Cássia Rejane: A Redescoberta de Cássia Eller no Palco (2024)
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Teatro
Foto de Marizan Fontinele
Cássia Rejane – Muito mais que Eller
26/27 de outubro
Complexo Cultural Samambaia
Quadra 301, Conjunto 05, Lote 01, Samambaia-DF
Ao final da apresentação, senti uma satisfação profunda. Cássia Eller havia sido resgatada e revelada, exposta desde suas origens até os fios complexos que entrelaçavam sua vida. A peça, intitulada Cássia Rejane: Muito Mais que Eller, mergulha intensamente no período em que a cantora esteve em plena ação, evitando excessos e focando em uma narrativa honesta e direta. A premissa "já nasceu artista" resume bem a essência da montagem, sem exageros.
Ontem, uma segunda-feira, apenas um dia após a última exibição da peça no fim de semana, li o comentário de uma fã buscando imagens de um show de Cássia em 1988 no Bar “Bom Demais”. Não se sabe se esse momento foi registrado. Coincidentemente, o canal Curta Brasil exibiu imagens da cantora. Fico pensando que essa fã poderia ter se juntado a nós no teatro em Samambaia, presenciando a peça em que a mãe de Cássia partilha seu testemunho íntimo. A cena inicial, uma conversa entre dona Nancy Eller e o teatrólogo Eliéser Lucena, dá o tom de uma narrativa pessoal e envolvente.
A peça é uma jornada intensa e comovente pela trajetória de Cássia desde seu nascimento até o auge, próximo ao trágico fim. Revivemos sua infância, marcada pela febre reumática aos quatro anos; os anos escolares, com a inquietude que a definia; e a constante migração da família pelos cantos do Brasil, acompanhando o pai militar e a mãe enfermeira. Uma família grande, com quatro irmãos, sempre em movimento.
No palco, oito personagens dão vida à história: quatro mulheres (a narradora, a atriz que encarna Cássia em diferentes fases, uma cantora e uma pianista) e quatro homens (baixista, percussionista, baterista e guitarrista). A narração exclusivamente feminina traz uma conexão especial com o universo de Cássia, refletindo temas como liberdade, identidade, resistência e expressão artística. A peça oferece uma visão íntima e reveladora de suas muitas facetas e do legado que deixou.
Não me vejo como crítico teatral ou musical, mas posso testemunhar a integridade e o impacto dessa montagem em um mundo saturado por audiobooks, Netflix e mostras imersivas que buscam, muitas vezes, apenas uma imitação da realidade. Cássia Rejane: Muito Mais que Eller resgata a urgência de viver intensamente e nos lembra de que nossos ídolos tiveram uma história antes da fama. Fomos levados aos sacrifícios, escolhas e lutas que transformaram Cássia Eller na voz de nossa geração. Ela continua viva em nós, não como uma nostalgia distante, mas como um espírito de força e generosidade que ecoa em nossas vidas. (mário pazcheco)
Foto de Marizan Fontinele
Quando o diretor Eliéser Lucena nos fez o convite, adiantou que Cássia Rejane: Muito Mais que Eller seria uma peça sobre Cássia Eller, mas sem incluir suas canções. Em vez disso, a trilha sonora seria composta por 11 músicas autorais, das quais metade foram escritas por ele. Isso despertou nossa curiosidade, e passamos a imaginar o que estava por vir.
A peça foge do formato tradicional e dos esquetes convencionais sobre figuras míticas da nossa cultura, optando por uma abordagem intensa e despojada, onde o talento do elenco brilha pelo trabalho genuíno e dedicado. Com os atores totalmente imersos em seus papéis, a expectativa é que a peça receba o reconhecimento merecido. A apresentação terá uma nova oportunidade próxima ao dia 10 de dezembro, celebrando o aniversário da cantora homenageada.