42 anos dedicados ao rock and roll em 10 de abril de 2024
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A última fronteira, local que eu não tenho vontade de bisbilhotar - A loucura suprema do rock'n'roll. Possivelmente seu nome está dentro destas pastas e gavetas em correspondências trocadas desde o final dos anos 70. Sigilo absoluto e verdade total: considerações a respeito de bandas, shows e pares. Informação sem manipulação, levantamento de datas, o que os correspondentes opinavam. Manipular e tornar público, só após a minha morte.
DE ONDE NASCEU O FANZINE, OLDIE BUT GOLDIES, DEPOIS JORNAL DO ROCK...
Em 1982, no circo do rock'n'roll não passávamos de almas anônimas, então decidimos imprimir reedições das informações que tínhamos acumulado desde os anos 70. Alguns ficaram pelo caminho com projeção eterna, outros permaneceram desconhecidos, muitos "caretaram" diante da fé, da família e do dinheiro e os indomáveis porém tolos seguraram a peteca. Rock'n'roll nunca foi a minha única opção: eu respeito àqueles que fizeram do rock'n'roll sua vida.
No Guará, os movimentos culturais se aliaram para combater a ditadura militar do general Figueiredo. Nosso primeiro registro na imprensa, no Correio Braziliense em maio de 1982.
Passados 42 anos, hoje estamos no mesmo Guará 2, na mesma longa avenida asfaltada no Bernardo Sayão, setor de chácaras transformado em condomínios. Outro parceiro d amesma safra, o Sindicato do Reggae é um dos maiores estaleiros de material sobre o reggae jamaicano e nacional na América Latina e Do Próprio Bol$o um dos arquivos sobreviventes da contracultura eternamente dedicado aos Beatles.
Material de arquivo Do Próprio Bol$o afirmam que existe um outro original deste cartaz mas nunca vimos nenhum scan; minha entrevista conduzida com Renato Russo em outubro de 1982. O líder da Legião Urbana se transformou no meu guru e padrinho, me abriu as portas da mídia, com ele só tenho sentimentos de gratidão. Minha entrevista em forma de press-release incontáveis vezes replicadas por fã-clubes, firmas de comunicação e páginas no Facebook. (sempre, SEMPRE! Sem citar Do Próprio Bol$o eita sina maldita da omissão cultural)
Agora a 9 de fevereiro de 2015. Mariana Brandão, produtora do Programa Iluminuras - TV Justiça me convidou para um perfil literário. Trinta anos depois, reencontrei o "Eremita", o documentarista e diretor de cena Zé Renato que presenciou o nascimento do rock Brasília na Colina, na UnB. Trocamos memórias interessantes do que aconteceu nos primórdios do rock Brasília. O programa ainda não foi ao ar!
Magu Cartabranca a eminência parda do rock Brasília
https://www.facebook.com/video.php?v=837725382944540&pnref=story
– O vocalista Magu Cartabranca jamais um cantor, é apresentador do programa de tevê à cabo O Libertário, orgulhosamente, ele segue a dinastia dos colunáveis Gilberto Amaral e Bernardete Alves, comparação elogiosa.
São dez anos cravados como a estaca do vampiro que o generoso Magu Cartabranca tenta alavancar a audiência do sítio Do Próprio Bol$o.
Somos conhecidos dos palcos desde o final dos anos 70, quando o quinteto Sepultura urrava seu rock sobrenatural através das caixas de som valvuladas. Magu Cartabranca é o que se pode chamar de Performático, enforcan-do-se no palco, dedilhando seu teclado ou roubando a cena e provocando ciúmes entre os membros das várias formações de suas bandas: “vocês não fazem ideia de como é difícil”.
Já varamos madrugadas lendo poemas na 109 Sul, incontáveis encontros nos palcos da cidade, ele sempre com o microfone procurando uma voz para conspirar com seu tema preferido a liberdade de comunicação. Seu programa O Libertário é a sua imagem. Magu Cartabranca dono de uma prodigiosa memória ainda não se tocou da sua importância na cena do rock Brasília, mas os produtores o amam. Um cara sempre cordato, um entrevistador centrado e artista irreverente.
O ministro Toffoli mandou arquivar o processo que o Original Sepultura movia contra o Sepultura dos Irmãos Cavalera. No processo, a farta documentação da banda de Brasília foi extraviada, fotos da banda com Cássia Eller e registros com todas as formações do Sepultura de Brasília, banda com a trajetória assustadora como todas as grandes bandas de rock pesado. Pouparei os leitores desta trajetória de overdoses e suicídio.
Seria trágico cômico mas nesta ópera surreal, Magu Cartabranca acabou sem nenhum vintém mesmo tendo citado os Irmãos Cavalera em seu domicilio em Curitiba. Espertamente, eles não compareceram evitando que o caso se espalhasse na mídia no caso do nome homônimo, nomes homônimos na cena do rock são fatos comuns, já que nos anos 60 já existia uma banda chamada Iron Maiden.
– Este é Magu Cartabranca vocalista do Sepultura!
O metaleiro instantaneamente dispara, – do Sepultura Cover?
– Não do Sepultura de Brasília. A longa história será outra vez recontada...
Mil novecentos e oitenta e dois, 33 anos atrás
AIDS, a doença do fim do século, é identificada. Em 1982, ocorrem os massacres de Sabra e Chatila, os campos de refugiados palestinos. Argentinos e ingleses fazem guerra pelas Malvinas e os argentinos perdem a batalha. No mesmo ano morre, aos 75 anos, o líder soviético Leonid Brezhne.
Franco Montoro e Leonel Brizola são eleitos governadores de São Paulo e do Rio de Janeiro, respectivamente. Mas do lado carioca se descobre tentativa de fraude nas apurações. E a música perde Elis Regina, encontrada morta após overdose. Enquanto isso, João Havelange é reeleito presidente da Fifa.
Dentro de campo, a seleção brasileira com Falcão, Zico e Sócrates deu show, mas acabou eliminada pela Itália. Com isso, os italianos ficaram com o caminho livre para conquistar o tricampeonato mundial, ao vencerem a Alemanha na final.
16 jan.
Para quem não pôde estar lá, ou para quem quer lembrar, eis o set list com as músicas daquele show: Voices Inside My Head - Message In A Bottle - Every Little Thing She Does Is Magic - Spirits In The Material World - Hungry For You - When The World Is Running Down - The Bed's Too Big Without You - De Do Do Do De Da Da Da - Demolition Man - Shadows In The Rain - Walking On The Moon - Bring On The Night -One World - Invisible Sun - Roxanne - Don't Stand So Close To Me - Can't Stand Losing You/ Be My Girl - So Lonely.
20 fev.
Maharishi Mahesh se encontra com Figueiredo. “Brasília: a cidade da Era da Iluminação”.
Julho
O Barão Vermelho, o do rock carnívoro (matéria na revista Somtrês).
4 jul.
Ozzy Osbourne, do Black Sabbath, casa-se com sua empresária, Sharon Arden.
Agosto
O Barão Vemelho Demencial (matéria na revista Somtrês).
28 nov.
"Não me arrependi. Tudo tem seu tempo, mas acho que curto mais o lado de cá. Não pretendo voltar mas não posso dizer que seja definitivo. Hoje em dia, com os filhos crescidos, trabalho como voluntária para instituições de caridade, aprendo a pintar" Celly Campello a Ligia Sanches em entrevista publicada na Folha de S. Paulo.
Dia de Natal
Brasília-Planaltina. Mané Garrincha disputa sua última partida de futebol, no Estádio Adonir Guimarães. Dezoito dias depois, morria, transformando-se em uma lenda do futebol.
Música
Por volta de 1982, quando nomes como Blitz, Lulu Santos e Gang 90 e Absurdetes já despontavam no Sul, as primeiras bandas já não existiam e nasciam as que vieram a ser conhecidas nacionalmente, Capital Inicial, Plebe Rude, Legião Urbana e Escola de Escândalo.
"Quanto a escrever sobre o movimento progressivo, tudo começou em 1982. Naquela época, tive a oportunidade de comandar o programa radiofônico Sinergia, específico sobre o assunto, que ia ao ar pela extinta Excelsior FM de São Paulo (atual CBN). Com base em inúmeras cartas e vários telefonemas recebidos no programa, percebi que havia carência de informações precisas a respeito do movimento. Tal sensação já havia aparecido antes, em menor escala, quando eu colaborava no programa radiofônico Rock Show, pela extinta Excelsior AM". (Valdir Montanari).
Turnê de despedida oficial do The Who. Lançamento do último LP de estúdio do grupo, "It's Hard".
“Eu acho que as relações com o The Who eram movidas mais pela necessidade do que pelo desejo. Nós não gostaríamos de depender um do outro mas era assim que funcionava.” (Pete Townshend, 1982).
Lanny Gordin ao lado de Aguiar e a Banda Performática, grava um disco.
Sérgio Sampaio lança o LP "Sinceramente", independente.
A "Baratos Afins" lança "Singin' Alone", o segundo álbum solo de Arnaldo Baptista.
Itamar Assumpção e Banda Isca de Polícia lancam o ao vivo "Às Próprias Custas S.A.".
“Em 1982, eu não tinha autodisciplina. Eu precisava de ajuda. A terapia tradicional tinha fracassado comigo, repetidas vezes, durante mais de 15 anos (...) Agora estou na melhor forma emocional, física e financeira. A melhor em muitos anos, talvez a melhor em toda a minha vida. E tenho a carreira solo que desejo há tanto tempo”. Sobre a “parceria”, Brian diz: “Nunca ninguém me perguntou por que compus com Roger Christian, que era publicitário, ou com Mike Love, cujo único crédito era ser meu primo, ou Carl e Dennis, que eram meus irmãos. E, entretanto, muita das minhas melhores coisas foram feitas com essas pessoas. (...) Dizem que o Dr. Landy governa minha vida, mas a verdade é que eu a controlo. Ele é meu parceiro porque essa era uma progressão natural no nosso relacionamento”. (Brian Wilson).
O famoso disco pirata Shout, é resenhado na revista Veja, como uma seção histórica dos Stones/Beatles juntos em Shades of orange onde, “a guitarra de John Lennon e a voz de Mick Jagger travavam um delirante diálogo”, e em Loving sacred loving a bateria de Charlie Watts “apoiava uma vocalização de toda a turma”.
Outubro
Discos-entrevistas em inglês ou em português nunca foram populares no Brasil, talvez pela barreira do idioma. E um fato importante ocorrido a 4 de fevereiro de 68, transformou-se em disco-entrevista brasileiro "The Beatles tudo começou há 20 anos atrás", edição comemorativa com tiragem limitada promocional da EMI-ODEON. Apresenta em minúcia os detalhes da gravação de Across the universe com a participação de Lizzie Bravo e Gayleen, o disco começa com She loves you ao vivo e segue-se depoimentos de John e Paul e a voz de Lizzie narra a sua própria história e pela entonação você capta o desenrolar dos fatos e da aventura, bravo, bravíssimo!
Filmes
2 set.
Câncer. É lançado no Brasil. Filmado em quatro dias de agosto de 1968. Ficção, longa-metragem, 16 mm, preto e branco. Rio de Janeiro/Roma, 1972, 950 metros, 86 minutos. Companhia Produtora: Mapa Filmes (Brasil); Distribuição: Embrafilme; Lançamento: 2/set./1982, São Paulo, Centro Cultural São Paulo; Coprodutores: Gianni Barcelloni, RAI-Radiotelevisione Italiana; Diretor: Glauber Rocha; Diretor de fotografia e câmera: Luis Carlos Saldanha; Som direto: José Antônio Ventura; Sincronização: Paulo Garcia; Montadores: Tineca e Mireta; Laboratório de imagem: Líder Cine Laboratórios.
Elenco: Odette Lara - a mulher; Hugo Carvana - marginal branco; Antônio Pitanga -marginal negro; Eduardo Coutinho - o ativista; Rogério Duarte, Hélio Oiticica, José Medeiros, Luis Carlos Saldanha, Zelito Viana e o pessoal do morro da Mangueira (Rio de Janeiro).
"A Missa do Galo" (Nelson Pereira dos Santos).
Literatura
É lançado "A Balada de John & Yoko". Pelos editores de "Rolling Stone". Edição Círculo do Livro/ Livros Abril).
Abril
O jornal Revolution publica a primeira parte da tradução de Marco Antônio Mallagoli para o livro "All you need is ears" (tudo que você precisa é escutar), escrito pelo quinto beatle George Martin.
Agosto
Lançamento do livro “The Beatles”. Texto de Geoffrey Stokes/Planejamento Visual: Bea Feitler. Círculo do Livro e Editora Melhoramentos.
Setembro
É lançado “John Lennon”, livro de Lúcia Villares. Brasiliense, 134 páginas.
Outubro
É lançado o livro com a peça teatral “Lennon Lives”, de J. C. Souza e Clovis Moreno.
'The Making Of The Madcap Laughs' - Malcon Jones, Edição do Autor, 1982.
Alemanha, no final de 1982, Andy Warhol lança o livro "Andy Warhol das graphische werk 1962-1980", que dá uma geral na sua carreira, e inclui retratos de Mick Jagger, Pelé, Mao-Tsé-Tung, um filme em 3 dimensões e incontáveis loucuras visuais.
8 dezembro
Rogério "Punk" e Pazcheco mostram as línguas numa sátira ao Kiss...
Ismael "Lennon" recria o vestuário e Sidney "Presley" o bom mocismo
John
Enquanto a guitarra, gentilmente... chora
Por Manel Henriques
(...)
“Adolescentes nostálgicos. Um perímetro marcado por Niemeyer e batizado Guará, onde transitam os adeptos de Bob Marley, os companheiros de Lennon, o pessoal do sambão, a garotada do punk em coquetel de receita muito específica, a arco-íris muito adjetivo, intransferível, pessoal. Os filhos, filhotes e netos de Lennon fazem parte dessa coisa toda que é o voador circo de uma guitarra, baião ilum9nado e amplificado. “Eu curti os Beatles desde os 17 anos. Eles eram os Mais Melhores, o Lennon deu o ritmo, era o cara que equilibrava os graves e agudos”, acrescenta Sidney, aliás “McCartney Presley”.
Ismael “Lennon: “Mesmo quem não viveu o tempo de pique dos Beatles, como eu, sente saudade”, faz questão de reforçar. É como uma magia, fantasia que passa de pai pra filho. Pinta um sentimento”.
Essa garotada vale uma matéria. Vale duas, vale três, vale todas. Na QE 34, rolam todas as tranças rastafáris, todas as gingas do sambão, todo o rock dos anos 60. Acontecem, nesse perímetro, todos os alfinetes que machucam, de uma forma talvez dolente, quem sabe ingênua, o status quo.
Aí a gente pega o John Lennon, o Bob Marley, junta na mesma nuvem com o Bob Dylan e o Mick Jagger, e pede para uma lente desfocar um ou outro, só pelo prazer da melhor pose. No Guará seria de amargar qualquer lente normal. Quando o calendário marca 2 anos do assassinato idiota de Lennon, o dono de casa que queria curtir seu filho em paz, e ter somente aquelas briguinhas de família tão naturais, sem intelectualices – essa a impressão geral, tirada das horas e horas de gravação que Davis Scheff conseguiu com John & Yoko para a Playboy, transformada em livro em 1981. Um jeito de comer numa boa o café da manhã, uma maneira de levar adiante, sem demonstrações baseadas no who’s Who de um almanaque, que todo mundo tem uma obrigação básica, que a mulher pode ser a figura ideal para firmar contratos, e que o homem pode ir par ao fogão e sair de lá com um pão que mamãe jamais pensou em realizar no forno do lar.
Jornal de Brasília 8 dez. / 1982
Obituário
19 janeiro
Terça-feira. 11h45 - Elis Regina morre, em São Paulo, por intoxicação exógena aguda. O corpo de Elis é levado para o Teatro Bandeirantes, onde é velado até o dia seguinte. Elis veste a camiseta que não pôde ser usada no show Saudade do Brasil, dois anos antes: a bandeira brasileira, com seu nome no lugar de "Ordem e Progresso". O Teatro Bandeirantes fica cheio durante a noite e a madrugada. Vários artistas no velório: Rita Lee, Roberto de Carvalho, Raul Seixas, Jair Rodrigues, Ronald Golias, Martinha, Lélia Abramo, Ronaldo Bôscoli, Luiz Carlos Mieli, César Mariano, Henfil, Tônia Carrero, Hebe Camargo, Ángela Maria, Fafá de Belém. Gilberto Gil, nos Estados Unidos, manda uma coroa de flores: "Sua voz será de todas as canções, sua alma de todos os corações". A morte é manchete em jornais: "Perdemos nossa melhor cantora" - Jornal da Tarde - SP - 20/1 "Suspeita de suicídio na morte de Elis Regina" -O Estado - SC - 20/1 "Causa da morte de Elis só vai ser confirmada amanhã" - Jornal do Brasil - RJ - 20/1 "Brasil chora morte de Elis" - A Notícia - Joinville - SC - 20/1 "Coração mata Elis" - O Estado do Paraná - 20/1 "Elis" - Folha da Tarde - RS - 20/1 "O Brasil sem Elis Regina" - Folha de S. Paulo - 20/1 Algumas agências de propaganda fazem circular mensagens a respeito de Elis em todos os jornais: 'Choram Marrais e Clarice. . . Chora a nossa pátria mãe gentil. Em busca de um sol maior, Elis Regina embarcou num brilhante trem azul, deixando conosco a eternidade de seu canto pelas coisas e pela gente de nossa terra. E uma imensa saudade." (Age Propaganda - SP) "A verdade não rima, a verdade não rima, a verdade não rima. . ." (Visão Publicidade - PR - tirada da letra da música Onze fitas, de Fátima Guedes.) "Nada será como antes. Elis Regina Carvalho Costa" (Signo Comunicação - RJ).
20 jan.
O Departamento de Trânsito de São Paulo cria um esquema especial para o cortejo, do Teatro Bandeirantes ao cemitério do Morumbi. A pé, de carro ou moto milhares de pessoas acompanham o carro do Corpo de Bombeiros que leva o caixão. Elis é sepultada por volta de uma hora da tarde no túmulo 2199, quadra 7, setor 5 do cemitério do Morumbi. 21 de janeiro: O delegado do 4º Distrito Policial de São Paulo, Geraldo Branco de Camargo, divulga os resultados da autópsia e dos exames toxicológicos realizados em Elis. O laudo número 415/82 do Laboratório de Toxicologia do Instituto Médico-Legal revela "resultado positivo para cocaína e álcool etílico, este na quantidade de um grama e seiscentos miligramas de álcool etílico por litro de sangue; a quantidade de álcool etílico encontrada em nível sangüíneo revelou estar a vítima sob estado de embriaguez, e a presença de cocaína caracterizou o estado tóxico, que em somatória pode responder pelo evento letal".
22 jan.
A TV Cultura e a TV Globo apresentam especiais com Elis Regina. O da TV Cultura é a reapresentação de um programa feito em 1972, onde Elis fala de sua carreira e canta por duas horas. Direção de Fernando Faro. O da Globo é uma colagem das várias fases da carreira de Elis. A Sudwestsunk, emissora de televisão alemã, com sede em Baden Baden, apresenta um especial de quarenta e cinco minutos com teipes de Elis gravados quando ela esteve na Alemanha.
26 jan.
Missas de sétimo dia são rezadas em São Paulo, Rio de Janeiro e em várias cidades do Brasil. Em São Paulo, a missa é às dezoito horas na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Na igreja, mais de mil pessoas. entre elas Rita Lee, César Mariano, Samuel MacDowell, Walter Silva, Teotônio Vilela, Audálio Dantas, Lula, Cauby Peixoto, Hebe Camargo, Henfil, Renato Consorte, Lélia Abramo. Os textos litúrgicos são lidos por Rita Lee e Rogério, irmão de Elis. No Rio a missa é celebrada na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, com as presenças de Gal Costa, Nana Caymmi, Fafá de Belém, Zezé Motta, Betty Faria, Herminio Belio de Carvalho, entre outros. 29 de janeiro: Divulgado o resultado dos exames realizados pelo Laboratório de Toxicologia do Instituto Médico-Legal, que determinam a quantidade de cocaína que teria sido ingerida por Elis antes de morrer: Exame complementar n.0 00415 Exame toxicológico Resultado: A análise quantitativa de cocaína efetuada em fígado e urina forneceram os seguintes resultados: Urina: 23 mg/100 ml (23 miligramas de cocaína por 100 mililitros de urina). Fígado: 2,4 mg/l00 g de tecido (2,4 miligramas de cocaína por cem gramas de fígado). Observações: As dosagens acima foram efetuadas em cromatografia liquidogás, utilizando-se padrão de cocaína extrapura cristalizada de procedência alemã (Merck)". O laudo é assinado por Maria E. M. da Costa Amaral, Vera Elisa Reihardt, Maria Isahel Garcia e Evilin Mansur.
30 jan.
No show Festa do interior no Maracanãzinho, RJ, Gal Costa dedica a música Força estranha, de Caetano Veloso, a Elis, "uma estrela que luz eternamente". Essa homenagem seria repetida durante toda a temporada do show pelo país.
7 fev.
Mais uma homenagem, e monumental. No estádio do Morumbi, SP, cem mil pessoas assistem ao show Canta Brasil, As atrações: Simone, Fagner, Toquinho, Chinco Buarque, Milton Nascimento, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Gonzaguinha, Elba Ramalho, Paulinho da Viola, Djavan, Nara Leão, Clara Nunes e João Bosco. Sobe um enorme painel com o rosto de Elis, e todos artistas, público, cem mil vozes - cantam O bêbado e a equilibrista, de João Bosco e Aldir Blanc. 16 de fevereiro: O promotor Pedro Franco de Campos, da 1 a Vara Auxiliar do Júri, requer o arquivamento do inquérito sobre a morte de Elis ao juiz Antônio Filiardi Luiz, alegando "não haver crime a punir. Não houve o delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, mesmo porque não se pode falar com segurança em suicídio".
23 fev.
O juiz Antônio Filiardi Luiz manda arquivar o inquérito instaurado para apurar a morte de Elis.
24 abr.
Sérgio Buarque de Holanda, historiador, morre.
10 jun.
Rainer Werner Fassbinder (31 mai. / 1945), diretor do Novo Cinema Alemão, morre aos 36 anos.
Depois de responder a um processo por consumo de cocaína, em 10 de junho de 1982, em pleno verão no quarto do seu apartamento, Fassbinder é inesperadamente encontrado morto, aos 37 anos e 43 filmes, é vitimado de uma overdose provocada pela mistura de álcool com cocaína e barbiturícos, partiu sem ver a estréia de seus últimos filmes. "Kamikaze" onde trabalhou como ator e "Querelle" que dirigiu, Fassbinder sonhava em ganhar os três mais importantes festivais de cinema do mundo - Berlim - Cannes e Veneza - e o Oscar de melhor diretor, tudo no mesmo ano em que seria capa da revista "Time", só um atrapalho no trabalho, RWF não contava com o precoce fim que seus amigos mais próximos já previam.
Gala (Éluard, 1894-1982), esposa, musa e empresária de Salavador Dalí ao longo da vida.
Henry Fonda, ator (1905-1982).
Lester Bangs, santo beat. Morreu em 1982, aos 33, idade de Cristo. Não foi crucificado, mas certamente alçado à cruz do jornalismo, no subgênero gonzo, de qualidade extremamente contestada, ainda que tenha saído do ventre do new journalism (Tom Wolfe, Gay Talese, Truman Capote). A exemplo de Hunter S. Thompson, escreveu motivado por substâncias psicotrópicas, em fluxo vertiginoso, e pôs-se, muitas vezes, à frente do próprio objeto do texto — e quem não está, prisioneiro de sua própria subjetividade, em posição soberana ao alvo da análise?