eu não tinha nenhum. Tinha uma discografia e informações.
Minha mesa ficava apontada para a rua e se você atravessasse a quadra eu gritava e te parava no meio da rua e fazia você relatar.
Era um ponto de maluco, e muitos vinham depois da escola conversar comigo, Rogério vinha do Plano todos os dias de bicicleta.
Recebia cartas e reportagens do Brasil todo e ia acumulando material.
Tudo começou recortando o jornal de domingo para tirar a escalação e alguns escudos para os jogos de futebol de botão. Depois virei fã de Mário Eugênio e líamos o Correio Braziliense atrás das notícias do Marão do gogó da sete, Mário Eugênio pode ter sido um grande fdp por ter fodido a vida de muitos garotos ligando suas vidas precoces à carreira criminal. Mas ele também tinha coragem de falar de Ana Lídia. E acho Cuzão que você não folgaria com o Mário Eugênio, pois ele esfregaria o seu 38 na sua cara. Sucesso era frequentar as páginas criminais da cidade, éramos todos inimigos da polícia. A polícia reprimia manifestações artísticas e qualquer reunião com mais de 4 pessoas.
Tínhamos um grupo, Reação Cultural e a coisa mais legal foi com a ajuda do Delôr montamos uma exposição plástica e a minha mãe participou. Noutro lazer na praça da QE 32 eu trouxe uma banda do Gama, Stuhlzapfchen Von N (Supositório Nuclear) para tocar. Meu trabalho era indicar bandas que potencialmente podiam participar entre elas Marciano Sodomita.
Possuía os primeiros compactos punks brasileiros e abria mão dizendo , — estou colaborando para o movimento, não esqueçam. Quantos aos livros quando eu trocava material com os colecionadores, repetia, — uma colaboração para o seu acervo.
Tive o primeiro Live at Last do Black Sabbath que era o disco mais desejado. Tive o triplo do Rush, tive o Sabbath Bloody Sabbath capa dupla tiragem independente e os troquei por uma coleção do ELP com o Edinho.
Montei uma banda com o Edinho na bateria e ensaiamos uma única vez na casa do Phú! A banda era muito ruim eu era o único que não sabia tocar. O problema dos músicos é que os pais atrapalhavam a carreira. Eles estavam muito interessados no que as namoradas e amigos tinham a dizer, lógico que com um pensamento destes a coisa não iria a lugar nenhum, décadas depois alguns guitarristas repetiam o mesmo comportamento. Algumas vezes eu tenho que lembrar que eu produzi o seu primeiro show, você bebia coca-cola e eu cerveja.
Não hesitava em destruir as caixas do meu 3 em 1 para tirar um som de guitarra e eu vi cedo que armadilha era montar banda, show e tentar por uma guitarra na voz de um poeta que um sempre atirava pelas costas no outro. Foram várias tentativas frustradas.
Bem no início a gente ia conhecendo as pessoas, montando Festival de Música no Centrão, indo aos Festivais de Música do Guará, conhecendo as cabeças andando por Taguatinga, Cruzeiro, Asa Sul nunca passávamos disso.
O problema crucial era uma mixaria para comprar um livrinho da coleção Primeiros Passos, pagar as duas passagens, tomar um caldo e um pastel. Estudante não tinha grana e nem nossos pais, como eu sempre fui meio biscateiro tinha que colocar pedaços de vidros nas casas para defender, os LPs, o rango, o frango, a vódica, o velho barreiro, o chapinha. Meu transporte era bicicleta.
Depois os amigos foram arrumando seus primeiros empregos no Banco ou no Ministério e eu fui ficando meio para trás, não terminava o segundo grau e nem arrumava emprego. Um problema para meus pais.
Quando as festas chegaram ao limite na casa dos Irmãos Muniz. Eu pegava a Kombi carroceria do meu pai enchia de caixas de som e aparelhagem e saia procurando uma casa onde pudéssemos ligar a aparelhagem. Nenhuma mãe gostava de mim, eu era o que existia de pior na visão delas. Eu e Luis Punk de férias barbudos trocando discos com os filhos delas era inaceitável.
Entre os seguidores, Reginaldo era o mais fiel andava pelo Guará distribuindo a nova edição do Jornal do Rock.
Estes eram os anos dourados.
A ética cima de tudo! — Relaxa! Ary- Pará-raios eu não vou roubar os livros do seu sebo.
A UVA reunida nas paredes da padaria da QE 34
Acima: Bodão, Pedrão, Mancha, ? e Ricardinho
Agachados: ?, Carlito, Elias, ?
a casa de ideias que começou em 1973 e se espalhou pelo Brasil
Certa vez, fiz um Rock na Vidraçaria e o Fernandão apareceu doidão e trincou uma chapa de vidro, eu estava desempregado e tirei meus últimos 30 contos do bolso e disse ao meu pai, o Fernando deixou este sinal... Passei a odiar doidão, outro dia me encontrei com ele que queria me força a ir no meu carro numa boca-de-fumo e eu disse-lhe você já me deu muito prejuízo.
Numa carreira artística você passa por estágios entre a palavra e o som. Fui fazer livros e tive que aprender por dentro das engrenagens como as coisas funcionavam; depois fui produzir um CD e aprender os meios musicais.
É muito raro obter sucesso artístico num mercado restrito e protegido que usurpa e cospe as pessoas como caroços de cereja.
Fui trabalhar com os melhores diagramadores, capistas, técnicos de estúdio, montadores de vídeo a proposta sempre era louca e nunca envolvia grana, apenas a sensibilidade vamos efetuar este desafio e eu conseguia coisas que ninguém conseguiu.
Minha produção do CD-tributo de rock’n’roll ao Arnaldo Baptista foi sucesso em San Francisco. Ninguém tinha ido tão longe. Depois eu virei uma espécie de guru e fui dando ideias que apareciam nas capas dos discos, os meninos eram mimados mas na esperança de fazer rock psicodélico em português era o que eu queria me envolver.
Sumi e reapareci várias vezes do cenário artístico de Brasília, quando fui pai, o velho Reginaldo me retirou do isolamento e fomos assistir ao Marssal, fizemos depois mais de 40 shows eu apresentei a banda no foyer da Sala Villa-Lobos; depois fomos fazendo camisetas e clipes musicais com Eduardo de Castro que era da Subway e que hoje é grande cineasta.
Nesta época no Conic, a loja de discos e camisetas Head Collection comandava a cena underground da cidade.
Em casa, na chácara foram oito anos de rock mágico e instrumental do Além, o duo de guitarra do Cécé e da bateria do Ricardo Lima, o pessoal do Extremo que levei ao Rock Baby e foram surrados.
A velha ira contra os cabeludos perpetrada por um bandido.
Organizávamos festivais com o Mamute que viraria a Mákina Du Tempo que acabaria sendo lançada em coletâneas e discos pelo selo Baratos Afins. Abríamos as portas para bandas que eram uma só Karniça, Submundo Stewart, Terno Elétrico com seu baterista original Jean Paice, Todas as Tribos, Lú Blues. Numa noite podia rolar o reggae da Todas as Tribos com o povo pulando e a poeira subindo e uma apresentação mágica da Lú Blues com uma superbanda.
Um dia Cécé morreu e o rock ao vivo no caminhão acabou...
Passei a fazer som dentro de casa e o guitarrista de blues Gil Gilberto pintou no ano novo tocando com Zezinho Blues, toda uma experimentação e microfonação foram exigidas. As colunas da casa não estavam rebocadas e pendurávamos os microfones por cima das vigas, essa experiência reviveu a alma da música dentro de mim.
Trabalhei com três gênios, Cécé que era técnico de som e sabia como ninguém montar uma aparelhagem e extrair dela todo o potencial; Edvar Ribeiro um artista ilustrador nível Marvel que utiliza canetinhas bic para pintar e Rogério Duarte o papa comix da Tropicália, meu papel era sempre exigir mais e mais deles e perguntar e indagar e querer saber o porquê de tudo. Nessa época, Paulinho era o roadie e dirigia seu fiat vermelho participando das histórias com Rogério Duarte em Águas Lindas, Zé do Caixão em Taguatinga e muitos concertos chapantes com a magia do ALÉM.
Me ensinaram a espontaneidade e a contribuição milionária do erros e eu aprendi a arte ao vivo, meu talento era conseguir as coisas, as filmadoras, as tintas, as fitas, as informações em troca eles aceitavam colaborar com o meu projeto existencial. Eles tinham em mim um fiel seguidor, divulgador e fã que era o melhor que eu fazia.
Eu nunca transei rock de garagem, banda amadora que não sabia tocar!
Produção de show é negócio perigoso
e não conheço ninguém que tenha ganhado grana com isto.
Pois pobre só conhece pobre.
Brother, crítico musical foi produzir um show do Ritchie no ápice da carreira e ninguém apareceu, ele teve que vender sua coleção de discos para pagar o cachê pelo menos ele tinha uma coleção; depois vi Arnaldo Antunes intransigente exigindo seu cheque num show onde ele viu que não deu lucro. Estas experiências me afastavam de qualquer relação com o business.
Em dezembro de 2006, trouxe a Patrulha do Espaço para tocar em Taguatinga, na viagem o motor do meu carro fundiu, foi um Natal triste para mim sem grana. Os músicos não tinham nada haver com o meu prejuízo e eu segurei a onda.
Este acidente de percurso abriu os meus olhos e eu passei a olhar o rock de uma maneira positiva, tudo que tinha que dar errado já tinha dado e minha vida artística mudou. Eu não tinha obrigações.
Em 2007, nos vinte e cinco anos do próprio bolso eu trouxe Renato Matos, Gérson de Veras, Ricardo Lima, Miro Ferraz e Rogério Águas, nessa noite de gala posteriormente a usaram para me atacar “fui lá dar uma força” e “estes caras não tocam nada” e “eu sou o bom”. Era uma Jam ninguém tinha compromisso no final rolou uma Jam de My Sweet Lord e por isso você poderia comprometer a noite toda? Sinceramente, Renato Matos foi muito bom no violão até tocou bateria; Gérson de Veras ficou alucinando os caretas e o Projeto Syd Barrett fez a sua única apresentação.
Meses depois comecei o audacioso projeto de recuperar o caminhão e voltar a fazer som nele.
Sempre tenho um esquema, um ás na manga para que a coisa aconteça. Pedi ao Robson dos Barbarellas que trouxesse sua bateria e aluguei um P.A. simples e as duas bandas tocaram. Do nada, Machado (músico da noite) apareceu para fazer um Beatles, Renê Bonfim queria cerveja. Naquela noite eu rompia elos de décadas e partia para a marginalia de mãos vazias.
Em maio de 2008, rolou o Festival 26 anos. Dentro de casa Lú Blues fez alguns blues de bar, e a Ummaghumma veio desfilar seu hard rock clássico. No programa eu sempre convidada uma estrela da música popular de Brasília quem atendeu foi o exímio violinista Carlinhos Piauí.
Em setembro de 2008, ainda rolou o Rock da Kombi com Zezinho Blues, Tiago Rabelo e Barbarellas.
Nesta festa que é rock, ao som das guitarras dos Barbarellas e da Guariroba Blues, a turma dos Skrotinhos se reencontrou...
No ano seguinte 2009, rolou o gigante Festival Woodstosko, o maior evento produzido por mim onde Tiago Rabelo tocou Soul Sacrifice na bateria e o festival foi encerrado com o Bolero de Ravel tocado em flautas.
Rolando Castello Jr tocou! Podrão fez uma canja com o Terror Revolucionário. E os Barbarellas viraram uma atração fixa. Uma certa banda chamada Valdez abriu a tarde com seu rock irado.
Em 2010, na Cachorrada rolou Dínamo Z & Barbarellas & Jam. E ainda fizemos uma festa temática La Revolución!
Em 2011 já sabendo dos planos para a minha aposentadoria foram 4 eventos, Tudo pronto para o rock (em maio com Curse Of Flames/"Maldição das Chamas", Dínamo Z, Wendel Rocha (Jam I) e Miro Ferraz (Jam II).
O próximo evento se chamaria, Sétimo Céu (um evento mágico com Valdez, Besouro do Rabo Branco, Zezinho Blues e a Cozinha, Superfolk, River Phoenix e Gérson de Veras e Ronaldo 'Gaffa' Lima ).
Nos 29 anos de anos de pão e circo se apresentaram Barbarellas, Curse Of Flames, Zezinho Blues e Rubão, Beirão e mais algumas jams com Tiago Rabelo e Célio Soares no contrabaixo fazendo números de Raul Seixas e no final do ano ainda ocorreu a Mostra Paulo Iolovitch.
Novamente sintomas de um novo esgotamento e estresse se aproximavam da estrutura.
Eu continuava fazendo tudo sozinho e bancando o som e a cerveja, alugava amplificadores de baixo, guitarra, alugava o PA, trazia alguém para operar a mesa, pedia que trouxessem peças de bateria, pratos de bateria o que era atendido, no entanto, a minha parte foi ficando mais pesada. E o velho problema do dinheiro voltou, as bandas queriam cachê eram profissionais. Pessoas que atuavam por amor tinham sido sequestradas parecia que o sistema iria interromper a festa Do Próprio Bol$o. Mais uma vez saquei o heavy-metal da Curse of Flames e som trio dos Barbarellas e fomos fazendo som com a ajuda do Tiago Rabelo e do Zezinho Blues e do Célio de Moraes que reapareceu.
Em 2007, em casa a Rolando Rock ensaiou.. E um sem número de músicos do rock Brasília (Farrapo Joe, Lei it Beatles, Boca Preta) foram curtir e jogar bola, mas meu status não tinha mais importância eu não era uma pessoa influente e os últimos eventos perdiam força.
Quando Paulo da Madbutcher Produções reapareceu e me salvou, trazendo um quarteto de heavy metal, Final Erosion que vai ajudar a encerrar o ciclo Do Próprio Bol$o!
Do quarteto Final Erosion conheci Edson guitarra-base e Alex (baixista) Alex é um guitarrista que tocou em bandas antológicas da cidade como Akneton e Contrato de Risco, velhos roqueiros com o brilho nos olhos que reacenderam a esperança Do Próprio Bol$o.
Como tudo que é planejado pela vida, a 21 de abril de 2012, aos 30 anos eu vou encerrar a produção Do Próprio Bol$o não vou mais retirar dinheiro da carteira para criar a falsa imagem de algum movimento ou guerrilha cultural pois tudo tem hora certa.
Vamos fazer do nosso jeito com a nossa ética, nosso primitivismo, nossa incoerência, sem cachê mas com muita cerveja, konha, diversão ilimitada essa proposta sempre encontrou resistência por parte de todo mundo que você imaginar. Ninguém nunca relacionou a proposta Do Próprio Bol$o com uma espécie de mecenato.
Se os caras pensam que são o Jim Morrison e só falam em dinheiro, então vamos procurar o Ken Kesey, ele tem o espírito festeiro e as melhores caixas de som e a banda é o Grateful Dead.
Meu ídolo é o MC5 que se opunha à poderosa indústria musical americana e fazia shows de graça.
Renatoicinho, Luidi (Luis Punk), Ricardocinho, Cécé e Clevicinhado. Sobreviveram apenas Renato & Ricardo
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Outras Picaretagens geniais Made in Guará
Eu, Valtinho e o Prof. Klecius e Osmar fomos conduzidos à delegacia para explicar por que estávamos colocando cartazes. Valtinho e Osmar estavam doidões, eu só observava.
Valtinho fumava um cigarro atrás do outro e tossia muito. Depois das explicações, Osmar comentou o Klecius deve saber que somos doidões. Ri muito.
Com o nome sujo na praça
Ainda no Guará, Anísio Vieira era o articulador da cultura, era o cara mais lúcido e que me emprestou livros seminais da Beat Generation!
Joel, Siri e Evaldo comandavam o Reação Cultural. Laska era um cara importante, Bitonho também era de confiança. Osmar divulgava o enxadrismo. Certa vez ele veio na minha casa e me perguntou, conhece aquela chácara que tem bambu? Sim. Fomos lá e o Osmar cortou uns pés de bambu para uma festa Junina. Joel, o dono da chácara até hoje me cobra os bambus e eu não fui avalista... Nesta época frequentávamos o 32 Graus que era um bar escuro onde ouvíamos sempre Heróis da Resistência; Laska era o baman!
No Conic, H. R. comprou uma enorme tela fiada do pintor Paulo Iolovitch e nunca pagou! Eu que nunca tive grana de comprar tal tela fui interpelado por Paulo Iolovtich o H. R., disse que você o avalizava. — Pô! Paulo! Por que você não me falou isto na hora? Paulo Iolovitch ficou tão puto que ficou longe do Conic por quatro anos...
Em 1982, o Prof. de caratê Siri Baleia; o produtor cultural Nardelli e o menor Mário Pacheco e outro garoto do Cineclube Gavião passaram a noite detidos na delegacia por organizar festivais de cultura.
Foram fotografados não se sabe por jornalistas ou órgãos de repressão e apareceram em duas matérias no jornal Correio Braziliense.
Tão marcante quanto o Rock Cerrado foi a primeira e caótica apresentação da Legião Urbana no Guará 2. Propositalmente apagada dos livros sobre a banda.
Adoro quando leio livros de rock onde todas as pessoas são citadas e inexplicavelmente eu sou omitido. Meu trabalho não teve muita penetração no Plano Piloto. Escrevi durante um ano no JOSÉ (Jornal da Semana Inteira) em outros tablóides e mensários. Faço parte da primeria edição do Dicionário de Escritores de Brasília, participo de antologias e tenho dois livros e um CD de gravadora e um site. E apesar de 30 anos de ação ininterrupta sou omitido.
O Conic é contraproducente, lá você nunca vai conseguir algum espaço, a concorrência é séria. Foi no espaço Mulheres, a única vez fiz um som punk de vinil. Os punks gostaram. O Conic é para beber e divagar.
Recentemente andei numas reuniões culturais e levava os meninos para mostrar como eles cresceram e apresentar aos meninos, músicos que os conheciam desde pequenos.
Tinha a falsa esperança que o repórter fotográfico se sensibilizasse e fizesse uma foto, nada. Mas era só chegar a corja política que o dono do jornal ordenava para fazer fotos dos ilustres. O lance legal era o Ricardo Retz detonando os vinis de blues no volume máximo.
Renascido
No meio do processo cultural eu renasci aparecendo no DFTV em duas oportunidades defendendo o meio ambiente. Foi impactante.
Apareci duas vezes na TV Record em matéria sobre o acervo Do Próprio Bol$o.
Graças ao site, voltei a conseguir espaço no Correio Braziliense.
No metal underground, Fellipe CDC que eu conheço desde que entrou no movimento é um dos caras mais profissionais.
Meus eternos parceiros de zine, Rolldão Rock Halen e Révero Frank e Eli Soares são elos da corrente que segurou o zine e revistas por muitos anos. Luiz Ricardo Muniz também ajudou no pontapé inicial.
William “Mancha”, Pedro Bala, Edvar Ribeiro, Josias Wanzeller, Kléber, Paulo Iolovtich, Daibes e Hugo Pereira foram os caras que ajudaram a programar um visual Do Próprio Bol$o;
Rogério Punk é um fiel integrante seguidor e divulgador Do Próprio Bol$o.
Na Era digital
Lya Lilith foi a responsável pela inclusão digital Do Próprio Bol$o e ela terá uma melhor sorte em sua carreira porque é uma pessoa generosa.
Sandro Alves Silveira e Antonio Celso Barbieri, dedicaram muito à causa Do Próprio Bol$o.
Discordo das ideias do nosso velho coletivo cultural dos anos 80
Durante o final da década de 70 e toda a década de 80, a UVA foi a organização mais atuante culturalmente no Guará da qual eu sou integrante;
Aglutinando as pessoas, o pessoal do Guará I também envolvido na divulgação da cultura se aliou à UVA;
Atualmente estou muito mais envolvido culturalmente com os membros remanescentes desse coletivo do Guará I que era mais dark liderados pelos irmãos Sueli e Leo Saraiva e Jihan que continuam com suas experiências culinárias e musicais.
Robson dos Santos Gomes é o grande articulador da banda Barbarella e referência quanto ao indi-rock na Ceilândia.
Nestes meus 34 anos de Guará 2, O casal Zezinho Blues e Narcísia são os grandes amigos atuantes em todos os tempos. Eli e Zé Octávio participam sempre que podem.
Meu parceiro de estrada sempre foi Joel de Oliveira.
Sei de pessoas recentes que poderiam ter me ajudado a melhor documentar a trajetória. Mas estão ocupadas com suas próprias propostas e com certeza eu não terei tempo para apoiá-las.
Do Próprio Bolso foi registrado pelas lentes de Ivaldo Cavalcante, Zeca Ribeiro, Sandro Alves Silveira e Marcos Valdettaro.
Apesar de eu nunca ter solicitado pecúlio a ninguém Zéantônio sempre se dispôs a ajudar financeiramente Do Próprio Bol$o.
Somente uma vez na vida recebi cachê pela minha produção pago pelo Prof. João Piauí!
Parceiros de confusa
Francisquinho Morojó, Mário Pazcheco, Carlinho$ 'Guismarães' e Zéantônio o quarteto insolente do 4º poder. Quando Pezão morreu o movimento do escárnio enfraqueceu;
Presente dos 25 anos
Ricardo Lima me presenteou com o maravilhoso e pesado e primeiro LP do Joe Perry Project!
Ausências
Messias de Oliveira Júnior (Cécé).
Os Lendários críticos musicais de todos os tempos
Fernando Camufloyd e Firmino!
A UVA foi uma associação tão famosa que outras UVAs surgiram pelo Brasil.
Dos Rastas da QE 32 (Seu João, Mergulhão, Barriga, Bastos, Tiolo, Morcego) — O quê aqueles caras da UVA fazem?
Quando o Pontenkin Bar do Lincoln perdeu o alvará eu estava lá e testemunhei toda a confusão.
Outros bares históricos Elo Cultural, La Revolución e Lord Jim Pub que eu nunca peguei aberto.
Durangos da América foi uma grande banda de rock do Guará, havia Os Nefelibatas que eram bons e o Alto QI
Já os Cabeloduro surgiram no lançamento do meu livro Balada do Louco, no Ateliê do Pedro Veras na QE 34, em 1991!
Laninha, A Musa do Conj. D da QE 34
Laninha, A Musa do Conj. D da QE 34 Laninha era irmã do Kadú (cabelo oxigendado) e do Edilson (bigodinho de cigano), dois irmãos boas-pintas. Havia uma reunião contante em torno da Laninha que era divertida e uma mulher quente pelo menos nos meus desejos. Estavam sempre lá Nardelli, Erlânio (que morreu cedo de mais, cunhado do Geraldo Hugney) e Mário Pazcheco que estudava com Laninha. Lá se reuniam também Zelito Passos e seu parceiro Juraildes que fariam a música popular braziliense. Eis as raízes dos puristas da Música Popular de Brasília contra o roqueiro do Guará. Preconceito até hoje hostilizado pelos amigos do Conic por eu não gostar de pagode, choro, mpb, samba e etc
Puxando charos de mentira
Naqueles tempos existiam aqueles albinhos de fotos que insistiam em desaparecer. Poucos sobreviveram à ação do tempo.
Os rastas da QE 32 que eram caretas fizeram várias fotos puxando enormes tarugos de mentira e por barato.
Em 1980
O rock estava morto. A ordem das gravadoras era tocar banjo e gaita e rabeca.
A Patrulha do Espaço (SP) e Tellah (DF) foram os primeiros grupos a lançar um LP independente de rock.
Isto quer dizer que o disco chegou a lugar nenhum.
Eu egresso dos círculos operários de Osasco (SP) me causava espanto com os punks do DF - até então nunca ninguém na Ditadura havia falado de política tão perto do povo.
Poetas e punks que disparavam suas críticas como uma metralhadora giratória viam seus nomes na Lei de Segurança Nacional. Meu pai me alertava todos os dias: "Toma cuidado, porque eu não tenho como pagar advogado!"